30/05/2015

E quando foges a um estereotipo e acabas por preenchê-lo?

Todos nós sofremos da detenção de preconceitos. Não fujamos, nem com os rabos às seringas — tarefa totalmente inútil, sei-o desde os meus tempos de idas ao pediatra, que mo seringava à bruta —, nem à implacável espada da verdade (ou da justiça, ou lá o que é), que é a que vem sempre à tona, como os afogados — porém, nem sempre vem podre —, e também se encontra no fundo de uma garrafa, como diz o povo, que é quem mais ordenha, e, acrescento eu, na boca de uma criança. 
Podemos ser as pessoas mais abertas, tipo aqueles frangos que vão para as brasas, em relação a outras raças e credos e ai jesuses, mas temos sempre umas merdinhas que, sem sabermos muito bem como nem porquê, nos atormentam os espiritinhos, nos incomodam as vistas pouco largas e nos fazem sentir altinhos de tão pequenininhos que ficamos.

Eu é com cabelos molhados na rua.
Tenho o preconceito de ver mulheres — só mulheres. Eh, tché, eu já explico, caluda —, especialmente se tiverem cabelos compridos, de cabelos molhados na rua. 
Dá-me-lhes ares de badalhoca, não sei explicar isto assim melhor.
Aquela cena de 
Acabei de me lavar.
Tenho poliban (pulivan, em algumas localidades) em casa, sou mesmo sensual. E também tenho bidé.
Ainda não me cortaram a água.
Não uso secador, sou tão irreverente.
Lavei-me agora, môr.
Ai, sí, cariño...
E assim.
OK, sou doente, mas também há gajos que não gostam de amarelo e ninguém os chateia. Eu sou assim com cabelos molhados na rua, em sendo de gaja. De qualquer maneira, é difícil que aconteça o mesmo com os deles, uma vez que secam ainda no elevador, e já não atingem a rua naquele preparo. 

Hoje tinha o cabelo sujo e queria lavá-lo no ginásio, mas não levei champô. Esperei por chegar a casa, mas a água do prédio estava cortada, devido a uma obra no meu andar, mais concretamente na minha casa. 
Quando a água voltou, lavei o cabelo e deu-me uma súbita vontade de tomar café. 
Mas tinha que ir à rua, já que se acabara o pó (por acaso, são cápsulas, mas dá este ar de agarrada, bastante selvagem, falar em pó). E tudo — o que inclui a indumentária de hoje: calças de ganga, top sem alças, lencinho animal print e sandalete salto vertiginoso, que só a mim não me dá vertigens, mas suscita a tonteria alheira — se conjugou para que eu atingisse, em cheio, o meu bairro, tal e qual aquilo a que eu chamo, carinhosamente, uma mulher de Chelas

Fui à bica de cabelo molhado. Nem sei como resisti a entalar um porta-moedas na axila. E a arranjar duas amigas que me acompanhassem, Lina e Priscila.
Para atingir o pleno, falta-me só uma ida ao shopping, Primark adentro. O que ainda não está fora de questão.
Hoje estou tão Zona J.

6 comentários:

  1. Aposto que o machedo achou graça! :)

    Beijinhos, LP. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito em particular os do café propriamente dito, que já não têm em grande conta a medição dos meus alqueires, desde o dia do bobó :)

      Beijinhos, Maria Eu.

      Eliminar
  2. ainda te raptavam mulher!
    Beijos LP

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E devolviam-me no próprio dia, caso tivessem o azar de me apanhar num daqueles (destes!) dias em que falo e escrevo a uma velocidade que nem eu aguento!
      Beijos, Imp :)

      Eliminar
  3. Cara Linda,
    Não sei se tenho o preconceito. Nunca pensei nisso. Apenas não gosto de ver.
    Um beijo,
    Outro Ente.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Outro Ente,
      Eu chamo preconceito a uma imagem ou comportamento que vejo, me desagrada e, instintivamente, me põe a colocar um rótulo na outra pessoa. Se calhar, nem é. Faço-me pior do que sou.
      :)
      Um beijo,
      LP.

      Eliminar