12/05/2015

Quanto melhor falas, pior te entendem

Mais valia partir para a pedrada, à mulher das cavernas. Há um tipo que aprecia, e é só o que entende.

A criança encomendou uns ténis, de cujo transporte se encarrega a UPS. 
Informação online do estado da encomenda hoje: Dubai.
10:32 - sms para o telemóvel da rapariga, com a seguinte mensagem: ups, [nome dela], tem uma encomenda a chegar. 

11:30 - Telefonema para mim, do entregador, cujo nome guardei com carinho:

- Estou? Daqui fala da UPS, sou o [nome do entregador, cujo nome guardei com carinho].
- Bom dia.
- Já tentei fazer a entrega, já liguei para a [nome dela], e ninguém me recebeu à porta, nem ela me atendeu. Só consegui falar com ela agora. 
- Sim, tem razão. Eu não estava em casa, e ela está nas aulas, não podia atender o telefone.
- Não acho isto normal.
- Eu também não. Conforme decerto compreenderá, o senhor tem a sua vida, eu tenho a minha, e a [nome dela] tem a dela. Está nas aulas, não atende o telemóvel. Eu não estou em casa, não estou sequer avisada que a UPS vai proceder a uma entrega, logo, não posso adivinhar. Sobretudo, não acho normal que o senhor teça comentários dessa ordem, partindo do pressuposto que existiu alguma má vontade ou segunda intenção da minha parte ou da parte da [nome dela]. E, ainda menos normal, é eu ter que estar a dar-lhe explicações acerca da minha vida, quando a falha é vossa. Se quiser fazer-me o favor de dar meia volta e vir entregar-me a encomenda agora, muito bem. Caso contrário, entenda-se com a sua empresa, que é para isso que lhe pagam, que eu, pela minha parte, farei o mesmo, uma vez que também paguei o transporte, ou seja, parte do seu ordenado.

Gastei saliva. O sacana ligou à miúda e disse-lhe que eu era malcriada. 
Malcriada é a maior ofensa que me podem dirigir.
Lá terei que me tirar dos meus cuidados e aborrecer-me para a UPS.

É verdade, o desemprego, que chatice. Ponho o pensamento em todos os desempregados que conheço, e em todos os que já tiveram que emigrar por não terem lugar aqui assim.

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