25/05/2015

Aujourd'hui je suis jolie

A história começa porque hoje vesti um vestido branco.
Tenho uma colecção interminável de vestidos pretos de Inverno e outra idêntica de vestidos brancos de Verão. Nunca tive nada contra uniformes. Agora vinha para aqui dizer que fui educada num colégio que impunha o uniforme e ai-ai-ai, que trauma tenho com isso, mas é que não. Não mesmo, não impunha. A seguir, chamavam-me tia cagona, e eu lá cagona até admito — que isso só quem o tem preso é que não é, o que origina maus fígados por mau intestino —, mas tia só mesmo dos meus sobrinhos e olhe lá: cinco rapazes e nenhuma menina, que mal distribuído.
Antes de me ser mais qualquer coisa, a minha Preta é minha amiga, e eu dela. É ela quem me apalpa toda, desde os dedinhos dos pés até ao cachaço. No entanto, eu pago-lhe. Drenagem linfática é com ela e mais nenhuma. Eu sou muito criteriosa com quem me mete a mão nas chichas (manias de velhos).
Para além disso, tem um filho deliciosamente castanho, de chocolate — tenho a certeza disto, porque a quantidade de beijos que aquela criança já levou é suficiente para eu saber que me souberam a chocolate —, a quem ofereci os primeiros pares de cuecas que usou na vida, e, também por isso, passou a ser, para mim e para sempre, Capitão Cuecas. Agora já conta a provecta idade de quatro anos, mas continua a receber-me, ao cimo das escadas, de t-shirt e cuecas, e também de braços abertos, obrigando-me a subir o último lance de dez degraus daquele quarto andar, em passo de corrida, Meu Capitão Cuecas, minhas saudades, quero beijos e abraços só para mim.
E assim vai a nossa relação. 
Hoje ofereci-lhes boleia, porque ela preparava-se para se meter num táxi e fazer uma deslocação de quinze quilómetros, com o meu Capitão ao colo, o que me pareceu inadmissível. Tendo em conta que onze dos quinze me ficavam em caminho, não fiz nenhuma extravagância. 
Desci à frente com o meu Capitão pela mão, enquanto ela ficou a acabar de arrumar umas coisas, e alcançámos o passeio a parecer dois namorados, de mão dada. 
E eu senti, claramente, que morri de vaidade. 
Nem a Angelina Jolie alguma vez esteve tão jolie, com um menino tão bonito pela mão, a rebentar de um sol intenso, mesmo que tenha vestido um vestido branco.
Ele foi calado todo o percurso, só a ouvir as minhas tagarelices com a mãe. À chegada, olhei para trás, vi-lhe o sorriso de leite, mil dentinhos, os olhos negros, tão claros, pregados nos meus, tão escuros, e asfixiou-mos, balbuciantes,
Olhos lindos...
Os teus —, diz-me o pilantrinha, pelo que, e em consequência, hoje vou passar assim o dia, très jolie, já que, naquele momento, também morri de felicidade.

6 comentários:

  1. Então mas tirando hoje não é todos os dias? :P
    Un bisou! :)

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    1. Hoje sou mais, estou quida... :P
      Gros bisous, chérie! :)

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  2. És tão bonita... e nunca te vi! Quem escreve assim sobre os outos só pode ser.

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    1. É tão fácil ser assim... estou rodeada de gente bonita :)
      (Tu também contas, Be)

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  3. És linda, LP, verdadeiramente linda. E esse chocolatinho soa a fofinho :)

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    1. Não imaginas, Pandy, os olhos são pretos-pretos, e ele todo castanhinho, como um chocolatinho cheio de pepitas :)

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