Acordei a ferros, estava lá tão bem, icei-me de grua, arrastei-me a penas das mais duras e submergi-me em Pilates, imediatamente após angustiada constatação de que o café acabara.
André Pilateiro tem vindo a melhorar com o tempo, assim como o vinho do Porto e eu.
Passou ali uma fase lumbersexual, com mais barba do que cabelo — que também não lhe falta —, mas felizmente há luar, e há mulheres no mundo, e alguma lhe há-de ter dito, com melhores ou piores modos, Corta-me essa barba, pá!, que ele lá lhe fez, de entre outras talvez, essa vontade.
Desconheço, com sinceridade, o que é que fui fazer hoje para o ginásio, a não ser que me movesse a ideia subconsciente de encostar o lombo por enquanto não sovado por algum subcomissário desta vida, num colchonete daqueles, esses sim suados e batidos, que só a um corpo exausto como o meu podem apetecer, já que a cabeça desistiu, por escassas vinte e quatro horas, de tecer bordados de raciocínios válidos.
Ando assim, a precisar de dormir por anos seguidos, desde que tomei as três colheradas bem aviadas de anti-histamínico e a garrafa de Cartuxa, embora não o tenha feito no mesmo momento. Exaurida, é o meu middle name do momento.
Pilateiro apareceu de boneca ao colo e isso fez-me imediatamente considerar, mais uma vez, a possibilidade de raptar uma criança — que, convenhamos, nem sequer cumpriria os requisitos do crime de rapto, uma vez que não haveria lugar ao pedido de resgate, quanto mais à devolução da raptada. Pronto, um criminho de subtracção de menor e não se fala mais nisso.
Justificou-se ele que ela havia dado uma péssima noite lá em casa e, como entendeu que a mãe precisava de descansar, levou-a com ele para a labuta.
Perfeito.
Homens, aprendam: podem ter os abbs mais definidos do mundo (quando, na verdade, nós não estamos minimamente interessadas em lavar cuecas à mão nesse tanquinho), podem ter a maior cara de anjo (mesmo que devasso), podem ser o cavalheiro mais requintado de todos os nossos castelos de areia, podem ter uma voz que nos põe as borboletas a provocar o caos desde a Austrália, que nada bate a imagem de um papá com uma menina de um ano ao colo, sobretudo e muito em particular se ela deu uma má noite, vai de babygrow e chucha na boca, e ele todo despenteado e sorridente de sol.
Era assim: eu ia para me encostar ao colchão, ora levanta um braço, ora as duas pernas, ora respira fundo, ora, em calhando, fecha os olhos e dá uma de Bela Adormecida, que se ôda.
Foi assim: levanta um braço [acho que agora é uma boa altura para a roubar], levanta as duas pernas [ai, que fofa, vou-me agarrar a ela e enchê-la de beijos], respira fundo [tão querida, está a adormecer, ai... e eu... queria... tanto... levá-la... para... casa... mesmo... a... dar... más... noites...].
Nem me quero lembrar do que significa para o corpo e para a cabeça uma noite totalmente em claro, por conta da gritaria de um bebé.
Ainda bem que não a roubei. Teria que a devolver ainda hoje.
Para a semana vou certificar-me se o 'meu' André Pilateiro (desculpa o plágio, mas como ficou bem..) cortou a barba, é que em tudo corresponde... :)
ResponderEliminar(Olhos muito azuis, para aí trinta e tais, voz rouca, montes de atencioso, corrigindo qualquer má postura... Confere?)
:)
Eliminar(Não sei se são azuis, sei que são lindíssimos. Aliás, todo ele. Vê lá se confere)
Tal e qual, é ele. ;)
EliminarSabes, aqui há tempos, quando comecei a ler o teu blogue, fui lá atrás no tempo, ler posts antigos, como costumo fazer sempre que algum blogue me agrada. Descobri um onde falavas de um tal David e como tinhas posto link, cliquei e dei com o David, o 'meu' David. Nunca comentei nesse teu post, em parte expliquei no meu blogue (podes ler copiando: http://eutenhomaisumblogue.blogspot.pt/2015/02/dias-de-um-ginasio_12.html) mas hoje não resisti. ;)
Não é um granda pão? :)
EliminarE aquela maniazinha de mostrar o happy trail no final da aula, quando se espreguiça?
A ideia não é descontrair? :D
Caramba, Gina, andamos a fazer o mesmo percurso :)
O David é o maior mestre de localizada, stretch e dança que eu algum dia conheci. Top, ensinou-me tudo o que sei.
O David é o melhor professor que conheci até hoje. Sem desmérito para o André, claro.
EliminarNão têm nada a ver um com o outro. O David é bailarino, elástico, ensina stretch e movimento. O André é mesmo o método Pilates levado ao rigor (mais para preguiçosos e idosos, convenhamos :)).
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