Está a corroer-me a cabeça este céu tão azul e a minha desarrumação.
No pino do stress, comprei hoje o vestido mais bonito que tenho neste momento. Sinto tanto amor por ele que estou capaz de chorar um bocadinho. Há também um misto de paixão, uma coisa quase carnal, que me vai comprometer a noite que vem, a passos largos — a noite tem destas ironias, usa aquela passada enorme quando menos precisamos que ela chegue —, só pela ânsia de que chegue o amanhã, que me permita estreá-lo de novo (não novamente, pois nada se estreia de novo nesta vida. Estreá-lo de novo, mesmo. É uma redundância e eu posso, porque ando a arredondar, que eu sinto).
Enquanto constato, com um misto de angústia e indiferença, que não vou cumprir um prazo, agarro-me ao princípio da espiritualidade, sofre e abstém-te, apanágio dos estóicos, como uma tablete inteira de chocolate, cujos quadradinhos me derretem na mão antes de chegarem à boca, já mousse, e, simultaneamente, ma ocupam, impedindo-a de se mover teclado afora, inviabilizando ainda mais o meu cumprimento — boa tarde, mal, muito obrigada —, e sonho com uma cápsula.
Isso é que era: uma cápsula, como as dos comprimidos, que se tragam de uma só vez, e eu lá dentro, o computador, o monitor, o rato, o bendito teclado, cheio de mousse, ar condicionado, e nenhuma janela com vista sobre a cidade ou o mar, que eu só deveria ver outra vez quando me tornasse uma pessoa cumpridora, como as outras.
Depois peidas-te dentro da cápsula e foges para onde??
ResponderEliminarVai por mim. Uma janela, dá sempre jeito!
Mas quantas vezes é que eu tenho que te dizer que sou uma senhora e não faço essas coisas? :P
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