Por acaso, fui a uma aula de zumba. Eu queria saber como era, mas tinha medo. Já me tinha dado mal com experiências malucas, no body pump (corpo bomba, em americano) e na bunda (a tradução livre, do americano, é peida). Em ambas havia morrido, destruído um fim-de-semana inteiro e comprometido qualquer possibilidade de regresso, já não digo às aulas, mas mesmo a uma vida normal, em que sentar-me na sanita ou comer sem ser por uma palhinha não fossem tarefas escruciantemente dolorosas. Já a achar que a zumba era uma expressão onomatopeica, tipo pumba, bumba, e outras consoantes seguidas de umba, fui, mas fui sorridente, para a stôra ter pena de mim e não me obrigar a exercícios que não fossem próprios para a minha idade.
Quando entrei na sala, apercebi-me que metade de nós éramos africanas, e pairava no ar um aroma de gafieira, porque algumas de nós — eu insisto no pronome — íamos já muito suadas. Mas foi bom, para dar ambiência, e haver algum foco na coisa.
Levei comigo a minha Preta mais querida, a quem ainda não dei aqui os parabéns e já fez anos há que semanas. Mas é que eu estava em greve nesse dia, e não deu. Ela sentiu-se em casa, porque se considera pertença de uma raça diferente da minha, desde o dia em que nasceu, o médico comentou "Mas esta é tão escura!?", e eu respondi "Senhor doutor, esta é filha do preto". Nunca subestimais a memória de um recém-nascido, escutai o que vos recomenda a voz da madre de todas as coisas.
A primeira coreografia foi ao som de Albatroz, e isso assustou-me ligeiramente, até pelo nome da criatura que entoa essa melodia. Fiz um juízo precipitado, eu sei, mas pareceu-me que dali não podia vir nada de bom, a começar assim.
Mas não. As outras zumbas, eu não sei, mas a zumba que me calhou a mim foi uma aula de danças latino-americanas, com um pouco de tudo, tipo slada, como diria o povo: mambo, samba, rumba (lá está), salsa, merengue, cha-cha-cha, e uma coisa que eu ouvi em flamenco, mas a monitora gritava cha-cha-cha nos passos de marcação.
Eu gostei. Lembrou-me levemente as minhas aulas de dança. Só faltou um bocado de kuduro para lembrar ainda mais. Aí é que as africanas nos passávamos todas.
Foi zumba na caneca, mas não foi de partir o caneco, se é que me entendem.
Entretanto, continuo, há cerca de dez semanas, ou quiçá nove e meia, a baldar-me olimpicamente — literalmente — a Pilates. André Pilateiro ainda não me sentiu a falta, ou então anda a fazer-se difícil. E eu com preguiça de me ir para lá espreguiçar.
Eu cá não levo jeito para a dança!
ResponderEliminarIsabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Eu gosto tanto. O meu único problema são as coreografias: quando aprendo uma bem sabida, o monitor muda-a.
EliminarUma vez fui fazer uma de body jam, nem sei descrever o q era aquilo...a minha figura...q vergonha
ResponderEliminarO truque é ir no início do mês, em que mudam as coreografias. Está tudo mais ou menos sem saber fazê-las, e não nos destacamos tanto pela ignorância...
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