08/02/2016

Joy — haja alegria, haja...

Fui ver um filme. Como sempre, fui ao engano. Convenço-me de uma coisa, e depois torna-se muito difícil, o momento em que descubro que, afinal, aquilo não é o que parece.
No entanto, gostei. Não percebi partes, mas gostei.
O título enganou-me. Péssima para nomes e para tudo o que seja decorar pormenores de somenos, andei a anunciar aos ventos que ia ver um filme chamado "Happy". Também, pode ter sido por esse lado que me escapou a essência da questão. Afinal, era "Joy". Confundi felicidade com alegria, sou tão poliglota. Quando percebi isso, não perdi a fé na Humanidade, nem em mim, e preparei-me para ver um filme sobre a alegria. Tipo uma comédia romântica, ou assim. Ia ver Jennifer Larence e Bradley Cooper, aos quais acrescia el monstro sagrado Robert De Niro, portanto, estava bem entregue, e não à bicharada. 
Preparei-me tão bem para a sessão, que cheguei com uma hora de avanço, porque, lá está: também não sou boa para decorar horários. Assim, vi-me na contingência de me enfiar dentro de um balde tamanho médio de pipocas, porque esperar faz-me ficar ansiosa, nem sei como é que me aguentei nove meses dentro da barriga da minha mãe. E como é que aguentei nove vezes quatro.
Quando percebi que Joy era o nome da protagonista, fiquei chateada, mas não me levantei dali. As pipocas e as pálpebras já me pesavam, que eu também não sou boa a ir ao cinema à noite.
Mas aguentei-me. 
Não percebi como é que uma pessoa tem uma ideia brilhante em cima de um acidente totalmente estúpido — a sério que alguém, algum dia, pegou numa esfregona para limpar estilhaços de vidros e vinho tinto, e depois torceu a esfregona com as mãos? Eu, quando tenho um acidente estúpido, a coisa mais inteligente que me ocorre é 112, nem que seja um paper cut.
Também não percebi por que é que, na América de 1990, ainda ninguém sabia que é possível desatarrachar a esfregona do cabo e metê-la na máquina.
Não percebi, igualmente, como é que, na América de 1990, ninguém usava o balde da esfregona, esse ícone da espremedura da água pejada de bactérias.
Não percebi ainda como é que a Joy — que não faz nenhuma justiça ao nome, passa 90 % do tempo chateada-angustiada-triste-zangada-aluada — dá a volta à questão da patente.
E não percebi por que é que passei duas horas e 4 minutos a ver um filme cuja personagem principal é, na realidade, A Esfregona. 
Porém, faça-se justiça: Jennifer Lawrence, sempre ok. Meio esgazeada, mas isso é dela. Um dia cresce e pára de achar piada a tropeçar nas escadas e cenas. O Bradley, giro e ponto, embora neste filme pudesse estar outro qualquer no papel dele. Quanto a Don De Niro, mesmo num papelote, continuo a ser fãfãfã. Quem tem um sogro daqueles (refiro-me ao genro dele), tem tudo.
Fui muito spoiler?
Olha, não tivessem lido. Também não sou muito boa para disclaimers.


8 comentários:

  1. Epa eu tenho uma relação de amor-ódio com a Jennifer porque se gosto da maneira dela representar também me chateia que a representação dela é sempre, sempre igual.
    Mas olha, um "joyfull" day para ti xD aprende comigo e deixa mas é de ir ao cinema. É dinheiro que poupas.

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    1. Há actores que acabam por penar por essa falta de versatilidade. Mas é mais tarde, a JL ainda vai a tempo de mudar um bocadinho a agulha. Mas sim, estou sempre a vê-la suada nos Hunger Games, ou meio irascível no "Guia para um final feliz", ou só chateada no "Golpada Americana" (onde nem sequer sobressaiu). Começa a ser chata, mesmo. E sempre com o Bradley à perna, alguém anda a chipar aqueles dois, ou quê?
      Tu também, goza para aí o Carnaval com o abade, que a vida é muito curta :D

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  2. Alegria senti eu a ler a sua sinopse :)
    Não me apanham lá para ver esfregonas!

    Um beijinho, querida Blue

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    1. Ainda por cima, chamam-lhes mop o tempo todo, quando todos sabemos que "mopa" é outra coisa :)

      Um beijinho, minha querida Miss Smile

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  3. Anónimo9/2/16

    Spoiler? Disclaimers?
    Desculpa, estou no sítio errado ;)

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    1. Estava muito estrangeira, quando escrevi aquela bela peça :D

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  4. Filmezinho de Domingo à tarde. Não me arrancava de casa não fosse chegar à bilheteira e a sala onde passava outro estar esgotada.

    Beijos, mamã Linda :)

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    1. A mim arrancou-me à noite. Tenho quase a certeza que o vi todo, mas não posso garantir a 100 %...

      Beijos, Marymom :)

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