Só não aparei o meu cabelo em casa, desta vez. Na verdade, fui acertá-lo, porque o tinha deixado desencontrado, da última vez que lhe meti a tesoura. Devia reservar essa tarefa sempre, e sem excepção, para a cabeleireira. Mas, ao invés, também pinto o meu cabelo em casa. Por isso, às vezes anda manchado, mais escuro nuns lados do que nos outros.
Também sou eu quem arranja e pinta as próprias (vinte) unhas. Devia deixar isso para a mani e a pedicure.
E sou eu quem trata da própria depilação.
Não entrego nada disto a ninguém. Qualquer dia, faço auto-massagem, auto-medicação e lavagem auto. E ainda fabrico os meus sapatos e tricoto as minhas vestes.
Hoje levantei-me da cama e tentei arranjar o meu computador. Fiz tudo como o C. N. Gil receitou (obrigada, irmão, mais uma vez), mas o sacana do animal continuou cheio de tanatose. Refiro-me, evidentemente, ao computa. Só não lhe dei a extrema unção, configurada num golpe de kickboxing, porque já estava auto-escalada para ir desentupir o lava-loiça, que escoava o equivalente a um copo de água em cerca de cinco minutos.
Desmontei aquela coisa toda, puxei a trampa que lá estava dentro — e juro que não dei uma de menina, nem um niquinho de regurgitação — e perdi as forças porque, afinal, sempre sou uma menina. Tomei um café e voltei a montar o puzzle tubos + roscas + anilhas de borracha. Entretanto, porque os tubos ainda deviam ter vestígios de soda cáustica lá dentro, deve ter-me saltado um grão da soda para a cara, que senti mesmo um fósforo aceso na bochecha, até me pareceu ouvir aquele grande maluco do Frollo a cantar é o fogo do inferno na minha carne a arder, e gritei mentalmente soda-se!, porque eu sou uma senhora. O grandessíssimo FDP do lava-loiça ficou muito mais bonito, mas continua entupido, pelo que há que chamar o técnico.
Amanhã vou inscrever-me numa clínica de depilação a laser e já só de lá saio quando as minhas pernas parecerem um cu de menino (mas limpinho).
Fartei-me de ser auto.
Sem comentários:
Enviar um comentário