25/02/2016

Negra é a raiva

Saí do carro só, mesmo só, no parque de estacionamento, também ele deserto, apinhado de carros, mas o dia era claro. Carregava comigo a possibilidade, que se tornou diária, de o reencontrar, a ele, com a mão cheia de uma ameaça de pedra colhida do chão. Vi-o ao longe e logo desapareceu do horizonte. Devia ter sentido medo, porque até à distância vi o corpo enorme e esguio balançando uma morna que seria lá das terras dele, não fora a dele ficar mais a sul e ele não estar a fazer dança nenhuma, a não ser a involuntária da embriaguez. Peguei nas moedas, pequenas e poucas, e segui na direcção dele. Calças novas e pretas, casaco novo, bege, boa imitação de camelo, a mão — vazia — estendida ao encontro da minha — sem pedra —, negros eram os olhos dele e os meus quando se encontraram num segundo de raiva, 
Deixo-te extorquir-me este dinheiro para que não me apedrejes, 
Dá-me o dinheiro que me deves por eu permitir que aqui te atravesses sem te fazer mal, 
nem uma palavra, nem um bom dia, que o dia era escuro. 

6 comentários:

  1. http://duvidascor-de-rosa.blogs.sapo.pt/ambrosio-apetecia-te-algo-595747

    (pareço aqueles maluquinhos, a deixar links por todo o lado)

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    1. (pareces)

      Eu, parecendo que não, estou dentro, porque já tinha visto.
      Mas estou fora, porque não percebi tudo. Vou-te amandar um mail.

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  2. Respostas
    1. Desde que não tragam pedras na mão, por mim está tudo bem.

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    2. Credo mulher, isso é demasiado agressivo. Pedras?!

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  3. Não exagero nada, te garanto! :)

    http://lindaporcaoucheirodeestrume.blogspot.pt/2016/02/pedradas.html

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