Almoço com a bicomadre. Desta vez, levamos os afilhados e, por isso, não visto o meu vestido mais feio. Alindo-me para ele, vamos entrar juntos no restaurante e eu quero porque preciso que ele goste de mim como eu gosto dele. Vou buscá-lo à escola com mais duas ou três borbulhas novas, que não lhe retiram em nada a luz que lhe cintila olhos afora, ou reflectida dos meus nos dele. Pergunta-me se temos mesmo que passar em frente ao portão, e noto-lhe aquela apreensão que também já senti um dia. Que sim, que é esse o caminho lógico, a não ser que faça uma marcha-atrás indesculpável ou uma inversão da marcha num recanto apertado. De comum acordo, seguimos e passamos pelo portão, hora de saída, centenas de filhos parecidos com o meu — mas nenhum igual.
Assalta-me a inquietude típica dos grandes amores, em que tudo são dúvidas e fragilidades.
- Por que é que não querias passar em frente do portão, ao meu lado no carro?
- Porque aquilo está cheio de gente e eles têm a mania de começar a gritar para os carros, quando vêem alguém conhecido lá dentro.
- Ah, está bem. Pensei que tivesses vergonha de mim.
- Não, não tenho vergonha nenhuma de ti.
Depois baixa a cabeça e confessa, num fio fino de voz grossa:
- Tenho orgulho... até. As outras mães são todas gordas e estrôncias.
Eu sei que não é assim, mas aquilo sossega-me a dúvida e a fragilidade. Vejo que ele vê as centenas de mães, todas parecidas com a dele — mas nenhuma igual.
É tão bom conservarem esse orgulho, pensava que deixavam de o demonstrar à medida que vão crescendo. Grande miúdo, parabéns mãe, o trabalho é todo teu!!
ResponderEliminarNão o demonstram da mesma maneira que demonstram em pequenos, mas está lá todo, intacto. E sabem verbalizá-lo assim, tão bom! Obrigada, Be, que também sabes tão bem o que isto é.
EliminarCom uma resposta destas, todas as dúvidas existenciais desaparecem num ápice. Uma ternura este seu texto, Linda :)
ResponderEliminarUm beijinho
Sem dúvida, Miss Smile. Ainda se vive aquele desassossego da insegurança, até à resposta. Depois dela, fica tudo a cores outra vez. A azul :)
EliminarObrigada, minha querida.
Um beijinho também para si.
Eu começo é a achar q o rapaz fica atrapalhado com os piropos q os colegas lhe devem dizer sobre a mãe :)
ResponderEliminarOhhh :)
EliminarAcho que ele não deixa adiantar muito a conversa...
Sabes q os miúdos sao mto rápidos, n sabes :)
EliminarSei, pois sei :)
EliminarMas acho que os outros também não se estendem muito. Só se o fizerem nas costas dele...