Sinceramente, eu acho que é só a mim.
[Prontos, agora danou-se. Comecei um post por sinceramente. E escrevi prontos.]
Abro uma gaveta, tiro uma coisa qualquer lá de dentro, arrependo-me, pretendo devolvê-la, mas ela já não cabe. Posso não ter mexido uma palha, nem encontrado a agulha que não procurei, mas certo, certinho, é que aquilo que tirei e quis voltar a pôr no lugar, agigantou-se, como a malta, engordou, como tudo o que eu gosto — principalmente, eu —, cresceu, como um bolo fermentado, inchou, como uma porca (por falar nisso, kudos para a minha Porquinha, que às vezes me troncha de saudades), mas deixa de caber, lá onde pertence, em cerca de segundos. Ou será que são as outras coisas que, libertas daquela — que até pode ser um lencinho de seda, que não tenho, mas um daqueles de uma pessoa assoar o ranho das mágoas infindas da dor de alma — outra coisinha, se libertam também (passe o pleonasmo), todas desinibidas, e desaninham-se umas das outras, desfazendo o espaço que, segundos antes, pertencia à que foi retirada, gritando-lhe, assim, que escusa de voltar, pois deixou de ter lugar, que isto é como quem vai ao ar, e ao vento, que perde o assento?
Acontece-me amiúde, tanto na gaveta das meias — que é gaja para deixar de fechar, se eu tentar devolver um par de micro-meias de micro-fibra à gaveta que não é micro — como na do congelador, que tem a carne: a pessoa tira um saco de bifes. Tudo (não é todos) lhe grita que é melhor não ir por ali, pelo que resolve arrumá-lo no mesmíssimo buraco de onde o tirou. E, se nenhuma das peças mortas e congeladas se moveu dali, à Galileu, expliquem-me o que é que explica que a m. do saco dos bifes não possa voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído, qual demónio? Existe alguma lei da física que me esteja a escapar, logo a mim, que sou pouco mais que analfabeta, e, portanto, deveria perceber destas coisas?
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