31/12/2017

Desejos meus: boa fortuna, amor ardente

Sem grande imaginação, sem vontade de balancetes, sem planos sérios (nem cómicos) para a minha vida a partir de amanhã, aqui ficam os meus singelos, porém limpinhos, votos para as vossas candidaturas ao ano que, atleta e olimpicamente, vem aí a correr:

sejam mas é felizes, e cuidem da carcaça, que essa é como a vida: só há uma. 

Ainda bem que Dezembro está no fim

Assim muito esticadinho, se bem contados, de 1 a 1, este mês já vai no quarto fim-de-semana de três dias. Já não se aguenta tanta féria. Estou farta de estender roupa e de só me sentir uma madame quatro dias por semana. Meu querido Janeiro.
(Estamos quase no Verão, calma.)
[Saco de papel para hiperventilar.]

29/12/2017

(O meu problema, no fundo, é que sabia que, um dia, ia esquecer-me de pôr título num post)

(hoje foi o dia)

O meu problema é ver a realidade não como ela é, mas como ela deveria ser. Por isso, a imperfeição sobressai. Como um nariz no meio de uma cara.

Hercule Poirot, in Um crime no Expresso do Oriente.
(As palavras não foram rigorosamente estas, mas sinto que se trata de um mal do qual eu também sofro amiúde.)


Check. Vale muito o bilhete.

O seu a seu dono [post cheio de links]



Maravilhem-se.

(Aquela raiz não é uma raiz, senhores. É uma árvore morta, que, como todas, morreu de pé.)


27/12/2017

Estado civil

Mergulhada num livro esplendoroso.
Passadas as cinquenta, ainda não lhe encontrei um ponto final, as vírgulas são menos que poucas, e, a esta hora, eu já devia estar nervosa, com a compulsão do lápis (de carvão, como nos desenhos infantis, pois que não há erro que possa ser definitivo, em se tratando de letras), a bradar aos céus que não se admite.
No entanto, não quero emergir-lhe.


26/12/2017

Ai, que magia tens, Natal

Acabo um trabalho, com prazo espartano o-mais-depressa-que-conseguir, isto pela manhã do dia 23, antevéspera de Natal — sábado. 
Envio a parte final — pois a maior parte já está do lado de lá —, e recebo imediatamente um aviso automático de Não me encontro no escritório, é favor mandar para a minha colega X, que eu cá só volto para o ano, lá para o dia 3.
[Directamente para a categoria só-a-mim-não-me-saem-empregos-destes.]
Envio então para a colega X.
Hoje, dia 26, que me parecia ser dia de labuta, muito mais do que o dia 23, mando para a colega X a conta. Só naquela, a ver se me pagam.
Recebo então um aviso de não recebimento, erro com um número que não fixei, mas que sei significar caixa cheia.
[Mais uma, directamente para a categoria só-a-mim-não-me-saem-empregos-destes.]
Talvez para o ano.

24/12/2017

Para o dia de hoje, uma música totalmente de Natal


Oh, não é bem, está bem. 
Mas o que interessa é a intenção. 
O Natal é quando um Homem quiser. 
Boas festas, môres. Excelentes Natais, deseja LB. 
Passem-no dancin' across the floor, through the night.
Yeah.
Ié.
(Ficai com este meu presentinho, que eu vou andando, pois tenho uma baba para fazer, e aquilo dá uma trabalheira, só ter que espremer o babete lá do primo do dromedário já me cansa.)

22/12/2017

Não sei quem está pior # 2

Estava aqui a discutir comigo mesma, a própria, esta premente questão, e, não me encontrando capaz de alcançar uma conclusão, resolvi vir para aqui explaná-la, a ver se ao menos através deste meio se me faz a luz.
Ponham-se no meu lugar.
Liguei a uma das minhas tias para desejar Boas Festas [ainda hei-de fazer um post acerca desta coisa de pôr maiúsculas em Boas Festas e em Feliz Natal], e ela atendeu-me. Comecei o telefonema dizendo que era para ter ligado no dia anterior (não coincidentemente, uma data que, para ela, é extremamente infeliz), mas que só tinha podido ligar hoje, e rebeubéu. Ela que tudo bem, que ele está aqui ao lado, estamos na varanda a apanhar solinho, ele adora, e eu a gabar-me que também nós, aqui em Lisboa, estamos com uns dias belíssimos, com algum frio, mas céu azul. Literal, como quase sempre, pois que há momentos na vida em que não é suposto usar metáforas. Perguntou-me então se queria falar com ele, eu que sim, e passa-lhe o telefone tratando-o por não-tu, Olhe, está aqui a sua filha, quer falar-lhe? Vai que a pessoa humana estranhou o tratamento sem tu, mas mais ainda o ter mudado de pai, pelo que corrigiu, Filha não, sobrinha, tia. Falei com o meu tio, tive alguma vontade de lhe perguntar se a tia tinha batido com a cabeça no varandim, ou se eram efeitos do sol portuense de Dezembro, que, pelos vistos, estava um perigo para as sinapses, mas lá me contive, porque acho que essa verborreia há-de vir na próxima década e ainda é cedo. Despedimo-nos, o tio e eu, um Bom Ano [lá está], haja saúde, beijinhos para todos, e volta a tia. Que ele ficou muito contente por eu ter ligado, eu que também gostei muito de o ouvir, e adeus, Boas Festas. 
Disse para com o meu fecho-éclair que a tia devia estar malíssimo da cabeça, e desliguei, um nico deprimida.
Passados três dias, liga-me a tia, alegre e lúcida, para me agradecer eu ter ligado.
...
- Pois, os tios estavam na varanda a apanhar sol...
- Os tios? Não, filha, era o tio e a empregada...
A sério. Não me telefonem. 

21/12/2017

É preciso tão pouco para me fazer feliz # 11

e também

É tão pouco blogger da minha parte # 11

Apresento-vos A paçoca

Quer dizer, se calhar já conhecem. Eu também.
A minha Preta querida foi de viagem à terra que a viu nascer, e perguntou-me o que é que queria de lá. 
Era eu ser uma blogger a sério, e pedia-lhe um Salinas em bom, então não era?
Não, pedi paçoquitas. "Quantas?", inquiriu ela. "As que puder passar na alfândega". E eizeslias, as cinquenta da minha perdição, por "só" poderem ter sido cinquenta, escondidas no fundo da mala do namorado, "Nada a declarar". 
A caixa vinha cheia até lá acima, eu é que já aviei umas quantas. E é um facto quase notório, e agora público, que a tampa se encontra partida, pois foi na febre da gula. 
Faço, assim, jus à minha próxima encarnação, que eu quero que seja em macaca.
Vou tão encher-me de borbulhas.
Vou tão encher-me de alegria.


18/12/2017

Um pensamento natalício por dia, drivados da época # 2

Hoje venho com vontade de passar por mentirosa.
Mentira, estou só a preparar terreno, por saber de antemão que será este o meu rótulo quando acabar de contar um eloquente momento da minha ainda tão breve existência.
Ora bem. Nas minhas mãos faleceu a varinha mágica cá do lar. Nem de propósito, já vamos ver porquê. 
Como era máquina para ter menos de um aninho de idade, entendi mandá-la de volta à loja, acompanhada da prova da respectiva compra. Porém, não sabia eu onde se encontrava essa. Foi quando me lembrei da caixa dos talões de multibanco, que religiosa e piamente guardo, sendo relíquia para pesar, assim por alto e a olhómetro, cerca de quatrocentos e oitenta e seis gramas, mais grama, menos grama. São, se não milhares, pelo menos muitas centenas de papelotes daqueles. Perfeita e profundamente ao acaso, meto a mão na caixa (o palheiro) e zás (a agulha). Isso mesmo que estou a dar a entender. Só o (Senhor Doutor) Euromilhões é que não me sai na rifa. 
Foi o milagre de Natal.
Portanto, e em suma, e quanto a mim, está despachado por este ano o tal milagre. Queimei as possibilidades todas, tanto que até nem vou jogar mais, por não ter hipótese de me sair. (Mentira, esta sim.)

[Eu era menina para meter aquele mágico que fez desaparecer um Boeing, o Copperfield, num chinelo. I mean, literally. Metia o gajo numa Havaiana. Debaixo daquela coisa do meio, onde se (quem o tem) raspa o fungo.]


17/12/2017

Um pensamento natalício por dia, drivados da época

Isto já foi anteontem, mas ainda está válido. Ontem tive outro, mas tem que ficar para post posterior, que é como quem diz outras núpcias (ou segundas núpcias?). Se tiver mais algum hoje, venho aqui fazer o reZisto, como diria Amélia, aquela pessoa que nunca resistiu a dizer reZisto, no lugar que competia por direito a registo
Fui-me ao shopping evocativa de uma autêntica Mãe Natal: levava vestida a minha gabardina vermelha. Imbuíra em mim o espírito, logo pelas dez da madrugada.
No regresso, resolvi carregar para casa não só as compras daquele dia, como também as dos anteriores. Começava a ter pesadelos que me assaltavam a mala de Rosinha, e só a chatice de ter que repetir a caça à tralha, ou o deslavamento de meter um postalinho em cada sapatinho, com uns dizeres eloquentes, "Desculpa este ano, mas fui roubada e a tua prenda (caríssima!) foi na leva".
Não contei os sacos, até porque fui metendo uns dentro de outros, mas andavam pela boa dezena. E não era só o volume que me carregava a cruz nas cruzes, era mesmo o peso somado de tanta ceninha.
Então, pensei:
Não passa de hoje que vou dizer às crianças que o Pai Natal não existe. 
...
Estou farta disto, ele com a fama e eu com o desproveito. 
...
Quais crianças?
Bom, enfim, aos miúdos.
...
Aos meus pequenos adultos. 
...
Mas eles já não acreditam. 
...
Não interessa, é hoje.

15/12/2017

Barreira linguística # 2

As comissionistas da Calzedonia* deixaram de ser comissionistas, ou então entraram em modo TMAC [acrónimo de tômadefecar, em gíria]. A pessoa entra e há uma que deseja bom dia num tom mais elevado do que as outras, pelo que julga percepcionar que é aquela a tal, a que mais necessita da comissão, a mais disponível, o forcado da cara, vá lá a albardar o dono à vontade do burro. Dirige-se-lhe, mas dá com ela a conversar com a colega, uma daquelas conversas que parecem não ter fim à vista. Faz um meia-volta-volver e ela corre atrás. Porque a incontinência verbal ainda a acomete de onde em onde, diz-lhe, "Ah, pensei que queria continuar a conversar com a sua colega", mas, entretanto, faz-lhe saber que pretende umas calças azuis exactamente iguais às pretas que traz vestidas. Ela vai buscar umas pretas, exactamente iguais às pretas que a pessoa traz vestidas. O ser humano, então, esclarece que não, que quer iguais, efectivamente, mas azuis. Ela vai buscar umas de ganga, exactamente iguais às pretas que a pessoa traz vestidas. O ser vivo, então, explana que, de facto, a ganga é azul [em sendo blue jeans, mas também não entra nessas explicações em estrangeiro], mas que não, que quer iguais, só que azuis. Ah, que não há, nem nunca houve. Mas sim, que a pessoa já as teve na mão. Que talvez, mas há muito tempo. Que não, então se foi em Outubro. Ah, que devem ser umas que têm ali, que não têm nada a ver, mas que são parecidas com essas. Ah, oi?, que me arrumou com essa frase, não percebi nada do que me disse, muito bom dia e passe bem. 

* Ninguém me paga para me calar

Encerrada que está a época da caça

à prenda de Natal ideal, chego a conclusões dispersas:
1. Este ano, num largo gesto de extrema abnegação, não comprei nada para meter no meu próprio sapato. [Nem mesmo um par de sapatos que vi na Pimkie* e pelos quais fiquei a chorar lágrimas de sangre, porém não me serviam. Eram dois números e meio acima do meu, e digo-vos que raramente senti tão premente desejo de que me crescessem os pés até ao 39, mas mamã, por que não me haveis feito patuda, contudo?] Aquilo que comprei, estreei logo. A vida é demasiado curta e sabe-se lá.
2. Consegui, das vinte e três prendas que comprei, não alcançar a perfeição em nenhuma delas; não espero por oooohs, nem por aaaaahs. Se os houver, o problema sou eu, não são eles. 
3. Dei por encerrada a caça há coisa, mais coisa, menos coisa, de meia-hora, e ainda estou em modo de esgotamento nervoso e também físico; os meus braços não me obedecem, apesar de me encontrar aqui a teclar, embora isto seja o meu piloto automático por mim, eu sou apenas um co-piloto exaurido e demente, em mayday.
4. As lojas dos chineses são caríssimas, fujam de lá, nem que seja a sete pés pequenininhos.
5. O povo ensandeceu antes de mim, o que não me traz alegria, porém, enfim, algum alento. Ontem assisti ao seguinte diálogo entre uma senhora-com-imperiosa-e-irreprimível-vontade-de-se-exaltar e um funcionário-daquele-armazém-de-tudo-criado-pelo-Demo: "Olhe, onde é que eu posso fazer uma reclamação?"; "Muito bom dia, minha senhora. Do que é que se trata?"; "É que isto está marcado a um preço e ela  [desgraçada-funcionária-de-uma-de-cinquenta-caixas-que-aquilo-tem] cobrou-me outro”. [Aposto o meu braço direito em como o preço cobrado foi superior, caso contrário a revolta + reclamação desvanecer-se-iam num pum]; "Quando é que a senhora fez a compra?"; "Agora mesmo". [Don't wish you a merry Christmas, you musty.]

* NMPPI


12/12/2017

Foi tão blogger da minha parte # 7

Fui a um cocktail. Vim de lá agora.
Isto foi a coisa mais blogger que fiz nos últimos tempos. É o meu máximo.
O meu cabeleireiro comemorou 25 anos de actividade, e eu, freguesa para lá de vinte e quatro, compareci, após convite. 
Comi bolo (duas nano-fatias, é como se fosse meia fatia de um bolo normal). Anyway, não vou para nova, também não vou para magra, também não vou para freira.
~
Uma mostrou o rabo à blogobola toda; a outra pôs a filha, que ainda não sabe escrever, a assinar postais de Natal com crianças vestidas de rena, de pila à mostra. (Uh, fancy, uh, moderno, aqui a atrasada é que não tem encaixe.)
~
Nunca serei uma blogger a sério.
Nunca alcançarei atingirei aquele nível.

Eu também tenho uma árvore de Natal, ou pensam?

Era para ter sido montada a 8, que é uma espécie de tradição não vinculativa na minha casa, dia de dois dos quatro baptizados, dia de Nossa Senhora da Conceição (concepção, a quem justiça fiz), antigo Dia da Mãe, mas, essencialmente, porque marca o início dos trinta dias em que se aguenta a árvore em casa. Mais do que um mês do repolho — que, apesar de artificial, larga coisas verdes, enche de pó tudo à sua volta (há quem não aspire; não há quem aspire), e, a partir do dia, vá, 4 de Janeiro, já é lignum non grata —, parece-me demais.
Foi montada a 10, no limite do agora-já-não-aguento-é-não-ter-árvore-de-Natal. Algo que, não há muitos anos, era uma quase cerimónia, com direito a músicas natalícias de fundo (que me irritam, mas aguento e não choro), quatro crianças de barretes de Pai Natal (meus queridos duendes) a colaborar na decoração — brigando porque "tu já puseste mais bolas do que eu", "eu é que quero pôr a estrela", "estás a pôr os enfeites todos no mesmo sítio, este lado está careca", "eu não chego lá acima!" —, passou a ser uma tarefa que resolvemos os dois, em talvez quinze minutos, por uma estar fora, outra estar dentro mas sem vontade, outra ter ido ali "já volto, é o tempo de lavar os dentes" e o outro ter procrastinado com um "já vou". (Meus queridos duendes, onde vos haveis escondido, seus patifórios?) (Estão todos convocados para a desmontagem.)
Ficou azul, a minha árvore. Um pouco escura, porque é verde (não percebo porquê). Mas cheia de luzes, que este ano todas têm forma de amor.


10/12/2017

Um daqueles que, à partida, tem cara de ir parar aos rascunhos, a fazer companhia aos outros mais de 100 (cem!)

Isto hoje já me veio à cabeça por muito mais do que uma vez, as suficientes para me apetecer dizer coisas acerca.
Tinha a impressão de que o Salvador Sobral tinha ganho o Eurofestival há mais tempo. Afinal, fui ver, e verifiquei que foi só em Maio, há sete meses. Em Junho, num daqueles episódios que acontecem aos melhores — e atire a primeira pedra quem não tem um, dois, dez acontecimentos na vida que gostaria de enterrar na quinta subcave e limpar da memória —, e eventualmente porque é um tímido, porque não tem um manager capaz de o orientar, porque é um irreverente, porque é a anti-vedeta, porque 'ta nem aí, esticou-se um bocado e estendeu-se ao comprido, com a ingénua intenção de testar a sua popularidade junto dos fãs. [Nem sei se ponha aspas ou itálico em fãs.] [Pobre rapaz. Quanta ingenuidade, num país de invejosos, em que só se está bem quando se vê os outros na merda.] 
Com isso, o Salvador Sobral, que, um mês antes tinha alcançado um prémio que jamais fora conquistado em Portugal (ou me falha a memória — mas também não vou estudar mais esta —, ou tivemos, ao todo, dois sétimos lugares), enterrou-se, levando para essa cova a carreira, passando de bestial a besta em menos de, vá, um pum. Sim, existe a questão de saúde, a "justificar" a ausência dele desde aí. Sim, e também existiu a questão da saúde do Zé Pedro dos Xutos, tratada por toda a gente, comunicação social incluída, de forma totalmente diversa. 
Agora que, finalmente, foi transplantado, em que está ainda mais fragilizado do que antes, pergunto-me se aqueles que consideraram a cena do peido do Salvador Sobral o horror, a excomunhão, não serão os mesmos que contribuem para a poluição do ar nos espaços públicos — quanto mais não seja com as suas opiniões fétidas —, e não serão os mesmos também que publicarão RIPs nas suas páginas, que puxarão a lagriminha televisiva, e que aplaudirão de pé, após minuto de silêncio, caso o Salvador Sobral não sobreviva até ao próximo Eurofestival, que — yey! — será em Lisboa. 


09/12/2017

Dica # 11

Assumamos que estou para a sabrina tal como estou para o dentista e o oftalmologista: toda a gente vai, eu também quero. E, por esse motivo, vou.
Por mero acidente de percurso, este ano adquiri um par de sabrinas, lindíssimas, caríssimas, porém desconfortáveis, ou, em resumo, um mau passo — literalmente — que dei na vida. Aquela costura ao redor de todo o peito do pé é coisa para me esfrangalhar os nervos do delicado, e me demover de as calçar, preferindo uns bons compensados, ainda que com doze centímetros de salto. (Até porque fico mais alta, e ser poeta...)
No entanto, há coisa de escassos dias, dei de caras com sabrinas com um ar indubitavel e excepcionalmente confortável, cujo preço era tão uma piada, que desatei a rir, de fácil que sou, e trouxe-as.


É isso: Primark, e atentem que ninguém me paga para isto. Ainda que pagassem, dizia bem na mesma. Quatro euros, não sei se dá para perceber a dimensão da coisa. Quatro. Qua-tro. Até podem desmanchar-se daqui a quatro dias, até podem começar a cheirar a estrume (oh, LP...) daqui a oito, mas terá valido a pena na mesma. Amo-as.
De seguida, alevantou-se-me a questão de o que calçar quando (nas raríssimas vezes em que) me visto de azul durante o Inverno, e (nas raríssimas vezes em que) quisesse calçar sabrinas.
Olhem, trouxe as azuis.


Também há bege e outra cor que não fixei, é irem verificar (acho que bordeaux). 
Ando com elas por casa, feliz de ter sabrinas como as outras pessoas. 

E é isto, assim por hoje.
Quatro euros.
Hahahaha. Ha-ha.

08/12/2017

Ela fala tanto # 20

À procura de camisolas quentes — conceito que, depois de revirado o gavetão da cómoda, concluo que desconheço —, dado o degelo dos últimos dias, apercebo-me que tenho cerca de (não contados, este é um número aproximado, pelo que tanto podem ser mais como menos) dez casacos de malha pretos, ora de decote em V, ora de decote redondo, ora com um folho na ponta da gola, ora com uma transparência de lado, ora com um laço a fechar o cimo da abotoadura. Dez, para aí. Quanto a camisolas quentes — lã, gola alta, enfim, que não deixem passar o frio pelos recantos —, umas três. 
Dá-se que também sou um nico faladeira, mais porque penso alto do que porque precise de comunicar ao Mundo estas coisas, e aconteceu ter comentado com ela — que ciranda constantemente ao meu redor — a seguinte realidade: "Não sei para que preciso de dez casacos de malha pretos. Se o Mundo acabar amanhã a casacos pretos, tenho a minha sobrevivência garantida".
No dia seguinte, mostra-me ela uns botins vermelhos que as irmãs lhe ofereceram pelos anos. "Muito giras", limitei-me e contive-me. 
- Por falar nisso [só eu sei o quanto temo as frases dela começadas por "por falar nisso"], outro dia [fora no dia anterior] estava-me a dizer que tem dez casacos de malha pretos, já viu como está este meu casaco de malha vermelho? Tão velho que estou capaz de o deitar para o lixo. Estou mesmo a precisar de um novo. 
...
...
...
Isto assassina-me o espírito natalício. 
Uma m. de um casaco de malha, de qualquer cor, custa uma m. de seis euros. (Na Primark*, pelo menos.)
É não me pedirem, e têm de mim um rim, um olho, um pulmão, a minha medula, o meu sangue para lá do impossível. 
É pedirem-me desta maneira deslavada, e têm de mim um coice, porque isto é para lá do indecente. 
Vou comprar-lhe um casaco de malha verde, que é para aprender a não ser pedinchas. 

* NMPPI

06/12/2017

Post interdito a machos # 6

É mais porque isto são assuntos que não lhes interessam.

Diz que este ano é tudo veludo. As lojas e a feira online invadidas por vestidos de veludo, casacos de veludo, saias de veludo (A barata diz que tem uma saia de veludo| É mentira da barata| Ela tem é o pé peludo| Ah-ah-ah-oh-oh-oh| Ela tem é o pé peludo), calças de veludo, blusões de veludo, sapatos de veludo (!), cuecas de veludo (!?!). Enfim, já perceberam a ideia. De repente, tudo é feito de veludo no mundo do shopping.

(Na Primark*, onde incursei ontem, a descoberta do veludo resultou num pequeno atentado às íris humanas, pois que ele há veludo ocre, veludo rosa-pink, veludo beringela, veludo roxo, veludo verde-ranho, isto é, todas as cores inomináveis e inimagináveis, todas elas em veludo.)

A pessoa, a querer manter-se sempre na berra (AAAAAAH!), fez-se proprietária de um belo e sumptuoso vestido de veludo preto, decote a traçar à frente, saia evasée, ou aquilo que os ingleses chamam skater skirt (era porem-me a patinar com aquilo e já viam o espectáculo). Quer dizer, veste-o e sente-se de robe, aquele mesmo, tão fofinho e quentinho e azul(íssimo). Igualmente confortável, mas em chique. (Foi na H&M**, custou para aí 30 paca — agora 15, mas, em compensação, está esgotado — e consta(va) da zona daquelas que foram muito recentemente crianças, a Divided.)


No entanto, chorava-me a alma por um vestido azul, não sei porquê. Até ouvia, mesmo sem o querer, aquela melodia que colo lá em baixo para que tendes uma ideia das tormentas por que passei.) Queria-o sem decote e sem folhos e sem cinto, mas com mangas. Estupefacta-me a cena de se venderem vestidos sem mangas todo o ano, especialmente agora, com esta agradável temperatura para pinguins. O mais semelhante com o que queria, estava no Ebay, em dólares, e eu já dei para o peditório de ir bater com as costas na alfândega por um rímel (true story), lado-a-lado com intelectuais do livro importado. Até que, vítima de uma daquelas casualidades que só a mim, fui esbarrar-me com o meu lindinho, ao preço da que não cai, na Pimkie**.

Esta não sou eu.
(Pretendo usá-lo com sapatos fechados, collants — azuis? — casaco comprido, cachecol e luvas, que só mesmo piriguete não tem frio.)
Sendo que ambos são modelo skater, o que é que fica a faltar-me para completar as toilettes? Hum?



* Ninguém me paga para me calar.
** NMPPI

04/12/2017

Coco

(se acharem que é spoiler, é não lerem # 2)

É porem um filme da Disney (Pixar, neste caso) em cartaz, e lá me têm. Tenho aprendido mais com filmes supostamente infantis do que com aqueles que são destinados a adultos (não esses, canudo!). Nunca mais vou crescer, e nem sei se quero. (Lá está outra dúvida com que me debato estóica e diariamente.)
Captei a mensagem principal — que a verdadeira morte se dá quando nos esquecemos dos nossos mortos, ou quando formos esquecidos pelos nossos vivos —, mas não a secundária (se é que ela existe, mas eu, lá está, ando sempre à procura da segunda e da terceira leitura de todas as coisas). Ia na expectativa de encontrar um filme algo metafísico, que me explicasse o que existe para lá do fim, apesar de não ter grandes crenças pessoais acerca do assunto, e alguma quase certeza de que a morte é isso mesmo: pois, se é para as plantas e para os animais, quem somos nós (?) — outra dúvida das boas — para considerarmos que connosco será diferente?
Afinal, não. Parece que existe uma morte após a morte, para além de nos encontrarmos todos — em esqueleto, com peruca e roupa, pois que há-de ser importante aquecer os ossos (sem corrente sanguínea, atente-se) e esconder as partes pudendas, que, em rigor, já não existem — num lugar entre o sinistro e o festivaleiro, com a idade com que fenecemos, ou seja, onde é possível encontrarem-se um pai jovem e uma filha muito velha. Se já a ideia de ir para o Céu me aterroriza levemente, esta de ir parar a um lugar onde todos somos só ossos, sem chicha nem peles [o mal que hão-de ficar os meus cabelos em cima deste esqueleto lindíssimo] [eh, pá, 'pera lá, pára tudo! Nunca mais terei que me preocupar com o que como? Hummm...], mas também onde desaparecerei (dolorosamente, diga-se) ao fim de algum tempo, assim que cá na Terrinha se esqueçam de mim — o que poderá demorar o tempo de um fósforo —, também não sei se me agrada. O melhor é continuar a ser como sempre fui, pode ser que a sorte me faça a vontade, e o Hades também há-des.

(De qualquer forma, vale muito a pena. Lá quanto a tratar-se de um filme de Natal, maiores dúvidas se me agigantam, mas isso também posso ser eu, cartesiana duvidosa.)

03/12/2017

And that awkward moment # 43

em que trocas o destinatário de um sms, e acertas em cheio em quem não deves?
(É sempre, não é?)
Desde que tenho Ai-fostes que me tornei exímia na troca de destinatários de sms. Tenho criado confusões giras, desde avisar alguém que não me espera que já cheguei, a mandar beijinhos para a Sephora, ele tem-me ocorrido um nico de tudo. Aquilo fica lá com o campo da última mensagem aberto, aqui o ser humano não se dá ao trabalho de verificar de quem se trata, vai de dialogar com quem mandou a última comunicação escrita via telemóvel. Pelo menos, sou educada.
A pessoa tem uma filha fora de casa, a gozar um fim-de-semana prolongado. Quer saber notícias e manda-lhe aquilo assim: "Então tu, boneca?". A bendita mensagem vai parar à que fala tanto e me visita, a soldo, todos os dias úteis. Depois dá-se a circunstância de esta mesma pessoa estar dentro de um elevador, pelo que Ai-fostes se recusa a enviar o desmentido da salganhada a tempo. Então, recebi aquela resposta, que vou guardar carinhosamente.

A msg nao deve ser para mim

Portanto, sobejaram-lhe dúvidas. 
(Vá lá que não aconteceu ter escrito "Amanhã trabalhas, boneca?")
(Vai-se a ver e, quem sabe, nesse caso, responderia: "Mas há dúvidas, boneca?". Sem dúvidas.)




02/12/2017

- Olá, Cesário Azul!

- Olá, troca-tintas!

Fui ao ginásio, e depois à bomba, e consegui demorar por lá quase tanto tempo como aquele que durou uma aula flash, que uma pessoa entra, sofre duramente durante minutos e, quando acha que já não aguenta mais, aquilo acaba. 
- Bomba 6, x de gasóleo evologic. 
- Gasolina?
- Não, gasóleo.
Paguei e apostei comigo mesma que a mangueira do gasóleo não ia dar pinga.
Ganhei a aposta e voltei atrás. Não devo ter demorado um minuto entre ter saído do posto de abastecimento e ter ali regressado. 
- Eu disse-lhe gasóleo.
- Gasolina?
Mau. Rosinha tem aquele ar chique, é alimentado a filet mignon, mas parece que não pode ser a gasóleo. 
- Gasóleo.
Felizmente, esta pessoa não é gasolineira. Ter-me-ia enchido o depósito de gasolina. Iria igualmente passar um bocado de seu sábado laboral a aspirá-lo logo de seguida, ou quando Rosinha tivesse um stroke, metros adiante. 
Suponho que é a mesma que escreve os avisos daquele posto.