15/12/2017

Barreira linguística # 2

As comissionistas da Calzedonia* deixaram de ser comissionistas, ou então entraram em modo TMAC [acrónimo de tômadefecar, em gíria]. A pessoa entra e há uma que deseja bom dia num tom mais elevado do que as outras, pelo que julga percepcionar que é aquela a tal, a que mais necessita da comissão, a mais disponível, o forcado da cara, vá lá a albardar o dono à vontade do burro. Dirige-se-lhe, mas dá com ela a conversar com a colega, uma daquelas conversas que parecem não ter fim à vista. Faz um meia-volta-volver e ela corre atrás. Porque a incontinência verbal ainda a acomete de onde em onde, diz-lhe, "Ah, pensei que queria continuar a conversar com a sua colega", mas, entretanto, faz-lhe saber que pretende umas calças azuis exactamente iguais às pretas que traz vestidas. Ela vai buscar umas pretas, exactamente iguais às pretas que a pessoa traz vestidas. O ser humano, então, esclarece que não, que quer iguais, efectivamente, mas azuis. Ela vai buscar umas de ganga, exactamente iguais às pretas que a pessoa traz vestidas. O ser vivo, então, explana que, de facto, a ganga é azul [em sendo blue jeans, mas também não entra nessas explicações em estrangeiro], mas que não, que quer iguais, só que azuis. Ah, que não há, nem nunca houve. Mas sim, que a pessoa já as teve na mão. Que talvez, mas há muito tempo. Que não, então se foi em Outubro. Ah, que devem ser umas que têm ali, que não têm nada a ver, mas que são parecidas com essas. Ah, oi?, que me arrumou com essa frase, não percebi nada do que me disse, muito bom dia e passe bem. 

* Ninguém me paga para me calar

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