Dá-se que sou detentora de uma conta num banco que usa o sistema de matrizes para confirmar algumas operações bancárias, como pagamentos e transferências. Trata-se de um papelote que sai da máquina de MB, com uma tabela de números de três dígitos, num esquema algo complexo que garante que não há dúvidas de que foi o detentor da conta — ou, no limite, o gatuno que lhe furtou os dados — que procedeu à operação. Ao fim de uns meses, os números vão desaparecendo, um a um, pelo que é necessário pedir ao banco outra matriz.
Na fase final da sua vida útil, o meu papel anterior proporcionou-me momentos de alguma adivinhação (e consequente frustração, tal como no Euromilhão) (foi só para rimar), porque — Murphy, és grande — acertava sempre no algarismo desaparecido, daquelas largas dezenas que a tabela oferece. Vai daí, fui ao banco buscar outro.
Para evitar que me acontecesse a mesma coisa, e sentindo-me, confesso, o pináculo da inteligência prática, forrei com papel autocolante transparente a minha nova matriz.
Hoje foi o dia em que acordei, me liguei à máquina cheia da fé, abri a página do banco, loguei-me, pus o iban do meu destinatário e o site pediu-me três números da tabela. A3, 2ª posição; G2, 1ª posição; C9, 3ª posição. Então, procurei a matriz no dossier daquele banco. Mas é que não estava lá. Procurei melhor, nada dela. Até que encontrei um papel branco como neve, forrado a papel autocolante transparente.
Aprendam comigo, que eu não duro sempre: a cola come os números e as letras da impressora do MB. Se não sabíeis, ficastes; se sabíeis, fostes.