30/09/2014

Não sei se prefiro o pai ou o filho

Vinha eu a entrar à minha porta, segura e tranquila do meu caminho, quando se me dirige um menino com pouco mais de um ano, olhos azuis, o que não tem qualquer importância, mas fica aqui bem, pese embora - embora, passo o pleonasmo, não pareça -, eu não tenha a mania dos olhos azuis, que gosto bastante dos meus e são pretos, e quem não goste é racista, e os do meu pai eram castanhos e eram os olhos mais cheios de adoro-te que eu já vi na minha vida, dizia eu, vem o rapazinho, aponta para mim e exclama assim: "Mamã!"

Ora, isto, parecendo que não, mexeu comigo e encheu-me o dia de sol e também de luz. Por acaso, não estava a chover, hossana nas alturas.

Conforme toda a gente sabe e, se não sabe, passa a saber, quando as crianças começam a falar, chamam mamã a tudo o que é agradável, confortável e ou bonito. E o pai daquela criança, apesar de jovem e giro, demonstrou imediatamente ser igualmente detentor de rara inteligência, ao proferir a seguinte frase: "É bonita, não é?". 

Hã?  Foi bonito foi da parte dele, demonstrar que sabe que é nesta idade que os bebés associam os conceitos de agradável, confortável e bonito com o conceito de mamã. E que não me considerou meramente agradável nem tão-só confortável. Olha, gostei dele.

Pão.

29/09/2014

Poder de redenção

A vida dá-nos sinais, nós só temos que aprender a lê-los. De todas as vezes que perguntei, este fim-de-semana, e, infelizmente, foram muitas mais do que queria e costumo dizer "Mas onde raio é que andas com a cabeça?", ontem recebi a resposta, sob a forma de bolinhos, "E tu, onde raio andas tu com a tua?"

Ofereço-me para ajudar a fazer bolinhos. Diz-me ela que vá pondo o forno a 180º, enquanto, juntas, moldamos os bolinhos. E eu ponho. Ou acho que pus. Estava a 200º e rodei o botão para a esquerda. Os números menores estão à esquerda dos números maiores, nos botões redondos, certo? Não tenho desculpa. Tenho aquele forno há vinte e um anos, e uso-o quase diariamente.
Moldamos dois tabuleiros de bolinhos, ela polvilha-os com côco em pó, com aquelas mãozinhas pequeninas e delicadas, cheia de rigor científico e mimo, dois ingredientes essenciais nestas coisas da cozinha. Eu li "Como água para chocolate" e acredito piamente nisto.
Queimei-lhe os bolinhos todos. Por um engano imperdoável, pus o forno a 220º.
Sem saber o que fazer à minha vida, comi, mastigando-os com sabor a lágrimas e carvão, os sete bolinhos mais pretos. Sete. Mereço engordar sete quilos. Mereço que todos os meus vestidos deixem de me servir.
Ela, pequenina e delicada, cheia de rigor científico e mimo, fez, sozinha, mais dois tabuleiros de bolinhos.


28/09/2014

Por acaso, tenho esta curiosidade

Imagina que encontras, caída na estrada, perto de uma bomba de gasolina, uma carteira de homem, que até já foi atropelada, mas que tem lá dentro, intactos, todos os cartões da pessoa, desde o de cidadão à cédula profissional, aos multibancos e visa, enfim, a vida toda de um homem, e 535 euros.

O que é que fazes?

Preciso de respostas. Só mesmo para saber.

26/09/2014

Isto há-de ser uma espécie de stress pós-traumático...

Lisboa, segunda-feira, basicamente, afogou-se.
Lisboa, quinta-feira, um dia perfeito. Eu quero morrer num dia assim, que é para não doer tanto. Nem uma brisa, nem um grau a mais, nem um grau a menos. Nem mesmo um grau de humidade, e eu com um cabelo lindo, que é como eu o vejo lindo. Dominado, um leãozinho meigo. Um céu azul daquele azul que só a Primavera traz, o azul de uns olhos azuis que eu nunca vi, só pontuado com uma ou outra nuvenzinha branca, como o Futebol Clube do Porto, carago, ou como os desenhos das crianças, que têm sempre céu, sol, nuvens, uma casa, com chaminé, fumo a sair e um caminho a sair da porta, que vai dar ao fim da folha de papel. Uma pessoa da minha idade tem pensamentos assim, que dia tão bonito para se morrer, a duzentos à hora contra um muro, haverá morte mais santa, quais agora a dormir? Se forem como eu, com sonos tortuosos e pesadelos amiúde, a morte a dormir é uma piada de mau gosto que de santa não tem nada. Ainda assim, a da velocidade está fora de questão, nem o meu super-carrinho atinge essas velocidades nem eu carrego no pedal com essa força toda. E também ainda não tenho pressa.
Até sonhei acordada, só acordada é que consigo sonhar sem que o sonho se transforme em pesadelo, em ir à praia este fim-de-semana. Só posso ter sonhado.
Lisboa, sexta-feira, estou farta de ir à janela. Todos os ruídos da rua me dizem que está a chover. Se calhar é só por ser sexta-feira e por ter perdido, há uma semana, precisamente, o meu Artur. Que nunca foi tão meu como agora, que já não é. Se calhar é só de ser sexta-feira, dia de morte.
Nunca sei quando é que estou a falar a sério.

25/09/2014

Eu tenho problemas de comunicação na FNAC

Farta, cansada, exausta, de procurar uma estação de rádio que não me injectasse dez minutos de blocos publicitários de meia em meia hora, nem sempre virada para as alternativas, também algo aborrecida das da década de 80 (é que já chega de saudadinhas dos 80s, mando eu), tomei uma decisão drástica: fui-me à FNAC adquirir uma coluna para o meu MP3. Já sei que toda a gente usa ipods, ifones, imerdas, mas eu não sou toda a gente. Então fui. E fui munida de pré-informação, para não ser acometida de excitex e comprar a primeira banha que me aparecesse. Portanto, já tinha visto no site que havia colunas a 19 euros.


Chego lá e não encontro as colunas. Não tem a ver com nada, não é a loja que é desarrumada e eu despistada, porque nem uma coisa nem outra. Não as via. 

E é quando eu chamo um funcionário da loja que me acontecem diálogos.

- Boa tarde, ando à procura de colunas para MP3.

Tic tic tic tic pela alcatifa.

- Estão aqui. 

- Obrigada.

Isto não chegava? Chegava. Mas não àquela pessoa.

- Tem essas...

- É uma destas que eu quero.

- E estas [29 euros].

- Não, mas era destas que eu vinha à procura.

- Mas vai mais bem servida com estas.

- Porque...?

- Têm melhor som.

Ora. Melhor som num aparelho que, já de si, é pouco melhor que um rádio de pilhas. Melhor som para uns ouvidos meio moucos, ou, pelo menos, não tísicos (embora isso ele não pudesse adivinhar). Melhor som, a ser oferecido a uma senhora idosa, que se está realíssimamente a cagar para a pureza sonora, quer é ouvir "Breathless" enquanto areia os tachos. Melhor som para alguém que, evidentemente, já estoirou os tímpanos na discoteca a seu tempo, com som tão puro de se deitar na cama duas horas depois ainda a senti-lo a atravessar o osso das costelas. Ora, faça-me o favor, vá roubar para a estrada.

22/09/2014

Comadre atípica

Não sou só madrinha atípica, sou também uma comadre esquisita. 

Ontem almocei com uma das minhas comadres - todas as minhas amigas, e também uma inimiga, são minhas comadres - para trocarmos prendas de Natal. Não, isto não é engano, mentira, ou repost. Trocámos prendas de Natal 2013. Apanhámos chuva no caminho para o restaurante. Ela é tão encaracolada quanto eu, de maneira que chegámos lá com uma afro cada uma. Quisemos experimentar o Honorato de Telheiras e acho mesmo que fomos no melhor dia: como não era nada previsível que chovesse, e ainda deve haver quem não leia boletins metereológicos, nomeadamente se tem um negócio que inclui explanada, chegámos à hora a que o dilúvio se entornou sobre os chapéus de sol e provocou o caos nas cabeças dos funcionários. Comecei a ver passar gente a servir às mesas sem farda. Não que eu faça questão da farda em algum lado mas, no meio daquele corre-corre, com água no chão por todo o lado, a farda serve, pelo menos, para distinguir quem está a trabalhar de quem não está, e também tem uma função higiénica. A mim tinha que me calhar um jovem de calças de ganga que já tinham visto muita chuva, olhos azuis e cabelo à James Dean, que percebia tanto de restauração como eu de física quântica (vai-se a ver e eu ainda dou uns toques na física quântica), que trouxe para a mesa, para azar dele, dois hambúrgueres quase iguais, mas em que um tinha bacon e o outro não, e então ele resolveu distingui-los elevando os dois pratos ao alto (é possível elevar pratos ao baixo, calem-se. Aquela cena da física quântica...) e tentando espreitar através da mistela carne-molho-tomate-pão se havia ali uma fatia de bacon ou não. Como não conseguiu, lançou um perdigoto, que rasou os pratos e se alojou na mesa, pousou os dois pratos na mesa e conformou-se, ou conformou-nos, com um "É fácil distinguir, o X-Egg é o que não tem bacon". Ao pousar o meu prato, roça-me a mama, levemente, com os nós dos dedos. 

"O X-Egg é o que não tem bacon e inclui mão na mama", penso eu assim. E não faço nada, porque quero manter-me com a aparência de uma comadre normal. O que ainda faz de mim uma pessoa mais estranha.

Capaz de não voltar lá. Serviço péssimo, nem a mãozinha se aproveita.

Revolta do dia

Faz-me confusão uma pessoa que esteve mais de um ano desempregada, não tem habilitações nenhumas de jeito, nunca estudou nada que se visse, agora arranjou um emprego porreiro e já anda a gemer que tem uma depressão e a meter baixas de 5 dias. Era de levar já um pontapé no cú daqueles de meter o biqueiro no olho e tudo.

Sim, ponho acento no U em cú, e depois? Já se viu coisa mais bonita que um cú com assento, por acaso? 

(Deve ser o caso deste, que já tem o assento acoplado)

19/09/2014

Ao menino do helicóptero

Todos os dias nos morre a infância, é bem capaz de ser por isso que alguns de nós, já adultos, já passadas as adolescências, a primeira, aquela dos oito anos, a primeira a sério, a dos catorze, a segunda, ou terceira, cada um sabe de si, aos trinta e cinco, só pode ser por isso que alguns, ou quase todos, continuamos parvamente a dizer que temos uma criança cá dentro, que nunca desaparece nem morre, mas é mentira, porque às vezes morre, ou sai de nós e vai brincar para almas mais felizes, depois volta, umas vezes, outras nunca mais e ficamos de peito vazio e sem a criança interior que nos canta canções infantis nos dias de sol, mas que não nos aguenta a tristeza quando ela nos atinge, e vai-se embora, a ingrata, só vive em nós quando a nossa alma é um recreio e isso não pode ser todos os dias, porque a vida também é feita de dias de chumbo, e hoje está assim, a criança fugiu-me, nós éramos quantos?, agora só fazendo contas, somando pelos dedos das duas mãos nem me chegam os dedos, dez primos, doze primos, todos das mesmas idades, mais ano, menos ano, tinham andado tias e sobrinhas e irmãs e primas grávidas ao mesmo tempo, nós os dez, nós os doze ou treze, todos a sujarmo-nos nas mesmas lamas, a magoarmo-nos nas mesmas pedras, a comermos gelados iguais, e tu, meu Artur, tão diferente, tão crescido, tão adulto, trocaste as voltas à vida, de cara enfiada nos livros na idade em que andávamos todos a esfolar joelhos na brita, tu sozinho, dez - nove! - ou doze - onze! - índios (e cowboys e donzelas) corados, ruidosos e suados, depois vi-te já homem a mostrares-me um helicóptero de brincar, mas que voava mesmo, os olhos cheios do brilho da infância perdida, dos joelhos que não esfolaste connosco, tu sozinho, sem ninguém para brincar contigo e com o teu helicóptero, e tu sozinho, a pedires ajuda pelo telefone a uma de tantas irmãs, que o teu enorme coração estava a rebentar dentro do peito, onde já não cabia mais, mas agora, neste dia de chumbo em que não sei da minha criança outra vez, só me resta pedir à vida que encontres alguém para brincar contigo, e que nunca mais fiques sozinho.

18/09/2014

Nunca fales dos teus filhos aos outros. Porque eles ou os têm, ou não - Ditado # 13

Eu conheço, pelo menos, duas pessoas que têm uma necessidade absurda, absoluta e incontrolável de, cada vez que me encontram, e uma delas é diariamente, me contarem tudo o que se passa na vida dos filhos. Agraciam-me com relatos ao pormenor, em que, invariavelmente, os filhos são uma espécie de super-heróis, excelentes alunos, altos e espadaúdos, incrivelmente inteligentes e extremamente melhores do que qualquer ser humano da mesma idade ou de outra qualquer. 

Também conheço e compreendo a história da coruja, "Ó raposa, não me comas os filhos, eles são tão fáceis de reconhecer, são os mais bonitos da floresta toda" e ai que a puta da raposa não viu beleza nas crias da coruja e comeu-lhas mesmo. Vá que nesta história eu devo ser a raposa.

À parte os dois casos em concreto não serem miúdos excepcionais em coisa nenhuma, excepção, aí sim, feita ao facto de um deles jogar à bola melhor que a maioria, e independentemente das qualidades humanas, físicas ou intelectuais destes dois miúdos, eu pergunto só isto: o que raios tenho eu que levar com a pastilha dos filhos dos outros, sistematicamente, cada vez que encontro um (semanalmente, no mínimo) e outro (diariamente, já disse?)? Hã? Querem-me provar exactamente o quê? Ou só querem desabafar tanto amor e ternura, e eu sou apenas uma de mil vítimas? E não lhes ocorre que eu sinto interesse igual a zero? Eu preciso - é uma necessidade premente, isto é um pedido de ajuda público, é um S.O.S., genitais! - de criar uma cara, uma expressão facial, uma postura corporal, que transmita claramente esta ideia: "Isso ainda me interessa menos que o [ponham vocês aqui a imagem, que eu já nem estou capaz], fo#*-se!"



Acresce que o caso que se dá com frequência diária é o da tipa. 
Ela entra e já vem a contar-me qualquer coisa que se passou com a Tatiana, que é a miúda mais gira e graciosa, mais capaz e trabalhadora, mais engraçada e fixe, e vai-se a conhecer o baleote da Tatiana e sai-nos um cepo que anda no 8º ano com 18 anos e é preguiçosa até para começar uma dieta como deve ser, quanto mais para abrir um sorriso, que envolve demasiados músculos. A Tatiana, que fala como a mãe (stander, engive, óbcesso, slada, Berssska, and counting) teve o azar de, um dia, me corrigir uma frase. 

Ela entra e iniciamos diálogos assim:

- A roupa deixou toda de servir ao meu filho, ele cresce todos os dias - avisa-me disto quatro vezes por ano, portanto. Com a intenção de...?

- ...

- Tenho que lhe comprar roupa para 14 anos - ele tem 12.

- ...

- Os calções não lhe passam dos joelhos.

- Engordou.

- Não... alargou...

- Engordou.

- Ele o que tem é rabo, por isso os calções não lhe sobem...

- Engordou. O seu filho faz algum desporto?

- Eu bem lhe digo que está há três meses em casa de rabo para o ar, agarrado ao computador, só engorda! - as palavras "computador", "Bimby", "carrinha" e "minha filha/filho" fazem parte de 60 % das frases dela. 

- Pronto, engordou. E vai jogar à bola para a rua com os outros miúdos, ao menos?

- Vai, chega-me a casa todo suado!

- É porque engordou.

(Pá, calem-se, que eu já tenho uma Penthouse reservada na quinta subcave do Hades)

16/09/2014

Respondendo ao desafio da Rainha

Ai, que canseira, mulher. Nunca pus tanto link num só post. Vou de férias, com um esgotamento nervoso.
 
1- O que você  não sai de casa sem
Brincos. Sinto-me toda nua, se não os ponho.

Quanto à mala, a minha é um mundo insondável, cem vezes pior do que a de qualquer outra mulher. Esqueço-me do telemóvel com frequência, portanto esse não conta. Fio dental (refiro-me ao dentário, mesmo), chaves do carro, chaves de casa, rolo de papel higiénico (no Outono ando a pingar e é sempre de bom tom sacar de umas folhinhas, preferencialmente ainda não usadas), vales do Continente (sempre expirados), tampões (don't ask. Aos 80 ainda podji, tá?), caneta (papel é que não, portanto, dá muito jeito), verniz (mal se me lasca uma, zás, outra demão), cartões multibanco (dinheiro, quase nunca). Não levo óculos de sol, bâton (nem sequer uso), nem pente (não me penteio...)

 


2- Animal favorito
O urso. Tem um ar fofo, embora eu não aceitasse um abracinho dele.
E as minhas duas gatas e os meus dois passarinhos. Uma é feroz e maluca dos cornos, a outra é tão meiga que parece um cão. Os passarinhos são lindos e fartam-se de piar quando me ouvem falar. Acho que estão a tentar dialogar, é querido da parte deles.


3- Sapatos favoritos 
Os da montra. 
Os Valentino, mas os verdadeiros (mas também sinto amor pelos meus falsos). You will be mine, you will be mine, all mine.
Sempre e só de salto alto. Eu passo do 1,70 m calçada, nem precisava de saltos, mas preciso. Eu é que sei.




 

4- Produto de maquilhagem indispensável
Rímel. Com ele posto pareço a menina Scarlett. Sem ele posto, fico uma osga. Percebem a diferença?




5- Maior sonho
Maior? 
(Agora digo o quê? Paz para o mundo, queres ver? A descoberta da vacina contra a SIDA. O Ébola. Céus, acho que vou dizer a verdade, que é sempre tão pequenina)
Esse depende do momento. Agora era que o meu bestie pudesse voltar para casa. Está demasiado longe, sem perspectiva de voltar.
Sonho enorme, dos irrealizáveis? O Euromilhões não é, porque não é sonho. É convicção íntima.
Eu gostava mesmo de salvar a vida a alguém. Já devo ter salvo algumas, mas não assim, era mesmo a sério, a dar medula, a tirar alguém do mar (já tirei duas vezes, mas não contam), ou do fogo. Dessas assim.

6- Maior defeito
Sou desarrumada; sou estourada, devo ter um bocadinho de Tourette, digo tudo o que sinto e poucas vezes o que penso; defeitos físicos, tenho uma montanha, todos os dias descubro um novo. A idade não perdoa. E estou farta de humidade, o meu cabelo anda uma bosta. Sinto-me a Ovelha Xoné. Obrigadinha aí, ó S. Pedrão, valeu. 

 
7- O que me irrita nas pessoas
Irritam-me os donos da verdade, os julgadores, os fundamentalistas, os incapazes de arredondar ideias, os cheiozinhos de vértices, os que têm um espelho que lhes diz todos os dias "És tu, minha rainha", os desconfiados, os que classificam toda a gente, os que não têm nada para fazer, os burros, os chicos-espertos, os sacanas, os ladrões (de dinheiro, de ideias, de pessoas, de tempo e paciência), os lamechas, os coitadinhos e todos os FDP em geral.
 
8- Comida favorita
Leitão da Mealhada, do Pedro dos Leitões, pode vir frio, pode vir embrulhado, desde que venha. Ainda a semana passada, benza-o Deus... até lhe tirei dois retratos...

 
9- Doce ou salgado
Salgado, ou não fosse eu hipertensa. Mas faço doces muito melhores do que salgados.
 
10- O que te deixa feliz
(Isto é um blog decente, por isso vou ter que responder uma trivialidade do estilo olhar para os passarinhos e as florzinhas...)
A felicidade de umas quantas pessoas cuja felicidade depende da minha, num ciclo muito vicioso.
Praia. Nadar. Ginástica. Dançar. Uns sapatos novos. Um vestido novo. Quando o meu cabelo não se esmerda (e isso agora revela-se impossível, derivados da humidade que se faz sentir no ar. Já falei nisso?).
 
11- Escolher cinco blogues para este desafio: 
(desculpem...)

15/09/2014

Pensamentos que me germinam na caixa, porém nunca me chegam à boca # 6

Isto já se deu ontem, mas ainda não passou da validade.

Quando eu vou ao Noori, a regra é ir buscar para comer em casa, porque não gosto de comer em chópings, não chateio ninguém, mas também, faço-a em grande. Trago para mim e para vários, que eu não sou de prazeres solitários. E a cegada é sempre a mesma, dado que me abasteço no Noori do Colombo, que é apenas um balcão com quatro metros e meio ou cinco. Num dos extremos do balcão, encontra-se a caixa registadora, com pré-pagamento, após o que cada um espera que o funcionário lhe prepare a refeição. Portanto, tudo muito simples: filinha pirilau para pagar, seguida de filinha lado-a-lado para receber o repasto.

Ontem cometi o sacrilégio de pedir 9 nooris e uma caixa. Como é costume, e porque as quantidades que eu peço obrigam a chamar mais um funcionário para ajudar à elaboração da refeição, lá monopolizei os dois rapazes (ai a maluca), enquanto a rapariga se manteve na caixa. 

E é quando um senhor de idade - mas ca porra da sorte com que eu ando às cabeleiras brancas -, extremamente mal-educado, pergunta assim para a rapariga:

- Diga-me uma coisa, não existe outra caixa?

Mas isto é a Primark, ou quê, pá? Então não se está mesmo a ver que aqui só há este balcão e uma caixa, meu cabrão? E vamos lá a ver uma coisa, senta aqui: se houvesse outra caixa, ela servia-te para...? Pagar mais cedo e esperar o mesmo tempo, visto que os dois funcionários estão por conta da minha encomenda! Mon ancien, eu mal te apanhe num multibanco a uderes a vida a uma data de gente com as tuas demoras, a fingir que pagas a água, a fingir que pagas a luz, a enganares-te três vezes, a repetir a operação e mais os genitais masculinos, podes ter a certeza que serei a primeira da fila a perguntar-te se não há por ali outra caixa. A circular...

Pelo menos nesta última parte devo ter conseguido uma qualquer transmissão de pensamentos, porque ele desistiu de esperar e foi-se mesmo embora. É que ainda não acredito que ele perguntou existe outra caixa? neste sítio:


Como estou um bocadinho em modo "Ehhh, o coelho da Joana faz anos!"

e me apetece comemorar tudo, a todas as horas, hoje acho que vou comemorar o dia 15 de Setembro, cantando a uma só voz a melodia dos parabéns a essa maioria que faz anos hoje!

Só eu, conheço uma. Parabéns, Sara, nunca mais vais fazer 20 anos na vida.

Divorcio-me destes, ou não?

Primark, € 15,00

Ainda não estreei. Toda a gente os odeia. Eu não os amo, mas tenho um fraquinho por eles. Tenho o sapateiro a abarrotar. Existem sapatos no chão do meu quarto, à espera de vez (estes são um exemplo), parece a cena dos corredores dos hospitais. Tenho exactamente cinco pares que ainda não estreei, três deles com mais de dois anos. E não existe remédio, não existe doutor que possa curar (Rita Lee, sim, para quem se lembra).

13/09/2014

Entre les deux mon coeur balance...

 Nokia Lumia 530
Nokia Lumia 520

Só tem que ser Nokia. E poder pôr-lhe uma capa branca. Manias de velhos.

São iguais, quase gémeos, em termos de capacidades.

Estou mais inclinada para o 520, só por ter arestas redondas.

No final, vou escolher como faz um informático que eu conheço: fico com o que tiver as mamas maiores.

12/09/2014

Ainda só namoramos

DESCRIPTION

Saia aos godés em pele sintética forrada com elástico na cintura. A saia tem machos na parte superior e bainha sem acabamento. Fecho éclair atrás.

DETAILS

100% polyurethane. Machine wash at 30˚

Espera-me na H & M. 

Já me estou a ver de black opaco total, blusa (tipo Intimissimi), collants e sapatos que é indiferente, 
stilettos ou salto grosso, que se é para sofrer, é para sofrer e ficar linda. Porca.

Empreitadas em que me meto


Existe uma marca de mochilas que dá uma garantia de 30 anos. Leram bem. São caras (andam pelos € 40,00), mas parece que duram uma vida inteira. Parece, porque tudo depende do uso que se lhes dá. A garantia também parece que cobre tudo menos aquilo que acontece a pessoas que dependem de mim. Ou seja, mais valia ter rasgado a mochila, que a marca cobria. Assim, como foi o fecho que desandou, a marca não cobre. Põe um fecho novo, mas leva x pelo trabalho. Eu não sei o valor desse x, porque tenho máquina de costura, os meus pais fizeram-me com duas manitas, coser um fecho é pinars, lá me meti na empreitada.

Comprei o fecho e linha especial 100 % fibra, porque a linha de algodão ia-se partir toda às primeiras investidas da máquina no tecido da mochila. E foram € 9,50 que ficaram na retrosaria.

Meti-me à máquina, tratei de mudar a patilha para coser fechos, cadê a patilha? E a minha caixa de costura, que deve ser a única coisa minimamente organizada na minha casa, e que tem uma caixa da Singer com todas as peças pequenas da máquina, tinha todas as peças pequenas da máquina lá dentro, menos a p. da patilha de coser fechos. Despejei a caixinha e a caixa. Parti para o improvável das gavetas da cozinha - porque é no improvável que eu acho quase todos os perdidos - e nada da patilha. Meti-me na netinha e encontrei a única loja deste país e, se calhar, do mundo, que ainda vende e arranja Singer e lá fui comprar outra patilha. De caminho, comprei mais agulhas de coser à máquina, grossas, para aguentar aquele embate. E foram mais € 12,00 que ficaram na Singer.

E a p. da patilha não quis entrar na máquina. Com um alicate, a força de um bruto e muito suor, fi-la entrar. Depois foi a agulha que se recusou a coser. Batia na patilha, em vez de entrar no buraco. 

E voltei à Singer, com a patilha praticamente esmagada pelo alicate. Deram-me outra, portanto, desta vez, a despesa foi só com a gasolina. Diz o técnico que a minha máquina pode ter sofrido um desvio no braço e, por isso, a agulha pode estar a bater no sítio errado. Fiquei de lá levar-lha, caso isso se confirme com esta nova patilha. Mais gasolina, mais o arranjo.

Eu, se calhar, ia comprar uma mochila nova.

Perdi a conta ao número de vezes que escrevi patilha neste post. Patilha. Patilha. Vai na volta e a p. da peça nem se chama patilha.Porque eu sei coser, lá os nomes dos bois é que é sempre a mesma chatice.

10/09/2014

Ó Dux, e o bolor?

Eu não sei, não percebo nada de praxes, de capas, de marés nem de marinheiros, de tunas então, dessas fujo com medo porque parecem corvos e levantam as pernas daquela maneira, para entoarem aquelas melodias ai, ai, ai, ai eu gosto desta mulher, quero tê-la ao pé de mim, beijá-la quando eu quiser, e o gajo da pandeireta, esse então mexe-me com os terminais nervosos, posso não perceber nada de hierarquias e de temor reverencial, de ordens, comandos, meros acidentes, incúria ou inconsciência, mas de uma coisa eu percebo: de tratamento de roupas, porque eu, pronto, quase posso dizer que tenho uma lavandaria. Sabem lá o que é ter uma lavandaria, é só trabalhos que nunca mais acabam, é tipo fábrica de roupa lavada, entra suja, sai lavada, há mesmo linha de montagem e tudo, à séria, e várias máquinas e pessoas envolvidas no esquema. 

PJ, se me estás a ler: uma roupa molhada em Dezembro, entregue em Março ainda molhada, se não levar bolor agarrado, é porque já não foi molhada por aquela água. Nada que agradecer.

E como é que eu sei isto? Não, que a minha londri é modesta, mas asseada. Como não podia deixar de ser, aprendi com a minha cunhada, aquela mesma dos suminhos de laranja, que tantas vezes pôs a máquina a trabalhar à sexta-feira e foi passar fins-de-semana prolongados fora e, quando voltava, se via nas amarelas para tirar o bolor da roupa. Isto, diante dos meus lindos olhos, incrédulos, mas atentos, para nunca fazer semelhante burrice porcaria.

Bastam 4 ou 5 dias, Dux. Quatro ou cinco.

09/09/2014

Não será antes ao contrário?

Estava eu ao balcão de um cabeleireiro, mas do lado de cá, que é o da freguesia, não porque me tenha lá ido pentear - porque, conforme sabeis, eu fujo de cabeleireiros como os outros do dentista e o diabo da cruz e o diabo a sete -, até porque eu não me penteio, já chega de chatices com estas ondas todas para ainda lhes meter aqui o pente, mas estava ali por circunstâncias, e chega-se uma mulher ali assim e diz para o rapaz que se encontrava a atender ao balcão - tão giro e tão homo, olha o desperdício - qualquer coisa como que estava descontente com a manicure que lhe haviam feito ali, e que estava ali "para reclamar". Eu pus as aspas porque foi mesmo isto que ela disse, sic. Fiquei atenta, até porque sou insuportavelmente curiosa, mas, basicamente, porque não tenho nada para contar e sempre ficava com uma coisinha para vir contar ao blogue. E cá estou. Reparei, então, que se tratava de uma mulher com cerca de setenta aninhos já completos, cabelo seco como um carapau, pele tisnada, porque há peles que chegam aos 70 como se tivessem 90 (safo-me eu que, com os meus quase 80, ainda aqui estou que pareço uma rapariga, mas isto não é para todas e eu não sei se deva revelar o segredo do meu sucesso) e unhas lascadas. Da idade. Cabelo velho, pele velha, unhas velhas. E desenvolveu a queixa, que tinha feito manicure há uma semana e tinha as unhas que era uma vergonha. E eu olhava para aquilo assim a pensar: "Manicure normal, há uma semana, nessas unhas que, ainda por cima, se meteram no detergente entretanto, ai que até estão fixes para aguentar mais uma semana". O boneco dizia-lhe que era a primeira pessoa que se ia queixar da Rita, e ela insitia que também tinha queixas da Paula, aparentemente a outra manicure do mesmo cabeleireiro. E ele que nem da Paula algum dia alguém se queixou. Pura perda de tempo com argumentos, diante de uma pessoa que vê o mundo do avesso e não percebe que as unhas dela é que são uma boa bosta, em cima das quais não se pode fazer um milagre.

Isto lembrou-me um casal, que tem um café, aqui assim no meu bairro, mas um daqueles cafés que não dá para perceber muito bem o que é que querem da vida. Não é restaurante, mas serve umas coisas a imitar almoço. A primeira vez que lá fui, a dona do café, moça de carnes abastadas e faces coradas, que sorri sempre e incondicionalmente, vinha a dirigir-se para uma mesa, de tabuleiro na mão, quando desequilibrou o tabuleiro e despejou o conteúdo da lata da bebida em cima da cliente que estava à espera de almoçar. E, qual surpresa, a reacção imediata da desastrada, foi "Ai, deixe lá, os acidentes acontecem", tal e qual como se a cliente é que tivesse a culpa de estar ali no percurso do líquido, que era suposto e extremamente normal voar naquela direcção, nem o desastre se daria, não fora aquela inoportuna estar ali sentada à espera de almoçar. Outro dia voltei lá, porque eu gosto de sofrer. Mas não sofro em silêncio, para mal de pessoas como aquela. Peço uma fatia de quiche de espinafres - que ela tem na montra e apenas tem que aquecer 60-59-58-57-56... segundos no micro-ondas - e ela demora a chegar até mim, vá, cinco, dez, quinze minutos e saltou-me a rolha do melhor champanhe. Era ver as miúdas da secundária a entrarem aos magotes e a minha boa amiga a aviar baguetes como se não houvesse hoje. E, indelicadamente, pergunto assim: "Mas que raio de desorganização é esta? O que é que se passa aqui hoje?". E vai ela e responde-me assim para mim: "Ah, é que chegaram todos ao mesmo tempo!". Ou seja, as miúdas da escola secundária, eu e mais uns quantos que iam comigo. Devíamos ter chegado um de cada vez, que era para não baralhar o fusível à dóna Lídia. Olha, pá, PQP, que eu não volto cá, pensei eu assim para mim. Então, já percebi: o cliente é que nunca tem razão.

Agora pergunto-me: um dia eu vou ter as unhas todas lascadas e vou chatear as manicures do mundo porque toda a gente tem que ter a culpa das minhas lascas? Vou atribuir as culpas dos meus males a toda a gente menos a mim mesma, à sorte, ao destino, ou à passagem do cometa Halley? A sério que isto me preocupa, porque, com esta especial tendência para reclamar de tudo (já escrevi uma verdadeira enciclopédia, só com a quantidade de queixas que apresentei em livros de reclamações!), será que, um dia, não começo, também eu, a ver tudo ao contrário, e aquela velha das unhas lascadas, ou a gorda das faces coradas, não posso ser eu?

Cabelos ondulados # 2

Descobri mais uma pólvora seca. Os cabelos ondulados precisam, muito, para além de uma boa hidratação, também de uma boa espuma que defina as madeixas, sob pena de umas quantas, quando não todas, se transformarem em nuvens de cabelo, nacos de lã, esfregões de palha de aço, que vocês não sabem o que é, porque já ninguém usa disso.

Durante muitos anos, usei esta:


Eu paguei sempre entre 11 e 12 euros, este amigo diz que vende por 9,96 (mais portes, a coisa dá-se)

E agora descobri esta:
*

Que são iguais, fazem exactamente a mesma coisa, que é a definição das mechas de cabelo, o assentamento da nuvem, por assim dizer.

É compararem o preço de uma e de outra e tirarem conclusões, em tendo tempo.


* e continua a ser um facto que ninguém me paga para isto. Nem eu me venderia por tão pouco. Tenho é um gigantesco espírito de abnegação.

08/09/2014

07/09/2014

A Worten vende penis

Fui à Worten e apercebi-me que lá vendem penis.


Ah, não, espera. Era para ser o plural de pen, mas escreveram, traduzindo, "do pen".

Que cabeça a minha. Assim, à primeira vista...

Os meus bichos # 2

As duas gatas estão esterilizadas. Teve que ser, contra minha vontade. E, pelo menos, na mais nova, serviu-me de consolo saber que a operação lhe salvou a vida, porque tinha quistos no útero. Mas a mais velha, operada há três anos, continua a fazer marcações de território. De vez em quando, prega-me uma mancha daquele líquido (e não é nada urina, senão ninguém chegava perto da caixa de areia, mesmo com areias perfumadas) onde lhe apetece. Ultimamente, faz aquilo uma vez por dia. Já me cheira em todo o lado. Entro na cozinha:

- Cheira-me a mijo.

- A gata não fez.

- A gata fez. Cheira-me.

Entro numa casa-de-banho.

- Cheira-me a mijo.

- A gata não fez.

- A gata fez. Cheira-me. Esse saco de argila, saiu de onde?

- Do armário da casa-de-banho.

- Então, a gata fez chichi lá dentro. O saco cheira-me.

- A gata não entra dentro do armário da casa-de-banho.

- Apanhou-o aberto e fez para o saco da argila.

Entro na sala.

Cheira-me a mijo.

- A gata não fez.

- A gata fez. Cheira-me.

- Estás a ficar paranóica. 

- Sim, tenho olfacto, mas sou paranóica.

- A gata mijou no teu nariz e agora cheira-te a mijo por todo o lado.

(fuck, às tantas...)

Os meus bichos

A gata sai de casa, para o hall dos elevadores, cada vez que se abre a porta. A vizinha da frente tem cão. O tapete da entrada da vizinha da frente tem pulgas. A gata apanha uma pulga de cada vez que sai de casa. A gata é um animal limpo, como todos os gatos. Expulsa a pulga.

Eu tenho as pernas cravejadinhas de dentadas.

E canta-me, em repeat, este grande hit da música super pop portuguesa:



No entanto, o que sinto por um gato que dorme assim,


é amor.

A-M-O-R.

04/09/2014

Lembram-se da Marlene Dietrich?

Eu acho que era Marlene Dietrich o nome daquela grande gigante querida que escavou os túneis do metro de Lisboa, lá para 1993 e ou seguintes. O Google não me dá a certeza, a minha memória é a papa líquida que se sabe, de vocês dois não me posso socorrer porque éreis pequeníssimos à data, portanto, isto vale o que vale, ou seja, noves fora.


E o que eu tenho pensado na boa tuneladora nos últimos dias? Sonho acordada em instalá-la na minha casa, rente à parede que separa meu AP do da vizinha gritona, deslargar o cordel da Marlene (há-de ter um cordel para a ignição...) e deixá-la escavar isto tudo até arrombar paredes e muros, e prolongar o meu modesto lar até lá ao fundo, até bater na parede da casa da velha que usa todos os dias o saco do El Corte Inglès quando vai passear, deve lá levar os restos mortais do marido, isto é só malucas no meu andar, no meu prédio, no meu bairro e no mundo, safo-me eu, que só quero ter uma casa maior, são mais três divisões, parecendo que não, e até nem me importo de ficar vizinha de paredes meias com a velha do saco, vai na volta e ainda lhe meto a Marlene pela casa dentro também e ainda ganho mais três assoalhadas e livro-me da velha e daquele bendito saco do El Corte Inglès tudo de uma assentada. Tudo malucas.

De mão na anca é que se está bem

1ª Sit
Levo uns ténis de basquete, de uma pessoa que eu cá sei, ao Decathlon, para mandar bordar o nome da dita, numa determinada zona dos ténis. Pago dez euros e eles vão para a oficina. Voltam da oficina com o bordado num sítio diferente, dois centímetros ao lado. Reclamo por escrito. Resultado: Decathlon devolve-me o preço dos ténis, velhos, como se fossem acabados de comprar - 90 euros para cá, mais o preço do bordado. Cem paus pela brincadeira. Pumba.

2ª Sit
MEO retira-me os meus canalinhos. Reclamo por escrito. MEO responde que ai não sei quê. ANACOM responde que não é com ela e a pata que o pôs. Resultado: os meus canalinhos voltaram todos por obra e graça do Ricardo Salgado. Pás, já posso adormecer a ver os meus criminhos e o meu trashinho.

3ª Sit
Eu estou a pagar as compras do Continente. Sessenta dele. Amanhã volto lá, não penseis que isto são as compras do mês. São as do dia. E processa-se o diálogo:

Chica Esperta - Não quer comprar o nosso magazine?

LP - Não.

CE - E esta pega para os sacos?

LP - Também não.

CE - Mas é tão prática...

LP - Mas isto agora é a Sephora ou quê? Uma pessoa chega à caixa e parece que nunca chega o que leva nas mãos, que estão lá elas ao balcão para nos impingir mais não sei quantas coisas...

CE - Assim, a senhora levava os sacos todos na pega...

LP - Pois era. E levava os sacos todos no mesmo braço.

CE - Levava duas pegas, uma para cada braço.

LP - Até levava oito pegas, uma para cada saco. Essa só me faz lembrar aquele outro saco que vocês para aí venderam, que eu caí na asneira de comprar, e depois metia os sacos todos dentro do mesmo saco, ou seja, carregava as compras todas com o mesmo braço.

E acabei de ensacar, paguei e fugi.

Amanhã tenho um mail do Continente a dar-me vales de coisas que eu não compro, mas vales.

02/09/2014

Tudo por causa dos cabelos, ao longo de uma vida

e também por mais uma ou outra característica, diz-me com quem já te compararam

Pocahontas, Isabelle Adjani (em "L´ été meurtrier"), Regina Duarte (como Porcina, em "Roque Santeiro"), Julia Roberts (como Erin, em "Erin Brockovich") e Mary-Louise Parker (como Nancy, em "Weeds").

E diz-me como te sentiste tu, não uma, não duas vezes.

Um pagem da Idade Média, o Mogli, Lara Li e a Heidi.

Isto é verdade. E fica-nos para sempre.

Quando eu ganhar o Euromilhões # 7

Continuo a ser uma pelintra feliz. E, cada vez que me aparecer uma oportunidade destas, vibro toda de felizinha que fico.

Triquini Ada Gatti *
Preço inicial - € 59,99
Preço outlet - € 39,99
Preço outlet + saldos, ontem, LP got it - € 13,99

* Ninguém me paga para isto. Comprei-o porque o adoro, porque procurava O triquiniduzentos anos, porque o preço está tão bom que até trouxe dois, descontrolei-me.

Et Mme. Gaffe, où est-elle?


Pouquoi ai-je cette impression?

(imagem palmada, como sempre. Esta foi daqui, vá lá que hoje me lembrei de dizer)

01/09/2014

Ai, minha rica tia!

Trabalho novo. Prazo dia 8. 

Vou hibernar.

Só venho cá dar notícias da minha rica tia, que eu ando com as bruxas atrás de mim, e cheira-me que a tia está por dias.

skinny

Este post é para ti, magrinha, e nem vou pôr links porque tu sabes que é de ti que estou a falar.

Ser-se magro é um fardo muito pesado. Eu já fui magra-magra, nunca fui esquelética (nem tu és), mas lembro-me que não era bom e não quero voltar a ser. Porque uma pessoa magra sofre o dobro do que sofre uma pessoa muito gorda. O estigma social é o mesmo - as alcunhas, as piadas, as perguntas sobre o nosso estado de saúde, as comparações com objectos, pau, esparguete, espinha, palito, canivete -, mas ainda tem que aturar o que deve ser inveja, subjacente à magreza, coisa que um gordo nem sabe o que é. Ninguém inveja um gordo pela sua gordura, nem mesmo aqueles que associam a gordura à porreirice e à boa disposição. 

Mesmo assim, não se percebe qual é o problema de se ser magro. Os magros podem fazer esforços sem se cansarem tanto. Não suam tanto. Não morrem de enfarte. A magreza é uma mais-valia que, em não chegando a extremos, em que é evidente a presença de uma doença associada, é uma excelente herança, que só a genética pode fornecer. Nas mulheres, a seguir ao nascimento dos filhos, o corpo arredonda-se e os ossos forram-se. Ou seja, uma magrinha compõe-se, consolo que nenhuma gorda pode ter. Normalmente, fica só mais gorda. Nem pode aspirar a ser magra, quando nunca foi. Ser-se magro é como ter-se olhos azuis ou dentes brancos: a natureza dá ou não dá. É claro que eu posso sempre pôr lentes coloridas e fazer laser para branquear. Também posso fazer dieta toda a vida. Mas, se isso não estiver no meu código, nunca vou ser magra. Posso-me matar a malhar e entrar num regime rigoroso, posso secar banha e tonificar músculo que, se o meu esqueleto for largo, ou se me distrair da dieta, ou se o meu metabolismo, hipófise ou pituitária entenderem ao contrário, não fico magra. E vou pagar isso com a cara, com o cabelo, com a pele, com o cansaço, com a alegria e com o viço. E com um feitio de merda, também. Para ser bonita? Isso lembra-me as pessoas que se bronzeiam exageradamente, e rapidamente, correndo os riscos inerentes, para estarem bonitas durante duas semanas. Isso serve para quê?

Fui magra na adolescência, que é quando mais custam as "diferenças", detestava que me pusessem alcunhas, detestava que os mais velhos me perguntassem pela minha saúde, mas agora, décadas volvidas, levanto as mãos aos céus por ter sido tão magra durante tantos anos. Comia o que queria e nada me engordava, embora isso já não seja assim. Agora tenho que ser muito mais cuidadosa, porque, com o passar do tempo, o nosso metabolismo vai ficando cada vez mais lento e, mesmo que comamos as mesmas quantidades que comíamos uns anos antes, engordamos à mesma, exactamente porque o metabolismo processa os alimentos muito mais lentamente. Mas de certeza que nunca vou ser gorda. E essa certeza à genética a atribuo e agradeço. 

Mamita, Papito, merci bien.

E tu, deixa-te estar como estás, que estás óptima.