30/08/2015

O meu discurso dos Oscars

Era nisso mesmo que eu estava a pensar agora: o meu discurso dos Oscars.
Por acaso, acho que toda a gente já formulou um, mentalmente. Mesmo aqueles gajos que vão aos Oscars e até recebem o piaçaba amarelo, e depois vão para lá gaguejar e lacrimIjar e não sei quê, vocês não acreditem naquele show off, naquele trailer, naquele blooper. Os gajos treinaram tudo, andaram que meses a falar alto no cagadócio, a ensaiar as lágrimas, as hesitações, o momento em que erguem o coiso, armados em estátua da liberdade, o gargalhedo e os tropeções (não vou falar na Jennifer Lawrence, senão ainda alguém me aponta a unha da inveja e eu faço aqui uma birra digna de registo notarial) e também as gaffes e outros enganos.  
Eu nunca vou ser famosa, principalmente porque não quero. Neste momento, para alguém atingir o estrelato em alguma área, terá que, basicamente, matar os vizinhos todos à facada e depois mandar vir a CMTV. Mesmo assim, para além da trabalheira que dá, são ali duas horas mal contadas — aquilo que os americanos chamam os quinze minutos de fama de cada um —, para amargar com uma pena de oito anos às riscas (nunca percebi essa do sol aos quadradinhos diante de janelas com grades paralelas e verticais).
No entanto, tenho o meu discurso preparado, djast in queize, o mesmíssimo que, se não servir para o púlpito ao qual nunca penso subir, servirá que nem uma luva cirúrgica aos meus últimos momentos nesta zona: 

Agradeço-me a mim, e ao meu talento, que, pese embora nunca ter existido, eu, talentosamente, convenci todos da sua existência.

2 comentários:

  1. O teu discurso, infelizmente, aplica-se a "montes" de "artistas" que por aí andam... um bocadinho como a história do "Rei vai Nu" :P

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    1. Ele é para ser usado em qualquer ocasião que se preste. Para os Oscars, penso que já não irei, a menos que surja para aí uma longa metragem em que precisem de uma actriz estrangeira com o meu perfil, e me descubram na toca :P

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