Puseram esta macaca no chão da farmácia onde entrei. Também se chamava avião. Para lá das casas 7|8, fica o balcão. Para cá da casa 1, fica a porta de entrada. É uma tentação percorrer, ao pé coxinho, os números todos. O que me vale é ter o esquema mental ainda tão presente, e sei que voltaria à 1 e, então, ficaria junto à porta outra vez, mas agora de saída. E estou de saltos altos. E tenho idade para ter juízo. E tenho juízo. E tenho idade.
Aos 15 anos, escrevia nos meus milhares de diários, uns dias acordo com 15 anos, outros com 80.
O pior é que isso continua a ser verdade, mas, quanto mais me aproximo dos 80, mais são os dias em que me sinto com 15.
Disse-me uma sumidade em cardiologia, um dia que o consultei para que me calibrasse a máquina, descompassada, inquieta e irrequieta, quando lhe revelei esta matemática dos números da minha idade, e lhe transmiti o desassossego que seria, um dia, completados finalmente os 80 anos, continuar a sentir-me com 15:
Olha, filha — as sumidades em cardiologia são como deuses e sabem-no, e é por isso que se sentem nossos pais e também um bocadinho donos (da duração) da nossa vida —, o pior não vai ser quando tiveres 80 anos e te sentires com 15. O pior vai ser quando julgares que os tens.
Ainda não julgo. De resto, fui sempre má julgadora (faço excelentes avaliações e péssimas condenações, logo, não sei julgar com justiça e justeza). Mas sempre boa matemática. Por enquanto, ainda faço a média entre as duas idades com que me sinto, e dá-me um resultado satisfatório. E esse, sim, justo.
Não vejo prejuízo em ter juízo, ora se estás de saltos... podias fazer um entorse. Da próxima que lá fores... é perder o juízo e calçar uns ténis.
ResponderEliminarOu, melhor (ou pior?), descalçar-me...?
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