Nuvens, vento e chuva, e mesmo uma pequena tempestade de areia, que durou dez segundos e nos tolheu de panos pela cara, tão sauditas, partiram para parte incerta — pela 125 azul, quem sabe. Avisto, a perder de vista, bandeiras, que podiam ser daquele verde do mar, entre o azul onde começa e o quase castanho da rebentação, onde acaba. Paralisaram, as bandeiras, adormecidas, por hoje, cansadas do hasteio e do desfraldamento diários e estivais.
Toda a gente lê na praia, menos eu, que só quero escrever. Encho papelinhos e papeis, que terei que passar a limpo mais logo, ao computador, e se eu embirro com portáteis. Só o teclado já é uma prova de nervos. Adiante, estou de férias.
O mar está tão parado quanto as bandeiras. E, por isso, ainda mais salgado, lágrimas de Portugal. Saio de lá com as pestanas esbranquiçadas. As toalhas de praia chegaram àquele ponto em que, se as puser de pé, fazem biombo. Ou para-vento.
É preciso ter sorte com os vizinhos, e isso é válido para todas as relações que envolvam partilha de espaços. Espetar o chapéu num alvo qualquer, e depois verificar que acertámos na pontuação máxima do péssimo, é como meter uma lança em África, mas ao contrário. Um continente tão grande, e parece que fazemos tudo para que no calhe o vizinho barulhento, o que fuma cigarrilhas, o dos miúdos malcriados, ou o malcriado, himself, que diz um palavrão palavra-sim, palavra-não, como as portas de Olhão. Eu também digo palavrões, com a diferença que não os imponho a ninguém. Digo-os sozinha, de sozinha que fico. Não poluo os ouvidos alheios. Mesmo no blog: quem me lê, sabe que os escrevo, pois sim, mas merda é um galicismo, e não conta, genitais. De resto, que se fornique.
- Isso páréci mintchira. Hoji á fábrica num tchinha dji márácujá. Amanhã já teim, cum cerrteza.
- Eu já percebi que vai mandar fazê-las, só para mim.
E rimo-nos, porque o amanhã já teim significa uma promessa de que amanhã ainda cá estamos. E lá vai ele, a sambar, os olhos metidos nuns óculos de sol espelhados — de lentes azuis, claro.
Quirida, cê num sábi ápriciár um ómi dji vêrdádji! :D
ResponderEliminarBeijocas, Lindinha. :)
Sei, sim :)
EliminarAcontece que se trata de um menino, quase um capitão da areia.
Beijinhos, Marioska :)
Porque é que eu leio isto e penso no "meu" amigo Anderson?
ResponderEliminarQuem sabe o "meu" Maracujá não se chama Anderson...? :)
EliminarMas ele não é um menino... Excepto na cabeça, claro!
EliminarSe for ele, manda um abraço! Ele sabe o meu nome!
Ao pé de mim, é um menino! Vinte e picos?
EliminarEu diria que da minha idade...
EliminarNão tem, não.
EliminarDa tua altura e bem magro.
(podes estar a falar de um outro, mais baixo, menos magro, mais velho)
Mandei um email tira-teimas! :D
EliminarNão são o mesmo. Maracujazinho é claramente mais escuro (passe a contradição) e mais novo. E os óculos são de um azul-azul, já que os olhos não podem ser :)
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