04/08/2015

É tão pouco blogger da minha parte

Às vezes, chego aqui e sinto-me um miúdo pequeno que vai atravessar a estrada sozinho, pela primeira vez na vida. Aquela sensação, que já todos experimentámos, de ver os carros passar e não saber muito bem qual o momento certo para dar a corrida até ao outro lado, que tanto pode ser a continuação da nossa caminhada, como o nosso atropelamento, quem sabe se mortal.

Vejo-as tão perfeitas, arranjadas, arrumadas, casas de sonho, maridos amantíssimos e filhos impecáveis. Vidas boas, preenchidas de tanto vazio, tudo em grande num país cada vez mais pequeno. Ou mirrado, enfim.

Nunca acordam com cara de parva? Nunca apanham tempestades dentro e fora de casa? Não se entalam na gaveta das cuecas? Não batem com o mindinho na esquina do móvel (cabrão do móvel, aqueles quatro pés andam para a frente, pregam rasteiras)? Não ouvem o que não querem, mesmo que não tenham dito o que querem? Não fazem fretes? Não têm pó em casa? A pessoa a quem pagam para o fazer, já percebeu, ao fim de dezassete anos de súplicas, que não deve passar os toalhões a ferro, ou continua a passá-los, até se transformarem em lixa número 3? Nunca têm um pêlo, que toda a gente vê, menos a própria? Nunca andam com um caco pendurado do nariz, que só vêem no próximo espelho, horas depois? Nunca têm a casa num caos de gente viva que vive lá dentro? Nunca acordam de noite, torturadas pelos males do mundo? Nunca morrem um niquinho?

Já agora, nunca lhes acontece nada de cómico, de tão trágico que é? Nunca tropeçam? Nunca soltam uma inconveniência daquelas que, quando dão por ela, já está (tipo peidinho, mas saído da boca)? Nunca reagem de forma estúpida e absurda, e depois se vêem na contingência, por si mesmas criada, de pedirem desculpas? Nunca se vêem imperfeitas e lindas? Nunca vivem?

Devem ser bailarinas.

10 comentários:

  1. Não nunca. E acho até q tb n caga*, de tão perfeitas q são :p

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    1. Nem aquelas cagadelas boas, boas, que de prazer e alívio? Nem essas? :P

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  2. Nunca nada é tão perfeito assim, mas a verdade é que a vida que se mostra nunca é a vida que se tem (salvo raras excepções, porque achas que gosto de vir aqui?? :P)
    Beijossss

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    1. Mas as fotos, meu Deus, as fotos...!? Se eu mostrasse fotos da minha casa, grande parte das vezes, iria parecer que vivia em constante terramoto! :D
      (É porque eu sou desblogger, desconstruída, desbocada, etc.? :P)
      Beijos, dear.

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    2. E também porque és querida :P Ah e gosto dos teus sapatos :P
      Beijos

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    3. Tu também és querida, Impita :)
      Quanto aos teus sapatos, só vendo. Mas já sei que gosto :P
      Beijos

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    4. Ainda bem q n sou só eu q tenho a casa em estado de sítio!! :)

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    5. Não és, não :)
      Às vezes, parece que passou o Katrina!

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  3. Macaquita pede-me a saia de bailarina, quando chega a casa, rodopia, rodopia, dança, levanta a saia como as princesas. Linda, naqueles cabelos loiros e cara de boneca. Tão perfeita que parece uma bailarina de verdade, até ao momento em que lhe peço ajuda e me responde "julgas que sou tua empregada??!"
    Na "bloglândia" não é diferente, cada um publica as fotografias que quer, eu prefiro as genuínas. Histórias de fadas e princesas só na hora de deitar...

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    1. :) que querida :)

      Mas as bailarinas a sério têm uma vida de sacrifício, que não se compadece só com a parte do "sonho".
      (Tenho uma em casa. Pobre menina. Ela é feliz, mas os pés dela não são.)
      Deixa-a sonhar, enquanto é pequenina.
      A questão destas outras é que nunca deixaram de sonhar. Ou acham que os outros andam nas nuvens. Às vezes, gosto de partilhar daqueles delírios, também. Alienar-me assim, porque não sou a favor de drogas. Mas, a maior parte do tempo, estou acordada, e não acredito em fantasias.

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