05/03/2016

Nesta data querida

Deixei de fumar há vinte anos e a minha gata Mia hoje faz sete anos. A ordem dos factores não é arbitrária, mas também não sei qual é. Cronológica, talvez.
Passei o dia todo a querer comemorar um acontecimento e o outro, mas não comemorei nenhum.
Podia ter fumado um cigarro até queimar, porque eu adorava fumar.

(Ainda hoje nos rimos, ao lembrar uma época em que, tendo comprado um maço de cigarros em Badajoz, e porque cheiravam muito mal, os guardámos para ocasiões em que não houvesse mais nada para fumar em casa. No maço, estava escrito, numa letra muito rebuscada, "De Lujo", mas o L era tão retorcido que parecia um S, e então era ver-nos, fechadas no quarto, à noite e às escondidas, de janela escancarada sobre a cidade, agarradas aos cigarros mal cheirosos, e incrédulas com o "De Sujo". Então, tínhamos épicos diálogos, "Olha lá, diz aqui 'de sujo'. Tu achas que isto é feito com lixo?"; "Deve ser, cheiram tão mal...".)

Podia ter enchido a gata de beijos até ela me arranhar, mas já me doem tantos arranhões.
No entanto, ainda me sobram uma hora e dez minutos para decidir se, efectivamente, opto pela queimadura ou pelo arranhão.

Sem comentários:

Enviar um comentário