11/03/2016

Gata baby suicida


Assim tenho eu uma gata em casa.
Às onze semanas de vida, ainda não sossegou. Vive connosco há seis. Quarenta e dois dias, e a farra continua.
Em vinte e quatro horas,
1. Ainda mal o dia raiara, atirou-se para dentro de uma sanita — quero dizer, atirou-se mesmo, nem sequer se apoiou no rebordo, simplesmente disparou lá para dentro —, e ficou, a quatro patas, todas abertas, assim como uma raia, se as raias tivessem patas, o bandulho mergulhado nas águas sanitárias, não fétidas porque, naquele preciso momento, estava a louça impregnada de detergente, precisamente;
2. Mais pela tardinha, e porque devia estar aborrecida da vida sem esbórnia que lhe é proporcionada, achou que fazer da sala uma arena era a melhor opção para combater o tédio. Julgo que pretendeu recriar uma cena tauromáquica, ou, de forma cristã e literalmente original, um circo romano. Talvez por semelhança cromática, ou vá-se lá perceber por que outro motivo, entendeu que a Mia fazia tranquilamente o papel de toura e ela própria — por que não? —, de forcada. E deu-se a pega de caras. Eu vi (e quase ouvi aquela melodia
) quando a pequena gata entrou porta dentro, ladeou a grande (era o quê? Uma pega de cernelha?), depois rodeou-a (era o quê? A decidir-se pelo papel do rabejador?), e, finalmente, foi-se a ela a todo o gás, frente-a-frente, consumando, desta forma, a pega de caras. Ooooooolé!


É claro que a outra lhe deu um sopapo, só com uma pata, com aquela sobranceria de que só um gato é capaz. E ela ficou deitada, de lado, o rabo num pompom, a rosnar (imagine-se um forcado, acabadinho de levar sopa de corno, encolhido nas areias da arena — pois é, palavras irmãs — assim estava ela);
3. Mais à noitinha, ouço o grito (pensava eu que) inconfundível de um gato a ser pisado. Fui ver. E não era o ovário. A tipa tinha-se enfiado numa prateleira, onde em tempos coube, e não conseguia desenfiar-se.

Também tem coisas muito ternurentas, escatologicamente falando. Não sei se por claustrofobia, ou por exibicionismo, não conseguiu adaptar-se à porta da caixa de areia, pelo que a retirámos. Assim, só não faz as suas necessidades a céu aberto porque a caixa ainda tem tampa, e nós ainda não vivemos ao ar livre. No entanto, trata-se de uma criança. E também de um gato: quando defeca, escava, escava, escava, com uma intensidade tal que, um destes dias, vai parar ao andar de baixo (e lá se me vão os chocolates e o champanhe no Ano Novo que o vizinho oferece). Escava, sobretudo, no canto errado, deixando as caganitas à superfície (fica giro, parecem os relvados de Lisboa, mas com areia. Ou a praia da Cruz Quebrada). Naquelas mesmas 24 horas, Dona Molly conseguiu o pleno, no momento em que fez saltar um cagalhoto porta fora, e depois andou a brincar com ele, qual bolinha, até ser apanhada, vá que não com a boca na botija, mas seguramente com o cocozinho a rolar sob as patitas.
Então não é uma ternura?


6 comentários:

  1. Anónimo11/3/16

    Gatos!
    Pior, putos gatos!

    São, são mesmo uma ternura!

    :)

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    1. São, mas conseguem exasperar uma pessoa adulta!

      :)

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  2. Anónimo11/3/16

    Tens a certeza de que tens uma gata? :)

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    1. Não muita, não. Ou é arraçada de cadela, ou de leoa.
      :)

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  3. São tão queridos!!
    Gosto de ver um dos meus gatos a tourear o outro, começa a andar à volta dele , aos saltinhos e de repente, pumba, atira-se-lhe para cima. E já são gatos adultos.
    Tive um gato que se meteu dentro do fogão que para o tirar quase que foi preciso desmanchá-lo ( o fogão , não o gato).

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    1. Ah, então isto é o que me espera...? Esta foi só a primeira pega de caras?
      Pobre Mia, já é uma senhora com 7 anos.
      São cá uns pinantes (Cristo...)!

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