05/02/2018

Call me by your name

(se acharem que é spoiler, é não lerem # 4)

Amei. Muito, muito. 
É daqueles filmes que cada um adora pelos seus motivos: uns pela história, outros pela beleza da imagem, outros pela música (uma banda sonora de gritos), outros por tudo junto, se calhar outros nem sabem bem porquê. Eu, simplesmente, entrei no cenário, naquele Verão de 1983, naquela casa incrível, naquele aborrecimento versus euforia que é ser-se adolescente no Verão, naquela luz que existe para além das nossas questões e das nossas dúvidas. Bom, eu vivia claramente nas calmas num sítio daqueles. Não só a casa, mas toda a zona envolvente, e com aquele pessoal que ora fala Inglês americano, ora fala Francês, ora fala Italiano (que são para aí, para além do Português e do Portuñol, as únicas três línguas que eu entendo e falo qualquer coisa que se ouça). E os dois protagonistas, tão giros! Pronto, não queria nada com eles (vamos pôr assim as coisas), mas uma pessoa gosta de lavar as vistas sem ser com essas micelares que as bloggers dizem para as outras pessoas usarem.
Muito, muito boa, a recriação da época: as pulseiras da amizade, os relógios electrónicos Casio, as calças de ganga que se chamam actualmente mom fit — pudera! —, os ténis One Star, os cabelos escadeados e encaracolados, o pessoal a fumar constantemente, tudo, rigorosamente tudo, a bater certo, ao contrário do que é costume neste tipo de evocações de determinados períodos, em que se faz uma grande confusão entre os anos 80 e 90. 
Itália é bellissima, tenho mesmo que lá ir.
Não digo mais nada, senão ainda sou acusada. 


Não sabia qual das músicas é que havia de escolher, vai esta. É tudo bom.

16 comentários:

  1. Opá, só falaste da mobília de que é feita o filme. Entendo que é para não dar spoiler. Mas.

    Aponta aí: Phantom Thread. Bomzarrão também!

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    1. Claro :)
      A poesia, os tempos certos (o respirar das personagens, que é uma coisa tão invisível, e ali tão bem marcada), a ausência de malícia, a mensagem subliminar do pai do Elio (também ele...), disso não podia falar. Aliás, ainda estou a digerir, ainda só tenho 24 horas daquilo tudo.

      Pronto, já está. Parece que eu já não tinha problemas que me chegassem :)

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    2. O Phantom Thread é excelente. Continuo a preferir, dos 2017, o Call Me By Your Name. Mas olha que o Phantom segue ali ao lado...

      Ciao. :)

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    3. Já o inscrevi na lista, que está cada dia maior. Espero poder ver todos. E eu nunca fui ávida cinéfila, mas tenho a sensação que o ano passado foi particularmente bom.

      Ciao, ragazzo, come stai? :)

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  2. Já eu, se te disser que faço todos os anos cerca de 2000 km bem contadinhos SÓ para ir ver filmes para o Porto, acreditas?

    São as desvantagens de não viver na big city.

    Oh, não vamos começar a falar em italiano, não? :)

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    1. 2000? Se morasses em Lisboa, não eram muitas viagens anuais.

      A big city é Lisboa, certo? :)

      Perché no, carissimo? :D

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    2. Em Lisboa é que acontecem coisas. Preparai-vos, um dia, eu chego. ahahah!

      Nada de nada além do mais básico. Na leitura posso captar coisas, mas a falar e escrever é zero.

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    3. Muito verdade. Não me imagino a ter que fazer uma viagem para ver qualquer coisa que tenho ao virar da esquina. E não acho justo que seja assim, mas continua a ser. Com os festivais de Verão, já vai sendo diferente, mas a génese também é outra.
      :) vou pondo os tachos ao lume!

      No filme também falaram Alemão, mas eu não referi de propósito, porque também pesco zero vírgula três.

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    4. Aveiro é uma pasmaceira. A oferta cultural é pouca e à base de lógicas comerciais. Por exemplo, as salas de cinema que tenho mais perto, 75 % dos filmes é bonecada pensada para as crianças e os restantes são os blockbusters mais patéticos. Por vezes fura um ou outro decente... raríssimo. Tenho é uma sala em Ovar, no Dolce Vita, que a programação é excelente. Está sempre às moscas. Porquê? Para já, aqui da «província» só se faz 1 poeta em cada 10.000 pessoas. Ou seja, eu sou o único na cidade e arredores, estás a ver? :) Vejo sempre os filmes sozinho naquela sala. Depois, o projector que eles têm e o sistema sonoro é de fraca qualidade. Pagas 3,80 de bilhete, menos mal. Se eles apostassem em elevar a qualidade técnica da coisa, eu era o primeiro cliente. Estava lá batido. Tenho de lhes falar nisso. Ou seja, os filmes bons que passam em Ovar e no Porto, escolho sempre ir ver ao Porto - mas já apanhei autênticas pérolas (Sundance, Berlinale, outros) na sala de Ovar. Uma pessoa sai é um pouco desgostosa com a qualidade de imagem e som. Enfim, é o que temos.

      Em boa verdade, já podia aí estar. A gaja roeu a corda. Éramos felizes. Ela a estudar Camões e, eu, Chagall. :)

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    5. Aqui também escolhemos as salas, mas por motivos totalmente diversos. E fúteis. (Proximidade de casa, tamanho do ecrã, conforto das cadeiras...) Depois, há filmes excelentes que ficam pouquíssimo tempo em cartaz e desaparecem logo, nem dão tempo a que se chegue a ir. Não são “elegíveis”? Não percebo os motivos. Depois tens aquelas pastelarias, como o La la land, semanas a fio...
      Acho muito bem que faças essa sugestão. Pagas o preço que te pedem pelo bilhete, não pagas? :)

      Olha, seres o único poeta não é uma coisa boa? É sempre preferível sermos raros. Eu, por exemplo, quase falo Italiano :)

      Dá-lhe nós de marinheiro. Trá-la à força. Lê-lhe “As líricas” :)

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    6. Esses filmes que desaparecem num ápice é porque não são rentáveis, digo eu. Era um sonho. A sala é pequenina, mas confortável. Nem me importava de que subissem o preço.

      Em Lisboa há mais concorrência. A proporcionalidade de poetas aumenta, par a par com a língua de Fellini, quase falada, pelos vistos. :D

      Enviei-lhe um bom ano. Nem me respondeu. E era o mínimo. Não deu, ok. E eu: glup. NEXT. Só a pensar. Ela já não ouve, nem príncipe nem sapo. Ficou com um pseudo-trauma ao nome Diogo, suspeito. Só o cheiro do nome, ui... :)

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    7. Eu prefiro as salas pequeninas, por serem mais confortáveis e mais intimistas. Ouve-se tudo, não dá para comer pipocas sem que se saiba exactamente quem é :)

      Sim, se saem do circuito é porque não vendem bilhetes...

      Em Lisboa também há muitos falsários e muitos falsos poetas. Não terias nada a temer. E até há onde aprender a língua de Fellini! :)

      Já não se fazem raparigas como antigamente :)
      Se calhar mudou-se para a China e lá o ano novo é diferente :)

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  3. A Itália pitoresca e os Psychedelic Furs! Tem tudo para ser um grande filme. Vou ver se vejo. :)

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    1. Diz que é "algures no norte de Itália", mas esse pormenor é indiferente, visto que é na Itália rural, ou não urbana (cheia de Fiats!) que se passa a acção. E a música, vá lá... :)

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  4. Só para ouvir esta musica, já vale a pena ir ver o filme...

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