07/02/2018

And that awkward moment # 45

em que, fazendo valer um direito teu — alguém não passar à tua frente numa fila —, ficas com a leve sensação de que acabaste de assinar a tua sentença de morte?
Se não, vejamos: estás à porta de um local com balcão, e serás a próxima a ser atendida, mal a pessoa do atendimento se digne chamar-te. 
Uns dias antes, tiveste ali um pequeno quid pro quo com ela, por te lhe teres dirigido com um sorriso, a figura estar ao telefone, ter-te espetado com a palma da mão no ar, ter vagamente tapado o bocal do aparelho e ter-te sussurrado, com um modo que parece que não te agradou, "A senhora tem que esperar lá fora". Como se o local fosse a embaixada dos Estados Unidos, e ainda que fosse. Deu-se, então, que, passados minutos, a mesma pessoa veio chamar-te ao corredor (o "lá fora" dela), e, uma vez que te encontravas a jogar jogos no telemóvel, deu-se a tua vez de lhe espetares a palma da mão no ar, e lhe sussurrares, "Espere, agora sou eu que não posso". 
Porém, desta vez, e uma vez que já sabes que tens que esperar "lá fora", esperas lá fora, no início do tal corredor, na confinação com a ombreira da porta. E passa uma, muito despachada da vida dela, deseja bom dia, tu retribuis, e vai de pôr-se a conversar com a da-palma-da-mão-estendida. É quando tu barafustas e te enterras, no fundo. Literalmente, no fundo. 
...
Porque ela responde, tão simplesmente, que trabalha ali, que não quis passar à frente de ninguém, que pede desculpas. Tu pedes também, ainda dás a alfinetada à da-palma-da-mão-estendida, "É que aqui, temos que esperar no corredor, não sei bem porquê", mas não te safas de pensar que até apostas o teu braço direito em como a-outra-que-trabalha-ali ainda te vai sair na rifa, vais depender dela por alguma razão, ela vai avaliar-te, e tu... tu, até podes ter esquecido a cara dela (o que já está), mas ela... ela não irá esquecer a tua.

4 comentários:

  1. Ahahahahaha. Obrigado por isto logo de manhãzinha. ;)

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    1. Oh pá, de nada, às ordens. Estou tão queimadinha :D

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  2. Ri-me com a comparação da Embaixada dos Estados Unidos, porque já lá fui em trabalho e para lá entrar a segurança é mais apertada do que a dos Aeroportos. Além de ter passado por detectores de metais, etc, só me deixaram entrar com o meu Cartão se Cidadão, os documentos que eu necessitava que fossem validados e uma caneta.

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    1. É tudo maluco, é o que é.
      Mas aquela senhora deve ser fóbica social, às tantas toda a gente vai carregadinha de vermes.

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