Acordei ao som de badaladas, de dores lancinantes, a tocarem no meu olho esquerdo. Não fui logo ver-me ao espelho, por uma questão de princípio e lógica emocional. Tinha a sensação de ter engolido um garfo com o olho, mas, assim que verifiquei a origem de tamanho mal estar, percebi que não, que, afinal, havia engolido um bife inteiro.
Entrei pela farmácia madrugada adentro, talvez ainda nem 9 horas fossem.
Dizia a farmacêutica para o rapaz que atendia:
- Vou-lhe dar uma coisinha para o acalmar. Isto não faz mal nenhum, mas sempre o ajuda a acalmar-se.
Chegada a minha vez, mostrei-lhe o olho, assim de viés e soslaio, e perguntei, a seco:
- Alguma coisa para isto?
Talvez só precisasse da resposta que ouvi, talvez devesse ser uma boa histérica, para que nunca mais acordasse com o olho em sangue:
- Sofreu algum pico de tensão?
Todo o meu ser estremeceu de gozo puro, autocomiseração e sarcasmo — aqueles mesmos sentimentos e sensações que fazem de mim uma pessoa má, digna dos infernos —, intimamente gargalhando aos gritos e guinchos, exteriormente uma senhora impávida, de branco vestida. Sinceramente sorridente, saí ligeira, sem remédio, respondendo, volátil:
- Sim, mas isto passa.
Mas a Sra. tinha razão! Só deves ter cuidado com a tensão porque esses derrames são, por norma, inofensivos, passando sem qualquer tratamento.
ResponderEliminarBeijocas, Lindona, e as melhoras :)
Foi o que ela disse. Não me vendeu nada, portanto :)
EliminarObrigada, Mary.
Beijocas para ti
Melhoras !
ResponderEliminarConsegui piorar, na verdade.
EliminarMas isto vai.
Obrigada!