24/06/2015

Post escatológico, não: flatulento

Eu, que não corro, soube há escassos que, quem o faz, e quando o faz, o faz com pompa e circunstância, ou seja, que se flata com maior ou menor frequência, com mais ou menos intensidade e estrépito. 

Quem corre, bufa-se. Isto podia ser um ditado popular. Como aquele de quem tem cu, sabem?

Não posso dizer que tenha ficado chocada, pois a minha capacidade de aceitação do próximo (desde que não esteja assim tão próximo quando se abre) e a extensão da minha abnegação quanto ao meu bem-estar, não conhecem limites, e nem o céu é um deles — o mesmo que eu espero não me esteja reservado, pois não tenho espírito, ainda menos o vou ter depois da finação, para as harpas e os violinos e os anjinhos, a encherem-me a cabeça de trovas antigas, saudades loucas, andam cantigas a bailar de boca em boca — agora já não sei o que é que ia dizer a seguir, mas tenho que pôr uma porra qualquer depois do traço que não é underscore.

Pá, pus-me a pensar no povo que corre em grupinhos de quatro ou cinco. E, mentalmente, lamentei a sorte dos desgraçados que vão atrás. Pus também a hipótese de o vento lhes estar de feição e, aí, senti comiseração pelos atletas da frente. Ser um dianteiro pode não ser uma boa ideia, sobretudo se o vento está a nosso desfavor. E, reparem, isto que acabo de escrever, também podia ser um mantra, ou assim.

Depois lembrei-me dos maratonistas, ali cinquenta quilómetros a bombar, ora lameirinhos, ora estampidos, ora molhengas, mas sempre ora, trau-trau-trau, cinquenta mil metros, vá que seja um flato por cada mil, vai dar uma bela média de cinquenta pumbas por corrida, ai que não é de subestimar. Já imaginaram a concentração de gás metano* que fica na atmosfera, designadamente ao longo do percurso de uma maratona, só à custa da produção natural nalgueira? Eu só pasmo com estas descobertas caseiras que vou fazendo, puramente dimanadas de algum raciocínio, mas também de um nico de imaginação fértil, modéstia — sei lá o que isso é — à parte. 

Parei de fazer imagens mentais aliadas à relação run-Forrest-run-and-fart-Forrest-fart, quando me lembrei daquelas maratonas que agora se fazem, por tudo e por nada, corre contra o cancro, corre contra os animais, corre contra a seca na Austrália, que, depois aparecem nas revistas del corazon, sabeis? Elas todas muito tonificadas-tony e eles todos muito depilados-depil, Jesus, só de imaginar que acabaram de esvaziar a lata enquanto davam corda aos Nike-Air-Max-Ultra-Breath-Rosh-Run, dá-me cá uma dor de barriga, mas vá, acreditem, é mesmo só de rir, que eu sou assim, parva, rio-me dos nervos. Mas, por outro lado, não sei se já disse (vezes suficientes), sou uma senhora, e as senhoras não fazem essas coisas. Deve ser por isso que não corro.

No run, no fun, no fart. 

Pum.

~

* Ó a wikiseca, quase a dar-me razão: 
Quanto às fontes alternativas, um método para a obtenção de metano é via biogás, gerado pela fermentação de matéria orgânica, incluindo esterco, esgoto, lixo urbano e outros estoques [estoques. Estes gajos...] de material biodegradável, em condições anaeróbicas. Significantes quantidades de metano também são produzidas por gado – não pela flatulência, como é erroneamente dito, mas 50% é produzido no processo de ruminação. A pecuária em geral (principalmente bois, galinhas e porcos) produz 37% de toda a emissão antropogênica de metano. 


12 comentários:

  1. A mim quer-me parecer que não é só a correr que a malta se abre. Lembras-te daquele post em que juravas que a senhora na elíptica ao lado da tua se tinha borrado toda? Ontem alguém ao meu lado na aula de Zumba teve igual sorte. A culpa foi do professor, que trouxe uma coreografia nova e abusou dos agachamentos. (eu tento ficar sempre na fila da frente quando suspeito que vamos fazer agachamentos. Só assim, por via das dúvidas, sabes?)

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    1. Sei, pois.
      Outro dia, foi numa sardinhada. A que estava ao meu lado, deu-lhe para ali. E estávamos sentadas...

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  2. Eu vou deixar de te ler quando estiver com outras pessoas por perto!!! É que os relatórios que estou (supostamente) a analisar não podem fazer-me rir como os teus textos! :P

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    1. Mas reparaste que não escrevi a palavra peido vez nenhuma? Eu, quando quero, sou mesmo uma senhora :D

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  3. Ehehe É por isso que meia blogosfera anda nas "Run Party"... (Deixo a tua imaginação trabalhar)

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    1. Ora, viste como chegaste lá depressa, e nem tiveste que correr? :D

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  4. Eheheheheheh! Vou ver se corro, um dia destes, só para testar a teoria!

    Beijocas, LP. :)

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    1. Não leves contigo alguém de cerimónia, à cautela! :D

      Beijinhos, Maria :)

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  5. Anónimo25/6/15

    ó LP, olha que isso são boatos, as probabilidades de tal fenómeno acontecer em corrida são iguais às de acontecer a andar, "a fazer o amor",a ler um livro ou ver televisão, etc e tal. Sei do que falo, corro cerca de 40 Km por semana divididos por 3 ou 4 treinos, Beijinhos

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