Aviso já que este post é nojento. Tenho a cabeça cheia de ranho verde e não consigo pensar em mais nada, precisamente por tê-la ocupada por ele. Eu sei que podia ficar calada. E que o calado tudo vence. E que quem vai à guerra dá e leva. E que tantas vezes vai o cântaro à fonte, e o caneco. Mas, assim como com toda a trampa que está alojada do meu pescoço para cima, eu preciso de deitar cá para fora um enxorrilho.
Olha, é assim: quem for sensível, pode sempre mudar de canal. Blogs fofinhos e com lacinhos amorosos é o que não falta para aí. E aqui vai falar-se de chichi, sangue, ranho e diarreia. Nem sei como me escaparão algumas caganitas, para compor, tipo cereja. No topo. Pronto.
Todas as minhas secreções das vias altas estão em actividade. Pareço um vulcão - mas não sexual, não pensem. De resto, estou completamente fora de combate para qualquer lide libidinosa. Parece que levei um tiro na cabeça, que me entrou pelo ouvido direito e cuja bala, feita maricas, nele se alojou, em vez de continuar o seu percurso lógico.
Depois de uma noite febril, tossil e ranhil, icei um braço na direcção do telemóvel e liguei a uma das comadres, mulher de médico, que, não tendo, ela própria, qualquer formação ou experiência em medicina, me faz sempre a triagem.
A palavra triagem traz-me à memória certo enfermeiro do Hospital da Luz, que, após confusão com o meu nome, e por me ter chamado Marti, lhe perguntei se tinha ares de desenho animado, e me respondeu "Madagáscar!". Maravilhoso episódio da minha vida, que durou seis horas, durante as quais me passeei por aqueles corredores, por duas vezes (fiz análises - adoro esta palavra - repetidas, porque perderam o meu chichi dentro do hospital), com um boião cheio com a minha própria urina, de cachecol amarelo e mala amarela, a perguntar suficientemente alto, "Adonde é que deixo a minha órina pránálze?". Este episódio merecia ser contado em conto para as crianças e dele feito um, já não digo filme, mas um clip, designadamente porque terminou da forma mais inesperada para mim, que foi o momento em que, à meia-noite, entrei no gabinete de uma médica estafada e despenteada (se calhar, tinha andado na rambóia, a devassa), recapitulei a minha queixa principal - sangue na urina - e perguntei, ingenuamente: "Ai, ó senhora doutora, agora que falo nisso, é que me ocorre que este sangue pode não ser uma infecção urinária...". Vai daí, acho que só não fui expulsa por indecente e má figura porque os níveis de cansaço, ali dentro, haviam atingido o pico mais alto da noite de banco, ou em branco, sei lá eu. Às tantas, passei outra vez por atrasada mental, mas que se lixe, a isso já eu estou habituada. Raras são as pessoas humanas capazes de reconhecer uma alma de artista.
A ver se encontro a descrição desse dia noutro blog que tinha na altura. Acabou por ser uma tarde-noite bem passada (não, para mim é quase em sangue, cá agora carne bem passada, isso é para meninos).
Para a comadre, comecei o telefonema, dizendo: "Comadre, morri". Ponto de partida para um entendimento perfeito entre nós.
Diz-me a comadre:
- De que cor é o teu ranho? Transparente ou amarelo e verde?
- Verde e espesso.
- E quando tosses?
- Queres mesmo saber a verdade?
- É melhor. Não me escondas nada.
- É que não sei. Mas acho que é igual ao do nariz. E dói-me o ouvido. Parece que tenho aqui um túnel do metro, faz vvvuuuuu cada vez que tusso. Também devo ter do tal ranho metido dentro do ouvido.
- Verde...
- Verde.
- Olha, o Pedro vai-te receitar Augmentin, que ele tem a mania. Mas o Augmentin, a mim, faz-me diarreia.
(Não havia necessidade, comadre. Quer dizer, a conversa tinha descido, mas daí até à liquidificação da feze, a mim pareceu-me demais)
- Mas tu sabes que nada me provoca esses desarranjos, sou uma tripa santa. Deixa-o lá receitar o que ele quiser, que eu aguento tudo.
Receitou Augmentin.
Está tudo bem.
Eu não disse que não falava de caganitas? Não falei.
Ahahahahah, quem tem comadres assim, tem tudo :D
ResponderEliminarAinda melhor que médico ao domicílio, é pelo telefone! :D
EliminarEhehehehehehhh !
ResponderEliminarQue mais irá acontecer ?
Ainda falta muita coisa!
EliminarEntão, amanhã acordo afogada numa gosma verdunga.
Grande comadre !
ResponderEliminar4.1 Indicações terapêuticas
Augmentin está indicado para o tratamento das seguintes infeções em adultos e crianças
(ver secções 4.2, 4.4 e 5.1):
- Sinusite bacteriana aguda (adequadamente diagnosticada)
- Otite média aguda
- Exarcebação aguda da bronquite crónica (adequadamente diagnosticada)
- Pneumonia adquirida na comunidade
- Cistite
- Pielonefrite
- Infeções cutâneas e dos tecidos moles em particular celulite, mordeduras de animal,
abcesso dentário grave com celulite disseminada
- Infeções ósseas e articulares, em particular osteomielite.
Quem sabe,sabe ! :)
Com/sem workshop em medicina .
Com Augmentin qualquer "bicho" terá o seu fim !
Nota : Tudo a aguardar pelo post referente ao Hospital da Luz.
Não acredito que fizeste um copy da net... mas olha, eu tenho isso na pagela, obrigada.
EliminarQue engraçado, és tão parecido com um outro comentador que aí me aparece de vez em quando. Quase jurava que são irmãos :P
Workshops em medicina, que ideia de génio!
Nota: Já o encontrei, mas repete um bocado este. A minha memória, para algumas coisas, é demasiado boa.
L.P.,
EliminarOutro comentador ?
Irmão ?
Só tenho irmãs (2 ).
Até me lembrei,
..." Não tenho nenhum irmão, sou filho único, sou o único filho, sou o filho do meio, e pertenço a uma irmandade de três"...
Conclusão - não é não, Senhora !
Coincidências!
EliminarSabes que eu acho que o Criador tem alguma falta de imaginação, e isso explica que, de vez em quando, se plageie...
Foi só agora :) e está diferente !
Eliminar- "do meio"
- " três ",
Para não falar da bula do Augmentin :)
Já ressuscitaste? E o bendito do ranho já passou para outra cor?
ResponderEliminarAs melhoras! :)
Eu acho que não, estou falecidíssima. Nem seu se já cheiro, porque olha, até o olfacto perdi!
EliminarObrigada :)
O ranho continua verde. Porém, assumiu a consistência de uma pastilha elástica deixada ao ar há 24 horas. Ou de cimento...
Eliminar:)