Notam alguma diferença nas despesas por eu não estar aí? — Perguntou ela, via computadores. Parece mesmo que está aqui, não estando.
Noto. Não nas despesas, que parecem nunca encolher, como sempre a lã em água quente.
Noto nas máquinas — menos loiça, menos roupa.
Noto à mesa, menos dois lugares, por faltar ela e outra, que também saiu e só vem à sexta, quando vem.
Noto na arrumação, noto na falta de desarrumação. Faz-me falta o nosso caos.
Noto no som, noto no silêncio.
(Refiro-me ao meu coração.)
Noto também, como ontem, na alegria de cozinhar o que sei que eles gostam; noto na tristeza de só fazer um souflé, por sermos tão poucos.
(Como água para chocolate.)
Ficou delicioso, para variar. Fiz com farinha de milho, para variar. E acrescentei à pescada uns camarões pequeninos, também para variar.
Querida Linda Blue,
ResponderEliminarVia a notar esse vazio ensombra-me o futuro. Ensombra-mo tanto, que me apetecia prender os dias aqui. (E forço-me a soltá-los, à custa de me fazer acreditar que não notar seria pior... e lamento ser homem de tão pouca fé.)
Um beijo,
Outro Ente.
Querido Outro Ente,
EliminarApesar de tudo, este vazio é temporário, e tem bom remédio. É uma sombra, sem escuridão, com promessas de sol, venha ele quando vier. (Para a escuridão, também eu sou mulher, não de pouca fé, mas totalmente agnóstica. E chego a invejar quem assim não é.) Tudo tem solução, neste contexto.
Um beijo para si,
Linda Blue.
Podia vir a receita, ou nem por isso?
ResponderEliminarBom dia LB
Muito fácil, copiei-a dos livrinhos da Vaqueiro, mas adaptei-a:
EliminarPara 4 pessoas
Cozem-se duas postas de pescada (eu cozo 3 para cada receita, porque tenho a mania das grandezas :)). À parte, levam-se 50 gramas de farinha (eu pus de milho, outra adaptação) a derreter em 50 gramas de margarina. Diz lá que é até ficar louro, mas essa parte salto, porque a farinha de trigo não fica loura, e a de milho já é loura, e a mistura das duas faz logo uma papa. Juntam-se 250 ml de leite frio e mexe-se até ficar consistente. (Eu mexo com uma vara de arames, senão fica-me tudo cheio de grumos). Diz lá para temperar ainda ao lume, mas eu desligo quando a papa está mais sólida, senão fica-me um cimento. Tempera-se com sal, pimenta e noz moscada. Junta-se a pescada, desfeita em puré (com o garfo), 4 gemas e uma colher de sopa de queijo ralado. (Eu não tinha, pus mozzarella.) Também abri uma embalagem de camarões congelados, e deitei menos de metade. As quatro claras batem-se em castelo firme e juntam-se ao preparado anterior, só envolvendo. Deita-se tudo numa forma de souflé (que também pode ser um pyrex quadrado, isso tanto faz) e vai ao forno, a 200 graus, por 25 a 30 minutos. Serve-se imediatamente, que o magano encolhe quando sai do forno e espera, nem que sejam 10 minutos.
Et voilà! :)
Bom dia, noname!
E é curto para 4. Deu para 3 e ainda tivemos que raspar o pirex :)
Eliminar(não fora uma ter intolerância ao leite, e, a repartir por 4, seríamos 4 a passar fome.)