18/04/2016

Eu quero duas barras. Paralelas.

Assim, mais ou menos: ===

Estava aqui a pensar nisto das barras laterais, com as nossas escolhas de leitura blogobólica, e, para rimar, ou não, ocorreu-me uma ideia diabólica. 
Mas não digo já qual é, porque os meus posts funcionam como os livros da Ágata: suspense até ao fim, que é para agarrar a freguesia.
(Ai, não é essa que escreve obras? Que aborrecimento, eu e os nomes. Que é que tem? Escreve melodias, não é? Vá, siga.)
Já houve tempos imemoriais em que tive uma barra, onde registava os cantos que percorria, uns diariamente, outros a todas as horas, exceptuando aquelas em que uma pessoa humana nem sabe de que terra é. 
Aquilo era uma barra bonita de dar gosto. Parecia uma trave olímpica.


O raio — assim como o diâmetro, já para não falar no perímetro — da coisa, é que estava sempre incompleta: volta e meia, lá me aparecia, caído de para-quedas, um novo blog, de calibre real, coisa para cima de 9,65 mm, melhor que o revólver 38 (esta vida de blogger da periferia está a tornar-se uma canseira, agora até balística me obrigam a estudar para vir para aqui defecar postas de pescadinha de boca no rabo), que me compelia a acrescentar a meretriz da lista, que já ia em mais que muitos e eu também já não lhe aguentava o peso.

 

Mas a barrita tornou-se sensaborona no dia em que começou a causar-me dissabores. Não sei se eram os cereais de que era feita, ou o chocolate que estava rançoso, 


a verdade é que começaram a chegar-me as vozes da insatisfação, sob a forma de "Então e eu?", que é um modo, como outro qualquer, de te fazerem ver que a liberdade de escolha pode ser um conceito muito pouco prático, que a expressão gostos não se discutem, afinal, sofre variações em ré menor, e que, por questões de amizade (aquele conceito tão vástico que, lá está: eu pergunto a todas as minhas pastilhas elásticas, "Bora ser migas, miga?"), ou para não arranjar chatices — já nos bastando as piolhices —, estamos dispostos a ceder também por aí. Como dizem os brasileiros, e muito bem, eu sentia que já estavam forçando minha barra.

Vai daí, um dia fiz o que também nossos irmãos sul-americanos luso-falantes designam por passar uma borracha no cadastro: limpei minha barra. O que foi um descanso, até me senti em férias. (Sou mesmo uma grande maluca.)

No entanto, passado um ano sobre tão acertadinha decisão, ainda vivo um bom bocado e um queque stressada com a coisa de não ter barra, como os outros meninos. (Freud dava um nome a isto, mas agora escapa-me. Já disse que sou péssima para nomes?) Porque consto de algumas, que muito prezo, e isso, por um lado, provoca-me vontades e desejos de retribuição, e, por outro, o óbvio reconhecimento de que merecem mesmo constar da minha barra. 

A barra pode ser, literalmente,


uma grande prisão, ouçam o que vos digo, ó vós que viveis a liberdade out of the ball (que é esta bloga).

Vai daí, ocorreu-me uma ideia daquelas que só a mim:
(Devia patentear e apresentar em Shark Tank quase todas as minhas ideias, muito em particular as que me assaltam pela manhã, ao acordar —, misturadas com hãããã-tiraram-a-matrícula-?, já-passa-da-meia-noite-?, e ainda-não-é-hoje-que-volto-a-fumar —, ou então no duche —, misturadas com eichhh.)

As barras paralelas.
Vou ver lá naquilo das definições de Sir Blogger, a ver se ele me permite a barra de LB e a barra de LP, escarrapachadas em paralelo uma com a outra, numa clara manifestação de bom gosto e agilidade. 

 

E a blogobola nunca mais será a mesma, no dia em que a mais ilustre de todas as desconhecidas desta coisa tiver não uma, mas sim duas barras, paralelas uma à outra, gémeas dizigóticas e também góticas. 
Universos paralelos, já ouviram falar? 
(Olhem, nem eu, que tenho medo.)

[Inspirada por duas boas fontes.]

9 comentários:

  1. Vou falar sobre isto lá no Uva porque gosto muito do tema da barra e também já fui perita em barras.
    Tu estás na minha barra porque eu gosto de te ver sempre ali de ladecos para eu zás! clicar logo que me dá na gana, tipo, xacáver qué feito desta moçoíla hoje, olha, boa, já escreveu hoje, que será? E pumbas, vou lá.
    Há mais coisas para dizer, há tanto para dizer, mas assim sendo, linko-te lá e fazemos a festa as duas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fá-lo, irmã.
      Sabes que também fazes parte da minha barra, neste momento apenas mental. Da LB ou da LP, ou de ambas. Mas fazes sempre, como, aliás, fazias.

      Eliminar
  2. Vim pela mão da Uva. Encantei-me com este post. Parabéns.
    Eu gosto da minha barra. Não é uma barra pesada. Ainda. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada, Teresa :)
      O encantamento é recíproco, fiquei "presa" na passada sexta-feira. Estava num sítio público, tive que apertar bem os olhos para não estragar a maquilhagem...
      Vou construir as minhas com muito cuidado. Se ameaçarem ruir-me a casa, limpo-as e esqueço-as :)

      Eliminar
  3. Ai...como eu gosto de barras...sou uma grande barra!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu ainda não, mas é meter aqui as minhas paralelas e nunca mais ninguém me agarra!

      Eliminar
  4. Eu barras, é mais dessas que se comem. E sou barra em disparates ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Barras de chocolate, dessas também eu... :)
      E fã daquele grande maluco, o "firme e hirto como uma barra de ferro" :D
      (ainda hei-de fazer um gif com esse cromo!)

      Eliminar
    2. Opa, tb sou mto fã do Alexandrino!! Ahahahahahah

      Eliminar