17/04/2016

Hoje quem manda aqui sou eu: os problemas dos homens # 3

Vou falar na terceira pessoa, porque isso é mais à blogger e eu já estou suficientemente irritada, para que alguém ainda fique a pensar que lá está a gaja, olha a convencida, olha a top model, trinca espinhas o caraças e quem vai à guerra dá e leva.
A terceira pessoa sofre.
Eu quero perceber o que é que leva um homem a perseguir uma mulher no ginásio. Ou no escritório. Ou na mina. Isto é, perseguir, no sentido de seguir atrás, ir para todo o lado para onde ela vai. E não se dar conta de que toda a linguagem corporal dela diz: "Deslarga-me, genitais!". 
Vamos supor que o campo de visão da terceira pessoa é de 18, vá, 30º, vistas estreitas e curtas, palas dos lados, como o jerico. Na imaginação do homenzinho, se calhar, o melhor é colocar-se exactamente a 90º, à distância de dois metros — ou ainda menos! — dela. Que é para ela o ver bem. Não há nada que lhe indique que, se ela projecta o olhar no tecto — cheio de cabos do ar condicionado e calhas técnicas de tudo e mais um par de botas —, ou à esquerda — onde se encontra uma parede branca, ou à direita — onde nada se passa —, poderá querer dizer que, de todo, não quer olhar para ele? Não há um segundo de dúvida que o leve a concluir que não é ficar especado, parado, imóvel, inanimado, a brincar aos frequentadores de museus, que vai fazer com que ela vire o olhar na direcção dele, lhe sorria candidamente e lhe diga: "Importa-se de me possuir agora e aqui?". Acaso não lhe ocorre que o facto de ela mudar de sala com uma frequência que não obedece a outra cadência senão a de não estar onde ele está, pode ser porque ela não quer estar onde ele está?
É verdade que uma solução possível seria a terceira pessoa exibir um belo — porque é dotada de belos dedos — pirete ao homenzinho. Mas vá que ele interprete o nobre gesto lá à maneira dele, e julgue que a desgraçada quer significar "O que eu quero sabes tu", numa derivação de "Importa-se de me possuir agora e aqui?"? É que, com gente que não se manca, todo o cuidado é pouco, e isto de ser bela consegue ser um transtorno equivalente a ser burra. A terceira pessoa que o diga. 
(Sim, já sabemos: não te maquilharás, não vestirás o que te favorece, não cuidarás do cabelo, encher-te-ás de enchidos — passe o pleonasmo —, arrastarás o chinelo, e ninguém mais arrastará a asa por ti, nem mesmo os abutres. É verdade. Também deixarás de tomar banho, de lavar os dentes, de cortar as unhas e de pentear o cabelo, que isso são tudo artificialidades que derivam da vaidade. Também deixarás de fazer ginástica — e, lá está: nunca mais terás problemas na pdv, porque será, certamente, esse tipo de atitude que fará com que o pessoal que não tem noção desapareça da face da tua terra.)

Sem comentários:

Enviar um comentário