Paguem-me para eu me calar, e eu calo-me |
Considero que estou em condições, apesar de precárias, de relatar a minha curta experiência com o spray disfarçador de raízes. Refiro-me aos cabelos brancos que, vá-se lá perceber porquê, aparecem na cabeça do femedo. Quer dizer, parece que do machedo também, mas WTFC, a começar por eles?
Há ali um momento que todas, mais tarde ou mais cedo, conhecemos de perto, em que ainda é cedo para pintar de novo, e já é tarde para andar com a risca esbranquiçada no alto da cabeça, a lembrar a faixa central da Ponte 25 de Abril, que ficou conhecida por noiva — a tal virtuosa (no meio é que está a virtude... hum?), que deu origem a povinas piadas, por estar sempre aberta, ora para lá, ora para cá. Ora, ora, ora agora, ninguém quer trazer uma noiva estendida no alto da cabeça — qual Lisboa, menina e moça, menina, cidade à beira mar estendida —, digo eu e chiu.
Se eu já tinha a experiência de, em tempos, ter posto nas tais raízes uma espécie de rímel para cabelos, e tinha corrido mal — a zona pintada ficou tão rija como uma peruca, e, se é para aquilo, mais vale pôr uma mesmo a sério —, quem é que me mandou aderir ao spray?
Peguei na lata, agitei-a, carreguei no botão e fsssst, em cheio na noiva.
Mais valia ter mergulhado de cabeça na taça da mousse de chocolate, e ter lá chafurdado bem o cocuruto, que o resultado seria o mesmo, mas sempre dava para tentar lamber a minha própria cabeça, ou chamar a tropa fandanga, mais as gatas. Até uma equiparação escatológica me ocorreu, quando observei o resultado: cabelo sujo e quase negro; cabeça pintada com algo muito semelhante a graxa para sapatos; os dedos negros, de tentar espalhar a gosma.
Houve que lavar. A água saiu castanha, como certamente sairá a das lutadoras na lama.
Portanto, e em resumo: para uma emergência, que eu não estou a ver qual é (só se for mesmo uma emergência hospitalar, tipo Acabei de ser atropelada, dá cá o spray, que me recuso a ir neste estado para o hospital), aquilo dá. Pronto, para um casamento urgente (artigo 1622.º do Código Civil), é útil. Para os outros, ide à cabeleireira, que dá tempo. Nem para one night stand aquilo serve, porque o/a parceiro/a que vos toque (literalmente), depressa dará com a papa seca nas vossas melenas, e, de duas, uma: ou sai a sete pés, com as mãos cheias de graxa e a cara cheia de graça, Ave Maria, ou dá-lhe de vos confessar que também tem algo de falso e desatarraxa a prótese. E também, se já tendes raízes destas, ganhai mas é juízo e mirai-vos no exemplo das árvores seculares: ficai quietas.
Por mim, está decidido: entre ter que esperar mais uns dias para pintar, até mesmo andando de chapéu para disfarçar, e encher a cabeça de corantes, antes a primeira. Aquele barrete não enfio eu outra vez.
(Já ouço Gustav Mahler.)
Que noja! Estive ali tentada 3 segundos (o tempo que demora o anúncio na parte do fssss)a experimentar, mas depois tenho-te a ti.
ResponderEliminarObrigadinhos.
Às ordens.
EliminarSó dá mesmo para uma urgência daquelas em que te estás defecando para a defecação que te vai na cabeça.
Fazes bem! O Gustav era um gajo de bom gosto!
ResponderEliminar:)
Mas esta cena é terrível...
Eliminar:)
Raízes? Disseste raízes? Foste ao dentista?
ResponderEliminarErrr... até fui.
Eliminarhttp://lindaporcaoucheirodeestrume.blogspot.pt/2016/04/eu-tenho-problemas-com-medicos-21.html
Não padeço do problema cabelos brancos (haja alguma "maleita" q não tenho), mas admito q fiquei mto céptica com o anúncio.
ResponderEliminarNão sei se exagerei na dose. Mas ficou uma pasta negra. Talvez repita um dia, quando for para o ir lavar a seguir, para tirar teimas...
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