Estou ao balcão da charcutaria, e é chegada a minha vez de ser atendida. Ao meu lado está ele. Toda a sua movimentação corporal me diz que ele acha que chegou primeiro que eu e, por conseguinte, deve ser atendido antes — porque eu sei que tenho o dom da invisibilidade. (Havia de desenvolver isto em meu favor, até agora só tenho tido prejuízos.) Bom, mas dizia eu que ele se pôs em campo para me passar à frente, e porque me terei tornado opaca no mesmo instante, ignorando-o, desistiu — o que também li na sua linguagem corporal —, e ficou expectante, enquanto eu pedia, musical:
- São duzentos gramas de fiambre, por favor.
Engraçado. Quase jurava que o vi revirar os olhos.
No entanto, esperou, com a paciência impaciente de quem desespera, que caíssem no papel, fatia após fatia, os meus duzentos gramas de fiambre.
Chegada a sua vez, ouço-o dizer, desafinado:
- São duzentas gramas de fiambre, por favor.
Engraçado. Quase jurava que me vi revirar os olhos.
A ignorância é muito atrevida, já diz a minha mãe!
ResponderEliminarBeijocas, Lindinha :)
Sábias palavras, as das mães!
EliminarBeijocas, Marioca :)