06/05/2013

Isto é quase ir aos arames, mas literalmente

A saga começou ontem. Preparei uma montanha de roupa para ser lavada na máquina e pu-la* a trabalhar. Realmente, reparei que fazia um barulho tic-tic, mas nem achei nada. Para mim, aquilo era um fecho, um botão metálico, sei lá o quê, acho que nem pensei. Siga, fui à minha vida, andei a arejar a pássara pela rua até que voltei. A bicha parecia tomada pelo diabo, o tic-tic tinha-se transformado em tic-tic-tic-tic porque estava na centrifugação. Eu sei que não é fácil acompanhar a minha linha de pensamento. Então, o que é que eu pensei? Aí sim, pensei "Isto é um arame de sutiã". Abri a máquina, tirei a roupa toda cá para fora, nada do arame. Mas rodava o tambor e tic-tic. Então pensei "Arre égua" e fui abrir a tampa do esgoto da máquina. Ou é do filtro? Não sei, abri a tampa. E pode-se dizer que saquei - é o termo, tive que os arrancar quase a ferros - dois arames de sutiã lá de dentro. Nessa altura, pensei "Hah, para quê um técnico, se existe Linda Porca no mundo?". Foi felicidade que me durou pouco, como todas. Voltei a rodar o tambor e tic-tic.  "Chipça penico, tenho que chamar o técnico". O técnico veio, esteve cerca de 120 segundos, cobrou-me € 20,00 - para cima de 16 cêntimos ao segundo - tirou do tambor da máquina mais um arame de sutiã e foi-se. Feliz, finalmente feliz, porra, eu também tenho direito, vai de encher outra vez a máquina, com mais sutiãs. E dei-me ao desfrute de ver um bocadinho do jogo do meu Benfica, essencialmente para verificar se o bonzão do Artur ainda tinha tudo no lugar. Quando já tudo me dizia que sim, dirijo-me à cozinha para confeccionar uma refeição e eis senão quando me apercebo que tenho água até não aos tornozelos porque uso sempre saltos mas, pelo menos, até aos pés. Foram muitas toalhas, muitos panos, muitos esfregões e uma esfregona, para retirar a maior parte da água, que a restante ainda lá está.

Rescaldo: um sutiã e meio de teta descaída; um chão de cozinha a lembrar a minha boa praia; um chão de corredor e parte de sala com ar de que uma tribo de selvagens lá fez chichi. E cocó; um técnico a ter que voltar e, com sorte, ainda terei eu a culpa da inundação (eu não queria dizer a palavra, mas aquela porra é uma INUNDAÇÃO) e ele cobra mais € 20,00, isto na hipótese de apenas permanecer 120 segundos; hoje o dia foi mesmo uma bosta; vou cortar os pulsos (mas os do técnico, os meus não posso, então como é que depois dava sangue por uma palhinha?); um jogo empatado (é só empatas, meu); Artur em grande estilo (alguém tem que se salvar no meio desta tragédia grega).

* este grunho sublinha-me a vermelho o verbo pôr conjugado no pretérito perfeito do indicativo, não me cansem.

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