em que te cai o queixo aos pés e já não o consegues içar por forma a que se reúna com o maxilar superior?
Sais do mar ao teu melhor estilo, cabelos escorrendo sal e água gelada purificadora, um céu azul de doer, a praia com areal a perder de vista, ainda por cima pouco populosa para o dia que era, um feriado a meio de Agosto, numa qualquer praia dos arrabaldes desta capital europeia, calor do bom que não queima mas dá cor (assim uma entaladelazinha em termos culinários, vá), e te aparece no campo de visão a visão de uma mulher que conheces, mas não localizas logo. Ela vem de mamaçal à vela, aquilo do topless, e está com um dos braços a rodear o ombro de outra mulher, ambas íntimas assim uma da outra.
E então, faz-se-te luz e não só reconheces a das mamas de fora, como também a localizas no espaço e no tempo.
E elas abraçam-se e beijam-se mutuamente os respectivos pescoços.
Então, tu passas a uma distância razoável, a suficiente para não interromperes o enlevo sexo-amoroso que as enrola, mas bastante para que consigas confirmar que ela é ela.
Então, tu passas a uma distância razoável, a suficiente para não interromperes o enlevo sexo-amoroso que as enrola, mas bastante para que consigas confirmar que ela é ela.
E é então quando reconheces a outra.
[E, antes que me caiam aqui os homofriends todos (vinde, vinde, que tem até chicotinho), faço já o disclaimer que acredito no amor, que considero que cada um leva onde mais lhe dá gozo, que todos temos direito a ser felizes, que ninguém tem nada a ver com isso, and beca.]
Chocada? Não.
Não com isso que estais a pensar.
Mas minha incredulidade, se é que me é permitido explaná-la, advém de alguns factos a latere.
1. O facto de uma ser patroa da outra, logo a outra ser empregada de uma;
2. O facto de uma alardear a sua heterossexualidade como quem hasteia uma bandeira;
3. Uma ser a pessoa mais alpinista social, mais aspirante a thia, mais preocupada com a aparência, mais focada no bom gosto, na distinção, num certo apuramento artístico (apesar de le resvalar o pronome lhe constantemente e de errar intermitentemente na terminação de alguns verbos), e a outra ser a antítese física de tudo o que uma pessoa assim quer num homem, quanto mais noutra mulher. (E — oh, desculpem! — eu sou uma anormal animal, que entende que as relações amorosas passam por qualquer coisa de muito físico: no pica, no affair.);
4. As carradas de celulite, como bem observou minha sis;
5. Tudo nelas, aquilo da bota com a perdigota.
Mas minha incredulidade, se é que me é permitido explaná-la, advém de alguns factos a latere.
1. O facto de uma ser patroa da outra, logo a outra ser empregada de uma;
2. O facto de uma alardear a sua heterossexualidade como quem hasteia uma bandeira;
3. Uma ser a pessoa mais alpinista social, mais aspirante a thia, mais preocupada com a aparência, mais focada no bom gosto, na distinção, num certo apuramento artístico (apesar de le resvalar o pronome lhe constantemente e de errar intermitentemente na terminação de alguns verbos), e a outra ser a antítese física de tudo o que uma pessoa assim quer num homem, quanto mais noutra mulher. (E — oh, desculpem! — eu sou uma anormal animal, que entende que as relações amorosas passam por qualquer coisa de muito físico: no pica, no affair.);
4. As carradas de celulite, como bem observou minha sis;
5. Tudo nelas, aquilo da bota com a perdigota.
Vim-me embora no momento em que a uma tirou o top do biquíni dela e desatou a correr pela praia atrás do homem das bolas, um tal de Zuca, que apregoa as suas bolas em rima. Mulher bonita não vai pagar, mas também não vai levar.
Se a minha vida não dava um filme de David Lynch, então também não sei para o que é que dava.
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