Chego ao metro e quero carregar o meu bilhete. Vou para uma zona onde o estacionamento é uma anedota daquelas de que ninguém se ri, nem mesmo eu, que sou uma fácil da piada fácil, passe o pleonasmo. A máquina tem mil ranhuras, uma para moedas, outra para notas, outra para o cartão MB, outra para o passe/bilhete, outra para receber o talão + troco + bilhete, no caso de comprarmos um novo (e que está sempre cheia de lixo, vulgo talões de carregamento de metade da população que já por ali passou naquele dia, que é um desassossego para descortinarmos qual é o nosso. Regra geral, apanho todos, e depois vou, durante a viagem, a decidir qual é o meu). Porque nada na minha vida pode ser simples nem à primeira tentativa (sou mesmo adepta do método tentativa-erro), pretendo meter o bilhete na ranhura do MB. Ali encontro um cartão esquecido, que retiro, e procedo ao carregamento, já através da ranhura certa.
Vou entregar o cartão encontrado ao balcão das informações.
E o meu bilhete recusa-se a dar-me entrada na cancela automática.
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Estou parada em segunda fila, junto a um parque de estacionamento, e ouço um muito fraco apito descontínuo, que reconheço de uma buzina. Procuro com o olhar se é algum dos carros que estou a bloquear, e verifico que não é. Apercebo-me que está um rapaz, já entre o aflito e o furioso, a apitar, com intenção de chamar o dono do carro que bloqueia o dele e mais dois. Avanço um pouco e pergunto se quer que buzine por ele, uma vez que a buzina dele [é ridícula] mal se ouve. Pede-me que sim, que o faça, e eu colo a mão no volante até ficarmos (ele, eu e quem passa) doidos. De repente, apercebo-me que o carro dele sai, se ele fizer uma pequena manobra em diagonal ao passeio, e sugiro-lhe que o faça. Que não, que O meu carro não arranca com a chave, só pega de empurrão. Ponho-me a pensar que, sendo assim, com ou sem a manobra que lhe propus fazer, ele terá sempre que empurrar (no caso, puxar de marcha-atrás) o carro, para o tirar dali.
Parece-me que ele quer que eu empurre o carro dele, enquanto ele o conduz para o motor pegar, mas não me ofereço.
O condutor do outro carro chega, ele trava-se de razões com o homem, e eu saio de mansinho, sem sequer um Obrigadinho, pá.
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Espero a minha vez para comprar uma (única) alface. Tenho grilos em casa, e eu própria também não vivo sem. Apercebo-me que, atrás de mim, está uma senhora com um bebé ao colo. Dou-lhe a minha vez, apesar de a minha compra demorar previsivelmente cerca de segundos.
E ela pede.
Uma alface folha de carvalho. [Sempre a aprender, nem sabia que se chamava isso às alfaces lisas ou francesas. Tanto nome para um só legume. E eu que só quero uma frisada ou portuguesa, ou, às tantas, folha de castanheiro-da-Índia.]
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Um chuchu
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Cinco cenouras
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Um nabo
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Um pedaço de abóbora
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Tomate cherry
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And counting. E eu de gesso.
Ehehehhhh !
ResponderEliminarToca a mudar o feitio ...eu vou ver se ainda consigo.
No Hosp. da Luz um ser ( homem à volta dos 75 e cara de parvo ) foi chamado para a consulta.Vi uns óculos na mesa de apoio que julguei serem dele. Chamei-o ( surdo que nem uma porta ) ,levantei-me e fui-lhe perguntar se não tinham ficado esquecidos.Respondeu que não com a cabeça ( abanando suavemente a marmita ) e ar chateado. Só me restou agradecer-lhe em alto sonoro.Lá acabou tb por agradecer. :):):) Mas não com muita vontade. Não enerva ? Enerva !
Eu não quero agradecimentos, só gostava que a minha vidinha não andasse para trás quando estou a fazer um jeitinho a alguém :)
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