Tropecei na minha própria velhice, sob a forma de declive no passeio, desses que, quando se é velho, ou melhor, se está momentaneamente muito velho, não se vêem, e foi o caso. Caí dos saltos altos abaixo, o pedestal da vaidade desmoronou-se sob os meus pés, a capa do anonimato despiu-se de mim sem despedida, quedei-me nua e sem defesas, com a calçada portuguesa logo abaixo do nariz. Desafiei gravemente a lei da gravidade, vi claramente vista a minha vista a ver o chão, e saí dessa vencedora, pois, torcido um pé e reencontrado o eixo, reergui-me mais tonta, mais velha, mais criança, assustada e abandonada, ai que dor, qual pé, não me dói o pé, a menos que a alma seja no pé, ninguém me socorreu, sequer deu o braço, a palavra do alento, onde está a minha mãe, que me daria um beijinho no pé e diria "Já não dói", e deixava mesmo de doer, ainda que não doesse nada? Nem pude marejar em agradecimento, como aquela senhora aqui há tempos, só do susto e da comoção, não tive o que nem a quem agradecer. Ninguém viu, que grande achincalho público — que é ser-se velho à vista de todos e nenhum ser capaz de ver; que é ser-se velho e isso nos adentrar os olhos, velhos e cansados, dia após dia.
As árvores morrem de pé.
Tinonim,tinonim.
ResponderEliminarhttps://youtu.be/Er8gchlrDAA
:)
Nada. Uma dama é uma dama, segue enxovalhada, mas firme! :D
EliminarEstás bem? Eu dou um beijinho e já não dói.
ResponderEliminarE agora vou rir-me só um bocadinho que eu não resisto a uma queda. Mas ajudo sempre a levantar, assim que paro de rir. :)
Agora fiquei um bocadinho mais bem, obrigada :)
EliminarTu és pérfida, mas boazinha :)