(Os senhores do tempo, que tudo adivinham — menos o tempo —, lá naquele oráculo deles, disseram céu azul, e enganaram-se outra vez. Pode ser que sofram de daltonismo.)
Conheço a A 5 de trás para a frente e da frente para trás.
(Podia percorrê-la de olhos fechados, palmilhando-a com as mãos. Conheço-lhe todos os declives, todas as lombas e todas as curvas. E também as subidas, e, principalmente, as descidas.)
Ali recebi injecções de tristeza, ali fui buscar balões de oxigénio.
Conheço-a com sol, com todo o sol a pino — pintada de cor de prata, aquela mesma com que fica o mar quando a tarde cai —, conheço-a com sol fraco e com sol doloroso.
Conheço-a com o céu azul dos dias bons, com o céu azul-impossível e com aquele outro tom que não consigo alcançar.
Conheço-a com chuva, com chuva fininha, com chuva cruel, com um mar de chuva e também com uma chuva que só eu vi.
Conheço-a com vento de abanar e me abalar, de levar tudo, e a mim também, pelos ares.
(Era tão bom.)
Estrada aquela, que me é estrada-mãe, caminho infinito para o colo eterno.
Eu acho que há uma estrada que eu também conheço dessa maneira... :)
ResponderEliminarTenho a certeza que sim, Doc. E é coisa de há uns meses para cá :)
EliminarMuito bom ter essas estradas.
ResponderEliminarComigo é em sentido contrário .Marginal para ir e A5 no regresso.
Até o carro conhece o caminho.
Nota : muito bonito o teu texto .
Bem verdade. Mesmo que fosse oportuno, mudar de carro seria um risco: este já me leva lá, mesmo de olhos fechados.
EliminarObrigada, Magalhães.