03/11/2013

Trituradora

Ontem li que a televisão é a máquina trituradora de pessoas e gostei da metáfora. Isto vinha a propósito da separação da Bárbara Guimarães e do outro senhor de idade.

Entretanto, completamente por acaso, veio parar-me aos olhos, pela leitura de um blog muito popular, a revelação de uma intimidade acerca de uma blogger, a qual, tanto quanto sei, nem sequer conhece a outra blogger que faz a revelação. E é exactamente o facto de as duas não se conhecerem mutuamente que me deu que pensar - Primeiro: como é que uma toma conhecimento de algo da vida da outra que, eventualmente, ela estará a guardar para a família e amigos mais próximos? Segundo: que força anímica envolve estas pessoas a virem para a praça pública revelarem intimidades umas das outras, ainda mais de uma pessoa que nunca sequer lhes dirigiu a palavra, nem que fosse numa troca de comentários? Terceiro: qual é o provento imediato de uma atitude destas? E o mediato? Mais leitores? Mais ainda? E para quê? Será que já existe uma indústria por trás dos blogs que obriga as pessoas a escreverem, ou pior, a escreverem sobre determinados assuntos para chamarem leitores - como qualquer reality show, cujo conteúdo não interessa, pode ser a maior bosta, o importante é a share - sem limites de decência ou interesse mínimo?

E não sei se quero estar aqui. Não sou nem serei uma blogger, seja lá qual for a acepção que a palavra possa ter. Mas estou longe e não me enquadro no esquema destes exemplos que acabei de descrever. É a única maneira de não correr o risco de um dia ser triturada pela blogosfera, essa sim, uma máquina poderosa. Que, para o bem e para o mal, fornece uma "fama", que é tão efémera como a que a televisão sempre forneceu. Com consequências nefastas na vida das Bárbaras todas.

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