Era toda azul, a nossa casa. Não, faltavam - falhavam - o nosso quarto e o quarto das meninas, brancos. Toda em remodelação, toda em vias de ser pintada de novo, então de que cor?, mantemos tudo como estava?, mandamos pintar toda de branco? Que não, que queria o nosso quarto em azul, também. Não percebo uma casa azul, minha, um quarto branco, meu.
Fui às tintas, vi cinza mesmo quase branco, vi bege mesmo quase branco, vi azuis. Então, casa toda branca e o nosso quarto azul? Ou toda branca? Ou toda azul, e os quartos brancos?
O "meu" azul não existia na loja das tintas.
Era branco-azul, lembra-se?
Não está no catálogo, não está no sistema, só faltou perguntarem-me se sonhei com aquele azul.
Vou trazer uma amostra, e os senhores fazem a cor, fazem?
Que sim, traga lá uma tampa da electricidade, qualquer coisa onde esse azul esteja (exista, sem ser na sua cabeça).
Eu queria tanto o quarto de azul. Não o quarto azul, não o quarto em azul. O quarto de azul.
Não percebo essa mania do azul.
Eu também não, mas gostava...
Seja, fica azul.
Vou ter a casa toda de azul, daquele mesmo azul com que sonhei e que, afinal, existe na loja, bastou levar uma coisa onde esse azul esteja.
(Só o quarto das meninas se mantém em branco-branco. Mas isso não significa que toda a casa não fique de azul.)
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