07/03/2018

Poetry in motion

Sabes, ou suspeitas, que o fim do mundo poderá estar levemente próximo, quando, em pleno metropolitano de Lisboa, aquela voz off da senhora, que outrora proclamava
Esteja especialmento atento à entrada e à saída do comboio
e, anos volvidos desta saga intraduzível, o corrigiu para especialmente atento,
mas que, actualmente, avisa, no seu melhor Inglês,
Pay special attention when entering or exiting the twain [Mark or Shania, that don´t impress me much?]
no actual momento (que eu tenha dado por isso desde a passada segunda-feira), declama.
Ora, e declama o quê?
O que mais, senão poesia, pois que a declamação só a ela lhe é intrínseca?
Temos o metro da cidade a jorrar Camões e Pessoa aos altifalantes. Aquele susto, quando imaginamos que nos vão anunciar mais uma avaria/ incidente com passageiro/ perturbações na linha (amarela, azul, às riscas).
Quando não ela, um ele.
Ainda hoje, nem de propósito, já dentro do tal comboio, veio A Voz dizer que tínhamos todos que sair uma estação antes, devido a avaria beca-beca-beca. Vá que não estava a chover, e deu para chegar mais ou menos inteira e totalmente seca ao meu destino.
Senhores passageiros, e lá veio o resto do recado. Ora, eu, que sou fóbica dos aviões, procurei logo o raio da máscara de oxigénio, o colete salva-vidas e o para-quedas. Nem sei como é que não me lembrei de me pôr em posição fetal. Afinal, era só para me dizer que tinha que dar à sola mais um quilómetro nesta vida, mal sabe ele que de salto alto. A ver se me bufou aos ouvidos Alma minha gentil, naquele momento. É o bufas.


2 comentários:

  1. Especialmento atento, só poderia ser substituído por "especialmente atente", se é para declamar que se declame em rima.

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    1. Hahahaha! :D
      E para pôr tontas como eu a gargalhar sozinhas na gare! :D

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