Entra-me no carro e avisa-me de chofre:
- Não me dês beijos, que eu tenho outra vez piolhos.
Não sei o que é pior na frase toda. Está toda errada. Não. Não me dês. Não me dês beijos. Eu tenho outra vez. Eu tenho outra vez piolhos.
Entro em transe e meto o piloto automático. Estamos cheios de pressa, tenho que continuar a conduzir. Faço um esforço por não deitar a mão ao cabelo, e agarro-me ao volante como se estivesse a pilotar um Fórmula 1. Revejo mentalmente todos os cuidados a ter. Pego no pano de limpar os vidros e forro o encosto de cabeça dele. Como se os piolhos passassem de uma cabeça para um estofo. Mas eu preciso de prevenir.
Paramos num semáforo e olho para ele. Tão giro. Piolhoso, o FDP. Ah, esse é o único nome que não posso chamar a este cabrãozinho. E estremeço de terror quando vejo passar um insecto gigante na cabeça dele. Estou com paludismo como, genitais, se nunca estive em África? Delirium tremens? Duas cervejas, no máximo, por semana e dá nisto? Mas o bicho é real. Calma, calma, calma. Nunca tive nem tenho medo de bichos, vantagem para mim. Nem baratas, nem ratos, nem cobras, nada me afecta. Sou quase santa. Mas fico histérica na mesma. Quero matar o bicho. Não quero matar. Não quero tirar a vida a nada. Quero bater no bicho, mas não quero magoá-lo a ele. Entretanto, o sinal fica verde e isso piora tudo. A seguir ao semáforo, uma curva com 180 º, e, em plena curva, dou-lhe uma palmada na cabeça, que o magoa e não mata o bicho. O animal salta para o estofo e gritamos muito os dois. Muito.
Então, aparece-nos a polícia. Auto-stop, e nós aos gritos. Manda avançar uns, manda parar outros, a nós calha-nos a bomboka. É por ser eu. Agora ataca-me o delirium persecutionum (detonei, mais genitais!). Estamos os dois quase mortos de pânico, mas mantemos a pose para o polícia. Ele está quase um homem, sabe que não me pode falhar (mais) agora. O agente vê o selo do imposto, manda-nos avançar e é o que fazemos. Percorremos cinco ou seis metros e voltamos a gritar a plenos pulmões.
O bicho não morre de susto, os piolhos não saem com os gritos, nós não acalmamos e eu encosto na berma. Hiperventilamos juntos. Já nenhum de nós morre de enfarte. Seguramente.
Não morreu com os gritos, mas de certeza que ficou surdo. E isso, parecendo que não, é uma vantagem. Consegues apanhá-lo mais facilmente e desprevenido porque ele não te ouvirá chegar!
ResponderEliminarTu és mais doente que eu, tens noção? :D
EliminarVamos lá voltar para a nossa enfermaria.
No meio de África, com um amante no tempo do Ultramar? O que tu não sabes é que o magoaste porque o que tu viste não era um bicho mas sim O bicho! :D
ResponderEliminarOlha, mas ele voou... será que tomou Red Bull?
EliminarUm genital a tomar Red Bull?
(estou rodeada de doentes. A enfermaria dos homens é mesmo ao lado da ala dos perigosos)
Amiga, tu PENSAS que ele voou. Na realidade, ele recolheu, como as trelas dos cães!
Eliminar(O meu vizinho da direita jura que é uma lâmpada! E o da esquerda diz que sem luz que não trabalha...)
Ai mê Deus, ele nunca existiu...
Eliminar(diz-lhe que tem que a atarrachar, e mostra-lhe onde. Há uns que ainda não perceberam)
Com essa conversa do attarachar e, principalmente, com a do mostra-lhe onde, deste-me fome!
EliminarEu sou assim, ao pé de mim ninguém emagrece. E gosto de tudo o que engorda, vantagem para ti ;)
EliminarVou mandar esta senhora à enfermaria, para ela lhes ensinar essa coisa do atarrachar...
Eliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=4X0RwOZv9Ls
Tens que reforçar nos antipsicóticos. Diz-lhes, que isto não nos sai de graça. Eu, pelo menos, pago impostos.
EliminarHá anos que não tenho essa praga cá em casa. Cruzes canhoto, tum tum tum (bati na madeira), não quero cá disso, boa sorte, não sejas meiga, veneno com eles!
ResponderEliminarNão te gabes!
EliminarE Coca-cola ;)