08/10/2014

Eu fiz o amor (de maçã)

Correram-me mal, as putas.

Gosto tanto de maçãs do amor. Não sei se gosto mais pelo sabor ou pelo aspecto. É que nem sequer gosto muito de maçãs, fruto mais vulgar, com tantas variantes, sem época específica, rodeado de mística, descobertas científicas e ditados populares, até me custa a crer que a Eva o tivesse oferecido ao Adão. E, pior, que ele o tivesse aceitado e ainda tenham sido expulsos do paraíso por causa de uma maçã. Olha se fosse comigo. Devolvia-lha. Ainda se fosse um diospiro. Ou uma fatia de melancia. Ou um bom cacho de uvas pretas. Agora uma maçã.

A primeira vez que comi maçãs do amor foi na Eurodisney (eeh, já fui à Eurodisney!) e depois nunca mais, durante largos anos, até que me deram oportunidade de participar na organização de uma festa de uma escola, e então eu fiz finca-pé e amuei enquanto não me prometeram que metiam lá as maçãs do amor, e assim foi. Comi que me regalei. Pelo que percebi, só eu comi, mas caguei (literalmente, mais tarde, e em sede própria).

Há uns anos descobri que também há na Feira da Luz, mas essa feira só dura um mês e eu não consigo abastecer-me da falta que elas me fazem entre Outubro e Agosto.

Então meti mãos à obra. A receita é para 12 maçãs e é cheia de salamaleques: não se mexem os ingredientes, a colher não pode, em circunstância alguma, entrar no tacho; há um ponto óptimo na caramelização, que não pode ser antes, senão fica melado, nem depois, senão azeda; os ingredientes são rigorosamente aqueles, não se pode substituir o corante em pó pelo corante líquido. E etecetra, porra.

Para bem dos meus nervos, fiz 1/3 da receita. Pus 1/3 das quantidades nos ingredientes. Mas fiz tudo bem, só devo ter falhado na questão do tempo que a mistela está ao lume.

Ficaram feias, mas boas, tipo algumas gajas que, depois, mais tarde, se vingam da sorte maldita de só se aproveitarem vistas de costas. Mas comi-as na mesma (neste momento, das quatro, só sobra uma, que é a irmã mais feia*) e matei algumas saudades. Quando apurar a técnica, venho contar como foi (com prova documental junta).

*
imagem que é uma private joke, ou seja, só para uns quantos. Muito à frente.

3 comentários:

  1. Se ficaram boas, esquece a falta de beleza!

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    1. Completamente. Às vezes até acho que as feias mas boas têm mais saída e tudo...

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    2. Também começo a achar isso...

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