12/02/2014

Felizmente, ando a enjoar o sushi. E chinês, vai pelo mesmo caminho não tarda.

Comi tanto sushi no último ano que me estou a fartar de tanta alga, tanto arroz, tanto salmão cru e tanta coisa crua em geral. Apercebi-me desse facto por insistir em ir comer ao japonês que, na verdade, é um chinês que adaptou a cena aos novos ventos e acercar-me do balcão de sushi com uma vontade decrescente e, em vez de me servir como antes, até transbordar, dar meia-volta e ir ao balcão de chinês e servir-me até o prato estar, digamos, compostinho. Adoro a galinha doce, a galinha com amêndoas, todas as galinhas do mundo. Vivam as galinhas, muitos anos e bons, e que depois do próximo dilúvio o criador não se esqueça de as fazer com quatro patas e sem peito, que só duas é pouco e o peito dispensa-se de seco e sensaborão que é. Os chineses em geral estão muito ocupados a colonizar este cantinho da Europa, mas muito pouco preocupados em fazer-se entender. Eu conheço uma única chinesa que fala tão bem português como eu (eu falo bem, desde que não me enervem), o que me leva a concluir que o "jeito" para aprender línguas é inato, sim senhora, mas também parte da vontade de comunicar, fazer-se entender, partilhar, ser aceite. Deparei com uma daquelas pessoas para quem estar na China, em Portugal ou no Samouco será basicamente a mesma coisa, desde que transporte com ela a família nuclear, que serão as únicas pessoas com quem troca algumas palavras ao longo do dia e da vida. Só que com a particularidade de estar a servir num restaurante. Digamos que entrei e ela andava a brincar com o bebé dela, que deve ter 14 ou 15 meses, criança linda, com ar de porcelana, a quem fiz uma festa e disse, como sempre, o que me ia na alma: "Que vontade de o roubar". O miúdo começou a gritar em chinês, mas num choro universal, que dizia "Põe-me a dormir a sesta agora!", só que a mãe não percebeu. Também não percebeu quando eu lhe pedi a conta. O restaurante vazio, uma sala de 70 ou 80 metros quadrados, eu a meio, ela lá ao fundo, tive que a chamar em português-chateado-pré-vernáculo "Psssshhhht! A minha conta?", e ela nada. Vou-me a ela, pergunto se ali não é um sítio onde levem as contas à mesa do cliente e ela faz aquele risinho tão típico dos orientais hi-hi-hi-hi-eu-pelcebo-muito-mal-o-poltuguês [espera. Pára tudo. Mas esta frase é a primeira que todos aprendem, antes de qualquer outra?]. Eu, dos nervos, faço o mesmo risinho, hi-hi-hi-hi-talvez-consiga-perceber-que-eu-não-ponho-cá-mais-os-pés.

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