07/04/2013

Eu tenho problemas com médicos # 3

Um dia fui a um dermatologista porque tinha caroços a nascerem-me nas axilas a um ritmo que só conheço a uma oliveira. Estavam mais que 35º em Lisboa e, quando lá cheguei, por muito lavada e desodorizada que fosse, já me sentia uma pasta de refogado ao qual se juntou farinha. Fui dar com um médico jovem, nem bonito, nem feio, mas cheio de gula, o que, aparentemente, também incluía as minhas axilas. Entrei no gabinete e ele colou os olhos nos meus para não mais descolar. Disse-lhe o que se passava e os olhos dele a penetrarem-me. Mais e mais fundo. Ora, eu também não sou menina de desviar o olhar, menos ainda com um médico que está ali para, apesar de estarem quase 40º lá fora e eu estar suada como um estivador, me ouvir. O homem começa a aproximar-se cada vez mais da minha cara e eu ponderei seriamente a hipótese de ele me querer beijar na boca. Foi quando lhe exibi as axilas, em cheio. Só que isso não o demoveu, pelo contrário. Agarrou-se a elas e observou-as tão de perto que pensei mesmo que mas fosse lamber e chamar-me Tarzan (ou Jane. Ou Chita). Disse-me qualquer coisa onde se incluía a palavra anti-inflamatório, numa altura em que eu já pensava em tudo menos no que ali me levava ("Empurro-o?", "Se ele me ataca, bato-lhe?", "Mas o que é que este infeliz tem, se quem vem do calor sou eu?"), eu ouvi mais ou menos, sempre les yeux-dans-les-yeux - que eu sou valente - e saí, sem correr. Aproveitei mesmo os últimos segundos, antes de sair, para lhe mostrar "o resto": saí a bambolear, o meu rabo a dizer "Parvo, estiveste a perder tempo com um belo par de olhos e umas axilas completamente vulgares".

Sem comentários:

Enviar um comentário