Liga-me um número identificado, uma voz masculina pergunta: “Quem fala?”, ao que respondo o que sempre me pareceu lógico, uma vez que não fui eu que fiz a chamada: “Para onde é que quer falar?”.
- Para a minha irmã.
- Então é engano.
- Como é que a senhora sabe?
- Porque não tenho irmãos.
(Risos.)
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Liga-me um número identificado, não o mesmo da história anterior, uma voz masculina pergunta: “Quem fala?”, ao que respondo o que sempre me pareceu lógico, uma vez que não fui eu que fiz a chamada: “Para onde é que quer falar?”.
- Para a minha papoilinha.
(Desligar; bloquear número, não vá o coiso encornar que eu posso, eventualmente, ser a papoilinha dele. Que pena os telefones fixos não terem esta função quando eu era adolescente. Meses de tortura com um tarado sexual que não desarmava, nem de noite.)
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Peço rede para prender pensos nos dedos ao balcão, preciso de proteger as unhas e as pontas de alguns dedos, de entre os quais o maior de um dos pés. A que tenho em casa é extremamente estreita, só serve para os dedos das mãos e não alarga até à medida do polegarzão.
- Não, só temos da mais estreita, para dedos.
- Ah. E aquilo que temos nos pés, é o quê?
(Depois admiro-me que as pessoas não gostam de mim.)
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A vida continua.