Há um dia na tua vida, em que vais a andar na rua com a tua criança pela mão, e começas a senti-la cada vez mais solta, menos dentro da tua, com menos vontade de se manter ali segura. Esse é o dia em que tens um projecto de adolescente em mãos — não nas mãos.
Depois vem o dia em que, em plena loja, pegas num vestido de que gostas para ti, perguntas Não achas giro?, e recebes como resposta, Sim, mas esse não é o meu tamanho.
E o dia em que lhe compras qualquer coisa para vestir, que não serve, que não vai pôr isso, que nem pensar.
E aquele outro em que compras qualquer coisa para ti (oh, heresia!), e que, de repente, Quem vai usar isso sou eu. [Também existe a versão Isso foi demasiado caro.]
É a mesma pessoa que, por incrível que te pareça, tens agora nos álbuns de fotografias e nas molduras lá de casa, rosadinha, sorridente (só sorri, nalguns casos), e fascinada (por ti).
Depois vem o dia em que, em plena loja, pegas num vestido de que gostas para ti, perguntas Não achas giro?, e recebes como resposta, Sim, mas esse não é o meu tamanho.
E o dia em que lhe compras qualquer coisa para vestir, que não serve, que não vai pôr isso, que nem pensar.
E aquele outro em que compras qualquer coisa para ti (oh, heresia!), e que, de repente, Quem vai usar isso sou eu. [Também existe a versão Isso foi demasiado caro.]
É a mesma pessoa que, por incrível que te pareça, tens agora nos álbuns de fotografias e nas molduras lá de casa, rosadinha, sorridente (só sorri, nalguns casos), e fascinada (por ti).
É também aquela que, quase de um dia para o outro, veste a armadura guerreira, se torna um rebelde sem causa, um guerreiro sem pátria, cheia de ideias próprias, únicas, originalíssimas e irrepetíveis (as mesmas que tu tiveste há coisa de trinta anos atrás).
E aquela que faz com que as tuas idiossincrasias emerjam, enormes (quais Monstros de Loch Ness), exactamente o que são: idiotices peculiares.
E também aquela que todos os dias tem uma maleita nova, desde uma dor a uma suspeita, a um sinal, a um sintoma. Só parece nunca ter as mais evidentes, Tu o que tens é uma amigdalite | Ó mãe, lá estás tu a dramatizar.
E a que quer que lhe resolvas os dramas existenciais — tipo uma borbulha — num passe de mágica, mas rejeita toda e qualquer solução que lhe apresentes, nem que seja a mais lógica: É não espremeres.
É a que te prova todos os dias, pondo-te os nervos à prova, que estás errado. Simplesmente, estás. Não tem qualquer justificação para o facto, apesar da argumentação exaustiva que utiliza, porém parte do pressuposto que tu és velho, ultrapassado, desfasado, e isso faz de ti, de primeira, a última criatura do mundo no tempo de um fósforo.
Falas-lhe de como a temperatura subiu e parece que vai chover, e ela responde-te com as eleições na América, a sustentabilidade ou a pegada ecológica.
Acha inacreditáveis as tuas dificuldades informáticas, mas também não tas sabe/quer/pode resolver.
E tu morres de amores por ela. Davas-lhe um rim, um pulmão, um olho, todo o sangue, a medula que ainda te sobra da verticalidade perdida, o coração inteiro — tudo sem pestanejar.
Se isto não é um amor bandido, então não sei o que será.
E aquela que faz com que as tuas idiossincrasias emerjam, enormes (quais Monstros de Loch Ness), exactamente o que são: idiotices peculiares.
E também aquela que todos os dias tem uma maleita nova, desde uma dor a uma suspeita, a um sinal, a um sintoma. Só parece nunca ter as mais evidentes, Tu o que tens é uma amigdalite | Ó mãe, lá estás tu a dramatizar.
E a que quer que lhe resolvas os dramas existenciais — tipo uma borbulha — num passe de mágica, mas rejeita toda e qualquer solução que lhe apresentes, nem que seja a mais lógica: É não espremeres.
É a que te prova todos os dias, pondo-te os nervos à prova, que estás errado. Simplesmente, estás. Não tem qualquer justificação para o facto, apesar da argumentação exaustiva que utiliza, porém parte do pressuposto que tu és velho, ultrapassado, desfasado, e isso faz de ti, de primeira, a última criatura do mundo no tempo de um fósforo.
Falas-lhe de como a temperatura subiu e parece que vai chover, e ela responde-te com as eleições na América, a sustentabilidade ou a pegada ecológica.
Acha inacreditáveis as tuas dificuldades informáticas, mas também não tas sabe/quer/pode resolver.
E tu morres de amores por ela. Davas-lhe um rim, um pulmão, um olho, todo o sangue, a medula que ainda te sobra da verticalidade perdida, o coração inteiro — tudo sem pestanejar.
Se isto não é um amor bandido, então não sei o que será.
E ao fim do dia, deitas-te na cama e adormeces com o teu melhor sorriso porque tens a certeza que não falhaste em quase nada e que as criaturas estão a crescer cheias de ideias e certezas e que quando a coisa correr mal se vêm aninhar no teu colo e quando correr bem partilharão contigo "olha como me ensinaste a crescer!".
ResponderEliminarIsso mesmo, Be, sem tirar nem pôr. Faltou-me esse remate perfeito.
EliminarAguardo que as quedas não me sejam atribuídas, mas que as glórias sejam comigo partilhadas.
Opá!! Eu acho que a Linda anda a frequentar a minha casa e não me diz nada ;)
ResponderEliminarAndamos mas é todas (as mães de adolescentes) a passar pelas mesmas cenas, Ana Paula :)
Eliminar(Que as nossas mães terão passado connosco...)