É uma árvore que dá uma flor do genital.
Um pouco por toda a minha bela cidade, bastante por todo o meu bairro, muitíssimo ao longo da minha rua —, que, se fosse minha, eu mandava-a enfeitar —, os jacarandás estão em flor, pintando atmosfera (e também as calçadas) de lilás, imprimindo a nostálgica tonalidade da agonia ao ambiente, aquele que é meio.
A flor do jacarandá, frágil e bela, havia de ser estudada para a indústria de colas de contacto.
Uma pessoa humana deixa seu boi sob a anil árvore, e eis que, quando regressa, o que até pode ser escassas horas após, para além de ter o boi transformado numa dançarina taitiana, verifica ainda que as florzinhas roxas estão coladas à chapa, ao vidro, a todo o boi. Para além disso, tem o bicho todo revestido de uma gosma peganhenta que, se não se besuntar imediatamente com óleo, arrisca-se a ficar colada à chapa, assim mesmo, pelo lado de fora. De seguida, e porque a visibilidade desce para 50 %, trata, como eu tratei, de ligar os pára-brisas mais mija-mijas, para que, ao menos, o vidro da frente desembacie, e, vá, possa andar para a frente. Esse é o feliz momento em que a cola do jacarandal faz uma demonstração da sua força, e a pessoa se apercebe de que as borrachas do limpa pára-brisas simplesmente estão agarradas ao vidro, não permitindo, sequer, que o sistema funcione. À terceira tentativa, que é a que o ditado dita que é de vez, as borrachas lá se desprendem, proporcionando-nos uma alegre mistura com a água e o detergente dos esguichos, espalhando uma também feliz papa, em tudo semelhante a ranho (mas do transparente, e caso tivesse ele propriedades adesivas). Vencida, mas não convencida, a pessoa avança, com a vista comprometida, esfregando os olhos, passando o paninho no retrovisor (porque o vidro de trás também está opaco, mas parece mesmo que o que está sujo é o espelhinho de dentro). Passa ainda pelo estranho momento em que abre o vidro, e sente, por parte dele, uma ternurenta hesitação, colado que está à borracha da moldura.
Quando fecha a porta do boi, ouve ploshhc.
E rabisca umas quantas notas mentais:
1. Tem que ir dar banho ao bicho;
2. Tem que evitar deixar o carro sob jacarandais;
3. A Natureza, como qualquer mãe, tem caprichos;
4. A experiência é a madre das coisas;
5. Logo, a experiência e a Natureza são uma única entidade — e isto já é um axioma.
Adoro ver o efeito de uma rua cheia de jacarandás...mas odeio ficar com os pés a colar a chão :))
ResponderEliminarIsso e depois levar a gosma para casa, e o chão ficar negro à nossa passagem. Para além do chloc-chloc. :D
EliminarToda a razão !
ResponderEliminarLindas...mas longe de casa.
Por aqui tudo igual.
Há uns tempos ,no Funchal,até fiquei colado ao chão.
Grande Vitorino !
https://youtu.be/fhLmzyqrLLo
Parece que andámos a passar cola nas solas! :)
Eliminar..." Jacarandal "...
ResponderEliminar:))))
Agora é que vi !
Estive para usar outra terminação, mas a Blue, que tem o lápis azul, não permitiu :)
EliminarNota final:
ResponderEliminarVeio cá, na semana passada,um funcionário da CMC fazer-lhes a poda .
Estive para usar outra inicial,mas o lápis azul ...
Tudo bem podadinho .É o que interessa.
A Blue não ia deixar, a mulher é um frete, grammar nazi.
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