01/06/2014

Fui à Feira

Feira do Livro, hoje com sol. Pus-me lá sem cartões e sem dinheiro, para não cair em tentações. Os livros, mesmo com "desconto" (aquilo é desconto?), estão caros para cornos. Ainda vi passar um ou dois que queria mesmo, mas no money, no funny. Mesmo assim, e por ter umas moedas, dei por mim com o novo Magnum Silver na boca, comemorativo dos 25 anos Magnum. Os meus olhos marejaram-se de lágrimas quando me apercebi que o bom e querido Magnum Mint voltou. Este Verão vai ser passado a prometer a mim mesma que vou perder aqueles cinco quilos e a contar os Magnum Mint que já aspirei. A Feira tem muita comida, quase me fez lembrar a Popular, mas sem o cheiro a sardinhas, a febras e o ruído do twister e da montanha russa. De resto, a começar nas pipocas e a acabar no algodão doce, era ter fechado os olhos e vivia de novo aquelas noites inesquecíveis. A Feira, hoje, tinha centenas de crianças que, levadas ao engano com a desculpa que era o dia delas, gramaram com um passeio interminável, ao sol, entaladas na multidão suada e de sovaco mal cheiroso. A Feira tem também muita gente que não sabe muito bem o que é que lá vai fazer, mas tem esperança de ver ao vivo gente "famosa", como ouvi dizer a uma patega, só porque havia um ajuntamento de pessoas à porta do auditório. Fui assistir à entrega do prémio de literatura do Pingo Doce, que foi uma gigante seca. No entanto, deu-se num contentor com ar condicionado e cadeirinhas para uma pessoa se sentar e eu estava que não aguentava dos meus pés (obrigaram-me a calçar uns saltos quase rasos, isto para mim é a morte). A Zita Seabra fazia parte do júri e fez um discurso de quinze minutos que parecia uma história para adormecer, embora extremamente politizada, com ênfase no 25 de Abril e nos direitos das crianças. Penso que ainda passei pelas brasas. Depois a vencedora do prémio foi discursar e dava imensos erros ortográficos, mas a falar. Parteleiras. As minhajamigas. A coisa maijassustadora. Se calhar também dá erros a escrever. A mim já nada me admira. Outro dia estive a responder a anúncios de emprego e encontrei alguns com erros ortográficos. E depois os empregadores queixam-se que lhes chegam currículos com erros. Se calhar são os mesmos que põem erros nos anúncios. A esses nem respondo. Era uma vida de infernos, trabalhar num sítio onde dessem erros à minha volta. Ando há anos à procura do meu TOC (toda a gente tem um) e acho que encontrei: é este dos erros. As pessoas dão um erro na linguagem verbal e eu já não ouço nada do que dizem a seguir. Bloqueio qualquer forma de comunicação. Apetece-me corrigi-las. É como na escrita. Livros e livros que vão para o mercado carregados de erros. Corrijo os meus, mas não corrijo todos os exemplares, e isso enerva-me. Uma vez estive para devolver o meu exemplar à editora com os erros todos a vermelho. Aquilo era uma vergonha que não se admite. Sou uma chata da porra. Mas é o meu TOC, e é um TOC cultural. Podia dar-me para pior e, em vez deste, ter aquele clássico das molas da roupa, que não serve para nada.

Sem comentários:

Enviar um comentário