29/05/2014

Carolina, os seus olhos tristes guardam tanta dor *

Anda a net toda em polvorosa porque existe uma menina com a vida transformada num inferno, mas um inferno daqueles na Terra, não aquele bom e quente e divertido para onde eu pretendo um dia emigrar quando me fartar disto tudo ou isto tudo achar que eu já chego. Leididi, que deve ser a blogger mais respeitada de toda a esfera (fora eu, mas ninguém me dá trela), postou a coisa mais bonita que eu algum dia li acerca desta doce condição de ser mulher, muito e tudo por causa do que havia postado ontem. A Ursa meteu-se logo em campo e tratou de fazer qualquer coisa, basicamente um arraial para angariar fundos de ajuda à criança. É de uma criança que se trata, eu não me enganei. Aos 15 anos uma mulher é uma criança. Sei que a festa será um sucesso porque a Ursa vai obrigar toda a gente a mexer-se e, ainda que houvesse a hipótese remota de não aparecer ninguém, ela faria a festa, lançaria os foguetes, apanharia as canas e faria uma cabana. Para a "Carolina". Para aquela criança que, vão-se lá perceber os motivos (???) que assistem a algozes da mesma idade, já tem a infância, o início da adolescência e, quem sabe, a vida toda escavacada pela injustiça e pelo desamor dos Homens, tanto com H maiúsculo como com H minúsculo. Mas este post é só mesmo para me lamentar pelo facto de ter lido 75 comentários na caixa da Pólo e, desses, nem talvez sete pessoas irão efectivamente fazer alguma coisa pela "Carolina". Ai, que moro longe. Ai, que não sei fazer caldo verde. Ai, que não conheço ninguém. Ai, que pena que tenho da Carolina. Ai, que gosto tanto de ti, Pólo!

Mais valia estarem caladas. 

Receita do caldo verde (antas):

Batatas (para uma panela grande, 8 ou 10) + caldo verde + alho + azeite + cebola (a ordem é arbitrária) + chouriço (do barato, que é o melhor e não larga sangue nem gordura a mais).

Cozam as batatas com 1 dente de alho, meia cebola, sal e um bocado de chouriço (meio, ou todo, se tiverem a mania das grandezas); quando a batata estiver cozida, tirem o chouriço e passem a varinha mágica (plim!); volta para o lume, esperem que ferva e juntem o caldo verde; cortem o chouriço às rodelas e juntem. São para aí uns 5 minutos a cozer a couve; deitem o azeite e dêem uma fervura. 



2 comentários:

  1. Quando li a notícia fiquei petrificada. Como é possível acontecer uma vez e, ainda mais inacreditável, repetir-se?! Quem são os colegas, quem são os pais desta gente que acha "normal" fazer uma coisa destas?! Foda-se.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O problema deve ser o de sempre, nestas situações: pais demissionários, a viver, também eles, do rendimento de inserção, que não sabem nada do que se passa com os filhos, porque nem querem saber. Também fizeram o mesmo com eles, são só parte de uma cadeia que nunca mais acaba. Chamados à escola, simplesmente não vão. E a escola tem muito pouca margem de manobra para fazer alguma coisa, a não ser a denúncia - que é obrigatória - à Segurança Social. Basta que esta não faça nada para que o ciclo vicioso do abandono se feche.

      Ter filhas, nos dias de hoje, é uma angústia. Coitados destes pais.

      Eliminar