29/11/2018

Expliquem-me isto




Embora pareça, não se trata de várias perspectivas da mesma paisagem. Ou melhor, a paisagem é a mesma, mas apenas porque a cidade está literalmente forrada destes tapetes de folhas, que alguéns — Junta, por delegação da Câmara — não varre, não aspira, não arreda, não nada. De vez em quando, assisto a uns senhores de expirador (uma vez que é uma espécie de aspirador que, em vez de aspirar, sopra as folhas) em punho, empurrando o folhedo para os cantos dos edifícios, e depois ninguém aparece para o varrer. A parte 2 do trabalho fica por conta do vento, que volta a atapetar os passeios. 
Isto seria bonito e romântico e bucólico, não fora ser perigoso, por escorregadio (então com a chuvinha de hoje, está que parece um ringue ou uma pista negra), e por não sabermos o que é que estamos a pisar. Eu, pessoalmente, vou sempre um nico periclitante, quase como o elefante sobre os nenúfares, imaginando que, sob meu calçado, jazem cocós de cão (e sei lá se só de cão), pombos falecidos, várias peças em ouro, ou, quem sabe, um bilhete premiado do Euromilhões. Não é justo. 

2 comentários:

  1. Para te ser franca, estou habituada a esses tapetes e a andar com mil cuidados de setembro a janeiro. Até ja esparregata fiz no meio da rua. Vivo no UK e não ha alma nenhuma que limpe o tapete.

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    1. Para além do que é uma sujidade que não se compreende. E os plátanos pejadinhos de folhas, não tarda nada, não é só um tapete, é um manto que nos tapa por inteiro... :)

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