20/07/2018

Eu tenho problemas com tudo # 33

Isto deu-se na Zara*. Mas podia ter-se dado em qualquer lugar do género, porque foi comigo, e eu atraio situações.
Vamos supor que o ser humano pretendia adquirir uma t-shirt branca. Tipo t-shirt, tipo branca, a coisa mais normal e vulgar que existe em termos de vestuário, ex aequo com o jean. Acerca-se do expositor das ditas, que, no entanto, apenas expõe números daqueles que ninguém usa, S e L e XL, capaz de também o XS. Aborda então uma funcionária, aleatoriamente, e questiona se por acaso há o M.
[Da Zara, honra lhe seja feita, desapareceu o irritante só-há-o-que-está-exposto. (Ou, como diria Jhi, feliz proprietária da loja do xnês, só-tem-o-à-mostla.) Agora sói usar-se um leitor de códigos de barras, que nos dá uma imediata resposta relativamente ao stock lá do bas-fond.]
Vai ela e põe aquela espécie de secador de cabelos na etiqueta da t-shirt (que eu havia tido o cuidado de escolher o L para amostra), diz que "há no armazém", e, antes de sumir para nunca mais voltar, dita: "É esperar aqui uns dez minutinhos", lá ao pé daquele spot que a loja agora tem, espécie de ponto de encontro onde as coisas do armazém vão ter com as pessoas que as solicitaram. Por acaso, achei dez minutos uma eternidade, porque eu sou aquela pessoa que tem sempre um tacho ao lume, mas lá me estaquei um nico, que não há-de ter ultrapassado os setenta segundos, findos os quais me pus a cirandar pela loja e a desgraçar mais a bolsa de valores. Bom, sei que esperei o quê? Talvez uns onze vinte minutos, ao cabo dos que me pus no encalço da desaparecida, para que me explicasse o estranho desaparecimento, por não aparecimento, da t-shirt e, de caminho, dela própria. Nada, nem de uma, nem da outra. Porém, eu estava decidida a sair dali com uma t-shirt branca. Acometida de uma epifania, resolvi pedir esclarecimentos a outra menina que ia ali a passar, ao que ela me respondeu, simplesmente, "A t-shirt está aqui há uns minutos", sacando-a, amachucada, de um dos separadores lá do spot destinado a sapatos, de cima de um par deles. Baixou-me por segundos o Tourette, respondi "Tinha que ter uma bola de cristal para adivinhar que você ia meter uma t-shirt toda enrolada no separador dos sapatos", rodando o calcanhar na direcção da caixa. 
Sim, eu sei que a atitude correcta seria deixar-lhe lá a t-shirt, mas caneco, eu queria mesmo uma t-shirt branca, já disse? E ela, não sendo comissionista, defecaria nas alturas na minha atitude correcta.

* Ninguém me paga para me calar

6 comentários:

  1. Detesto essas lojas, e essas meninas armadas em donas da tasca. Tal como a senhora, também ninguém me paga me calar.

    :)

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    1. Podes crer, noname. Se não são comissionistas, é esta displicência. Se são, parecem lapas, e rasgam-nos uns elogios tão falsos que só apetece fugir. O problema devo ser eu.

      :)

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    2. Então... somos nós :-)

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  2. Enfim... a competência e o brio não abundam...

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    1. Nem se juntam, tão-pouco! É tudo um frete, uma pessoa fica sem saber como lidar com estas contrariadas da vida...

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